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As Aventuras de Daniel e Seus Amigos, 2ª Parte
BAM! BAM! BAM! BAM!
Daniel mexeu-se na cama meio adormecido.
BAM! BAM! BAM! BAM!
— Abram a porta em nome do rei Nabucodonosor!
Daniel bocejou, despertando do seu descanso. Arregalou os olhos quando ouviu as vozes e o barulho das botas dos soldados no andar térreo! E então, pela segunda vez na sua vida, um monte de soldados babilônios invadiram o seu quarto, desta vez chefiados por Arioque, capitão da guarda do rei.
— Você e os seus três amigos hebreus estão presos! O rei ordenou que vocês fossem mortos!
— Mas por quê? O que nós fizemos?
— Vocês fazem parte dos sábios do rei, não fazem? Eu tenho ordens para matar todos os sábios da Babilônia!
— Espere! Por que o rei passou um decreto tão severo assim?
— Porque ele está farto de gente do seu tipo! Ele chamou vocês de um bando de bajuladores, malandros impostores e charlatões!
— Olhe Arioque, meus amigos e eu mal começamos a servir o rei como sábios, e esta manhã nem estávamos na corte! Então, pelo menos me diga o que aconteceu!
— Ora, a noite passada o rei teve um sonho que o perturbou muito, e chamou os seus conselheiros mais antigos para interpretá-lo. O único problema era que ele não conseguia se lembrar do sonho. Ele prometeu que se eles se lembrassem do sonho para ele, e lhe dissessem o que o sonho significava, receberiam presentes, recompensas e grandes honras. Mas se não conseguissem fazer isso, então seriam mortos. Por aí dá para ver como o rei está desesperado para saber o significado do sonho.
Daniel começou a sentir que isso poderia ser uma situação preparada pelo Senhor, então disse pensativamente:
— Ah, entendo. E o que foi que os sábios disseram ao rei?
— Eles insistiram que não existia ninguém na Terra que pudesse fazer o que o rei pediu! Nunca um rei, por mais grande e poderoso que fosse, tinha exigido tal coisa de um sábio, mago ou astrólogo. Eles protestaram dizendo que o que o rei estava pedindo era difícil demais, e que ninguém poderia revelar o sonho ao rei, exceto os deuses, que não moravam entre os homens. Isso deixou o rei tão furioso que ele ordenou que matassem todos os sábios da Babilônia, e eu sinto muito, Beltessazar, mas isso inclui você.
— Espere — disse Daniel de novo, quando os guardas se aproximaram para pegá-lo. — Arioque, por favor permita-me falar com o rei! Eu quero que ele saiba que o Deus que eu sirvo pode me mostrar o sonho dele e dar a interpretação.
— Para que prestam os sábios se eles nem têm sabedoria para me dizerem o que quero saber? — gritou o rei batendo, frustrado, com a sua taça de vinho na mesa. Ele ainda estava furioso quando Daniel foi levado à presença do rei.
— E então, Arioque, já cumpriu sua missão?
— Aa... ainda não, ó Rei. Tem aqui um dos cativos de Judá que disse que pode dizer ao rei o significado do sonho!
— É mesmo? Ele tem a certeza?
— Sim, Ó Rei — disse Daniel. — Conceda-me algum tempo e eu direi o que sua majestade sonhou.
— Tempo, por que haveria eu de lhe dar tempo? Já pedi a todos os sábios, magos e astrólogos, e eles não puderam me ajudar, então como você vai poder?
— Ó majestade, eu mal acabei de ser informado do acontecido.
O rei ficou um pouco mais calmo quando reconheceu que Daniel era um dos rapazes hebreus que o tinham impressionado tanto.
— Está bem então, Beltessazar. Você tem até amanhã a esta mesma hora. Mas nem mais um minuto!
Daniel correu para casa para contar para Sadraque, Mesaque e Abednego sobre o prazo que o rei havia dado.
— Mas Daniel! — exclamou Mesaque. Ninguém no mundo pode fazer o que você prometeu.
— Você tem razão, nenhum homem pode, mas Deus pode! E nós vamos pedir a Ele para nos revelar este mistério. Ele tem que nos revelar, caso contrário amanhã seremos executados junto com todos os outros sábios da Babilônia!
Depois disso, os quatro caíram de joelhos e buscaram a Deus.
Naquela noite foi difícil Daniel adormecer. Ficou revirando de um lado para o outro, tentando não se preocupar pensando se o Senhor iria lhe revelar o sonho e quando. Mesmo depois de adormecer, de vez em quando ele acordava e ficava tentando desesperadamente se lembrar se tinha sonhado algo durante o tempinho que dormira!
Finalmente ele orou:
— Ó Deus, por favor ajude-me a descontrair e confiar que o Senhor sabe o que está fazendo, mesmo que não me revele o sonho do rei!
Assim que Daniel se rendeu à vontade de Deus, fosse ela qual fosse, ele teve uma visão que brilhava no meio da escuridão da noite. Daniel ficou boquiaberto à medida que aquela visão se desenrolava e o seu significado ficou claro.
Quando a visão se desvaneceu, Daniel gritou de alegria e louvou o Senhor pela Sua infinita fidelidade.
— Eu te agradeço, Ó Deus de meus pais, porque nos fizeste saber o sonho do rei.”4
— Então, o que foi? — perguntou Nabucodonosor na manhã seguinte, quando Daniel apareceu na presença do rei. — Não se esqueça que você precisa me dizer o sonho e a interpretação.
— Na Terra não existe nenhum sábio, mago, adivinho ou astrólogo que possa explicar tal mistério à sua majestade! Mas há um Deus no céu que revela os mistérios, e Ele me revelou este mistério, não porque sou mais sábio do que qualquer outro homem, mas para que sua majestade possa entender o que significa o sonho e as coisas que vão acontecer no futuro.
O rei Nabucodonosor se endireitou no trono, cheio de interesse. A autoridade, confiança e tranquilidade com que Daniel falava o assombravam. Olhou para o seu escriba e disse:
— Não perca uma única palavra do que ele disser!
E depois pediu que Daniel prosseguisse.
— Ó rei, sua majestade olhou, e perante ti havia uma estátua enorme e deslumbrante! A cabeça da estátua era feita de ouro puro, o seu peito e braços eram de prata, seu ventre e coxas eram de bronze, as pernas eram de ferro, e os pés eram em parte de ferro e em parte de barro.
— É me... mesmo, — gaguejou Nabucodonosor, com os olhos esbugalhados. — Sim, eu lembro, foi exatamente isso! Mas aí aconteceu algo...
— Enquanto sua majestade olhava — uma pedra foi cortada de uma montanha, mas não por mãos humanas. Ela atingiu a estátua nos pés de ferro e barro, e os esmagou. Nessa mesma hora a estátua inteira se despedaçou e ficou que nem palha em eira no verão! O vento levou embora a palha e não ficou nada. Mas a Rocha que atingiu a estátua se tornou uma grande montanha e encheu a Terra inteira.
Nabucodonosor estava ali sentado mudo enquanto Daniel continuava.
— Foi esse o sonho, e agora esta é a interpretação que Deus me deu para sua majestade!
—Tu, ó rei, és o rei de todos os reis! E o Deus dos Céus te deu grande poder, força e glória! Ele te fez governante de toda a humanidade, bem como dos animais dos campos e das aves do céu. Onde quer que eles vivam, Deus te constituiu por rei de todos! Tu és a cabeça de ouro!
— Excelente! Excelente! — exclamou o rei. — Continue por favor!
— Depois de ti se levantará outro reino, que é representado pelo peito e os braços de prata, porém, claro, não será um reino tão grandioso como o teu! A seguir, um terceiro reino, de bronze, governará sobre toda a Terra! E finalmente, haverá um quarto reino, forte como o ferro! E assim como o ferro quebra e despedaça tudo, este reino também esmagará e quebrará todos os outros.
— E os pés, e os dedos dos pés? — perguntou o rei com grande expectativa. — E a rocha?!
— Assim como viste que os pés e os dedos dos pés eram em parte de barro e em parte de ferro, também este reino final será um reino dividido. Vai ser em parte forte e em parte fraco. Assim como o barro não se mistura com o ferro, também o povo deste reino não permanecerá unido. E nos dias desses reis o Deus dos Céus estabelecerá um Reino que nunca será destruído! E o Reino não será deixado para outros, mas despedaçará e consumirá todos esses reinos, e será para sempre.
— É isso o que significa a visão da Rocha cortada da Montanha, mas não por mãos humanas, a Rocha que despedaçou o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro.
O rei ficou pensativo enquanto Daniel concluía:
— Deus revelou a sua majestade o que vai acontecer no futuro.
Enquanto o rei Nabucodonosor ponderava sobre tudo o que tinha ouvido, Arioque, que sabia muito bem como o rei era imprevisível, ficou com o coração na mão. Por fim, o rei se levantou lentamente do trono e desceu até onde Daniel estava em pé. Aí aconteceu algo inacreditável que deixou os presentes na corte completamente pasmados. O grande e poderoso rei Nabucodonosor, rei da Babilônia e do mundo inteiro, ajoelhou-se lentamente perante Daniel, e depois prostrou-se diante dele.
— O seu Deus é sem sombra de dúvida o Deus dos deuses, o Senhor dos reis, e um revelador de mistérios — reconheceu o grande monarca. — Porque você conseguiu revelar este segredo.
Então o rei Nabucodonosor anunciou:
— Tu, ó Beltessazar, serás o governador da província inteira da Babilônia e sobre todos os sábios cujas vidas tu hoje salvaste.
A gratidão dos sábios por Daniel tê-los salvado da ira do rei não durou muito tempo. Em breve se transformou em inveja e ressentimento, principalmente quando ficaram sabendo que, a pedido de Daniel, o rei também promovera Sadraque, Mesaque e Abednego a posições importantes no governo.
— É quase inacreditável que o rei tenha posto esse rapaz estrangeiro acima de nós! — murmurou um dos magos mais velhos. — Temos que livrar-nos dele.
— Falar é fácil, o difícil é fazer, ele tem poder demais! — resmungou um astrólogo.
— Mas — sussurrou outro, olhando rapidamente para um lado e para outro para certificar-se de que não havia ninguém por perto que pudesse ouvir a conspiração, — se conseguirmos colocar o rei contra os amigos de Daniel, talvez consigamos fazer Daniel também perder o seu cargo.
E a chance deles em breve chegaria.
Um belo dia, o rei Nabucodonosor entrou na sala real do trono todo entusiasmado com uma nova ideia!
— Vou mandar fazer uma estátua gigantesca! — anunciou ele. — Parecida com aquela que vi no meu sonho, só que esta será toda de ouro. Quero que tenha 27 metros de altura e 3 de largura, e que seja colocada na planície de Dura para que todos a vejam!
— E para que servirá essa grande estátua, majestade? — inquiriu Daniel que estava presente.
— Para ser adorada, claro!
— Mas já não existem deuses suficientes na Babilônia?
— Deuses suficientes? Nunca teremos deuses suficientes! Quantos mais deuses tivermos para nos abençoarem, melhor. Por favor, chamem os meus melhores artífices. Quero que eles comecem a trabalhar nisso imediatamente.
Daniel suspirou. Embora o rei tivesse admitido a existência do verdadeiro Deus, por causa do seu orgulho, agora queria construir aquela imagem dele para ser adorada.
E foi assim que, por ordem do rei Nabucodonosor, em breve uma grande estátua de ouro foi erigida na planície de Dura, situada na província da Babilônia. Quando ficou pronta, o rei convidou príncipes, capitães, juízes, tesoureiros, conselheiros, oficiais e todos os governadores das províncias para a grande cerimônia de abertura e consagração da estátua. Entre eles encontravam-se Sadraque, Mesaque e Abednego, mas não Daniel, que não pôde comparecer pois o rei o enviara a tratar de outros assuntos nesse dia.
Quando a multidão se reuniu na frente da grande imagem, o arauto do rei deu um passo à frente e proclamou:
— Este é o decreto do rei: ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as línguas que, quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda a sorte de música, vos prostreis e adoreis a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor construiu.
Sadraque, Mesaque e Abednego olharam uns para os outros preocupados, mas o pior ainda estava por vir.
O arauto continuou:
E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro do forno de fogo ardente!
— O que vamos fazer? — sussurrou Mesaque. Não podemos nos prostrar e adorar aquela abominação.
— Poderíamos ir embora quietinhos e esperar que ninguém repare — sugeriu Sadraque.
— Não tem chance! — respondeu Abednego. — Olhem. Os músicos estão pegando os seus instrumentos.
— Ó meu Deus — implorou Mesaque — sabemos que Você ficará do nosso lado, Senhor, nesta postura que tomaremos para Você. Por favor use esta situação para Sua glória.
De repente, o som estrondoso de buzinas, pífaros, harpas, sambucas, saltérios, gaitas de foles e outros instrumentos musicais, foi ouvido por toda a planície arenosa de Dura. Não querendo servir de combustível para o forno do rei, milhares de pessoas se jogaram no chão rastejando diante da grande imagem de ouro. Ou seja, todos exceto Mesaque, Abednego e Sadraque, que permaneceram de pé.
Quando as últimas notas de música terminaram, a imensa multidão de idólatras se levantou.
— Glória a Deus! — sussurrou Sadraque — como todo mundo estava de cara no chão, acho que ninguém reparou que nós ficamos em pé.
Porém, estavam enganados.
— Nós os pegamos! — disse um dos magos com uma gargalhada, enquanto os conselheiros invejosos se apressaram ansiosos em voltar ao palácio, a fim de contarem ao rei o que tinham visto.
— Nós mesmos não poderíamos ter planejado uma armadilha melhor — disse outro. — O rei vai ficar furioso quando souber que esses hebreus só adoram o deus deles.
— Mal posso esperar para denunciá-los para o rei — disse outro. — Eles estão liquidados.
Quando Sadraque, Mesaque e Abednego chegaram à cidade, havia guardas armados à espera deles no portão.
— O rei está furioso — avisou Arioque, enquanto os conduzia ao palácio. — Vocês vão ter que dar alguma explicação rápido para saírem desta vivos. E infelizmente, o seu amigo Daniel não está aqui para ajudá-los.
— Olha, vai ser preciso um milagre — respondeu Mesaque, admirado por sentir tanta coragem. — Mas o nosso Deus é um Deus de milagres, como você já constatou, Arioque.
— Verdade — disse Sadraque. Eu acredito que Deus permitiu que fôssemos trazidos para a Babilônia para tal tempo como este.
-- Ainda que seja a Vontade d`Ele que morramos pela nossa fé — disse Abednego -- será um testemunho de fé e dedicação a Deus. Quer vivamos quer morramos, Deus será glorificado.
Agora que Sadraque, Mesaque e Abednego estavam numa situação em que era muito possível que fossem martirizados pela sua fé, perceberam que não sentiam medo de morrer pela sua fé. Mas eles tinham um pressentimento de que o Senhor tinha outra coisa em mente, que queria fazer algo especial com eles nesse dia. Todos eles sentiam a presença do Senhor bem ali com eles. Eles até sentiam como se um quarto prisioneiro estivesse sendo levado com eles.
À medida que se aproximavam do palácio e do confronto com o rei, a fé deles aumentava cada vez mais, e seus rostos brilhavam mais e refletiam mais ousadia. Quando entraram na sala de julgamento do rei, sentiam como se não houvesse na Terra poder que conseguisse detê-los. O rei Nabucodonosor ainda estava fervendo de raiva quando Sadraque, Mesaque e Abednego foram conduzidos à sua presença.
— Sadraque, Mesaque e Abednego é verdade que apesar de todos os privilégios que lhes concedi, vocês recusaram servir os nossos deuses, e se prostrar diante da minha estátua de ouro para adorá-la?
— É sim, majestade! — falou um dos sábios invejosos. — Nós os vimos em pé com os nossos próprios olhos, mesmo depois de ouvirem as suas ordens de que qualquer um que não se prostrasse para adorar a imagem seria lançado no forno de fogo ardente!
O rei ficou remoendo o pensamento, tentando controlar sua ira. Lembrou-se de como havia ficado impressionado com os jovens hebreus quando os conheceu. Eles eram espertos, inteligentes e dos rapazes mais talentosos que já tinha visto. Ele precisava de líderes assim na Babilônia.
— Escutem aqui — disse ele — eu demonstrei respeito pelo seu Deus; por que vocês não podem demonstrar um pouco de respeito pelos nossos? Depois de tudo que fiz por vocês, não podem fazer isto por mim? Onde está a sua gratidão? Se da próxima vez que ouvirem o som dos instrumentos musicais vocês se prostrarem e adorarem a estátua que eu fiz, então tudo bem! Mas se continuarem recusando adorar a minha estátua, então irão mesmo para o forno! E me digam: qual é o Deus que poderá livrar vocês disso?
Com o poder de Deus brilhando nos seus olhos, Mesaque deu um passo à frente e respondeu:
— Ó Nabucodonosor, nós só adoramos o único Deus verdadeiro. Mesmo que sejamos jogados nas labaredas do forno, o Deus que nós servimos pode nos livrar dele e da tua mão, ó rei.
— É verdade! — concordaram Sadraque e Abednego. — E se não, fica sabendo, ó rei, que ainda que Ele não nos livre, nós não podemos servir os teus deuses nem adorar a estátua de ouro que tu levantaste.
Arioque estremeceu e recuou. Nunca ninguém havia enfrentado e desafiado o rei daquele jeito. O rei ficou em estado de choque por alguns momentos, e o seu rosto passou rapidamente de vermelho a rubro e de rubro a roxo, antes de explodir e berrar:
— Atem-nos com cordas! Chamem os homens mais fortes do meu exército. Aqueçam o forno sete vezes mais, como nunca antes e joguem estes homens lá dentro imediatamente! E quero que façam isso agora, ouviram bem? AGORA!
Abednego deu um grito de dor ao cair com um baque no chão do forno de tijolo, e de novo quando Sadraque caiu em cima dele, seguido imediatamente de Mesaque! Gritos e berros podiam ser ouvidos acima do barulho ensurdecedor do inferno chamejante em que haviam sido jogados. O fogo estava tão quente e as chamas tão violentas, que quando os soldados conseguiram se aproximar o suficiente da abertura do forno para jogá-los lá dentro, eles próprios pegaram fogo! Foi então que os três perceberam...
— Ei, nós estamos dentro do forno, mas não estamos queimando! — gritou Sadraque para poder ser ouvido sobre o ruído das chamas.
— É inacreditável! — gritou Mesaque. Nós estamos no meio de um fogo incandescente, mas não sentimos as chamas.
— E ... as cordas. As cordas caíram! — exclamou Abednego. É um milagre! Glória a Deus!
— Meus filhos queridos e fiéis! — disse uma voz suave no meio das chamas, e então perceberam que tinha uma quarta pessoa com eles, uma pessoa tão pura, tão encantadora, tão poderosa, tão radiante e tão cheia de amor, paz e ternura, que eles sabiam quem era...
Nabucodonosor chamou-os freneticamente para saírem do fogo, e depois declarou:
— Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego que enviou o Seu Anjo e livrou os Seus servos! Eles confiaram n`Ele e estiveram dispostos a morrer em vez de servirem ou adorarem outro deus que não fosse o seu Deus. Por isso decreto que o povo de qualquer nação ou língua que disser alguma coisa contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego seja destruído e suas casas feitas um monturo, pois não há outro deus que possa salvar como este!
Mais Sobre Daniel
Para saber mais sobre Daniel, você pode ler o livro da Bíblia com o nome dele, onde ele registrou outros acontecimentos importantes que ocorreram durante a sua vida. Ele não só serviu o rei Nabucodonosor, mas também estava vivo durante o curto reinado do seu neto Belsazar. E depois que a Babilônia foi conquistada pelos Medos e os Persas, ele serviu a Siro, rei da Medo-Pérsia.
No capítulo seis de Daniel, encontrarão a história da proteção milagrosa de Daniel quando o rei da Medo-Pérsia o mandou jogar na cova dos leões, por desafiar uma ordem para não orar a outro deus a não ser ele por trinta dias. Nos capítulos sete e oito, também se encontram registrados mais dois sonhos de Daniel sobre impérios mundiais futuros.
No capítulo dez de Daniel está registrada uma batalha intensa travada no domínio espiritual, quando Miguel é enviado para lutar contra um demônio que tentou impedir que uma importante mensagem profética fosse entregue a Daniel.
Referência:
4 Daniel 2:23, parafraseado
Adaptado dos escritos de AFI. Ilustrado por Jeremy. Design de Roy Evans.Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2023 por A Família Internacional
As Aventuras de Daniel e Seus Amigos, 1ª Parte
Como Deus cuida, protege, guia, orienta e ajuda milagrosamente em circunstâncias difíceis! Baseado nas aventuras verídicas dos filhos de Deus, durante o Império Babilônico, como registrado em Daniel 1–3.
605 a.C., Babilônia
BAM! BAM! BAM!
O jovem Daniel se mexeu na cama sonolento.
BAM! BAM! BAM! BAM!
Daniel bocejou e abriu um olho.
Quem estará batendo à porta a esta hora da manhã?, pensou Daniel.
BAM! BAM! BAM! BAM! BAM!
— Abram a porta ou vamos arrombá-la!
Agora Daniel estava bem acordado e seu coração batia forte.
Babilônios! O que será que eles querem de nós?
Dava para ouvir os ferrolhos da grande porta da frente lá em baixo sendo abertos, depois mais vozes, e a seguir o barulho dos passos pesados dos soldados, primeiro na sala de entrada, depois nas escadas, e por fim logo à porta do seu quarto!
Daniel só teve tempo de orar: “Querido Deus, por favor nos proteja!” antes da porta ser arrombada com um chute e um soldado babilônio olhar lá para dentro.
— Aqui está ele! — gritou o soldado.
Mais três soldados entraram rapidamente no quarto, seguidos por um sargento robusto, que ordenou a Daniel que saísse da cama.
Obviamente não adiantava nada resistir, então Daniel saiu da cama e ficou de pé diante dos soldados babilônicos que olhavam para ele.
Eu devia estar com medo, mas não estou. O Deus a quem eu amo deve estar me ajudando, então por que haveria de ter medo?
— Perdão, senhor, mas o que desejam? Nós não fizemos nada errado. Por que motivo invadiram nossa casa antes da madrugada.
— Cumprimos ordens do grande Rei Nabucodonosor II, rei da Babilônia e do mundo inteiro!
— Ele só vai governar enquanto o Deus de Israel permitir! — disse Daniel sorrindo.
Ao ouvir isso, um soldado levantou a mão para bater em Daniel, mas o sargento o deteve.
— Não faça isso! Eu gosto deste rapazinho. Ele é corajoso. É exatamente o tipo de pessoa que estamos procurando! Levem-no!
— Vão levá-lo? — disse a mãe de Daniel, que tinha conseguido forçar caminho até o quarto. — Por favor, não façam isso! Ele ainda é uma criança!
— Eu cumpro ordens! Você tem cinco minutos para ajudar o menino a se aprontar. Certifique-se de que ele leva umas boas sandálias, porque é uma longa caminhada até à Babilônia, bem mais de 1.000 Km.
Daniel foi empurrado para fora da casa, e enquanto o faziam caminhar pelas ruas de Jerusalém, as palavras de despedida de sua mãe ainda ecoavam nos seus ouvidos.
— Meu filho! O Senhor nosso Deus sempre estará com você! Guarde os Seus mandamentos e caminhos que lhe ensinamos. Ore sempre, meu filho. Lembre-se de orar.
Logo eles chegaram a uma praça num ponto central, onde o exército babilônio estava reunido, aprontando-se para a longa marcha de volta à Babilônia. Daniel foi levado para junto dos outros hebreus capturados.
— Cuidem bem deste aqui! — disse o sargento enquanto entregava Daniel ao capitão dos guardas da prisão. Ele é filho de um nobre!
De repente, Daniel ouviu vozes conhecidas chamando o seu nome:
— Daniel! Daniel! Aqui!
— Hananias! ... Misael! ... Azarias! Eles pegaram vocês também!
— Pergunte se podemos viajar juntos.
— Podemos viajar juntos? — perguntou Daniel ao capitão. É que nós quatro somos velhos amigos, entende!
O homenzarrão protelou um pouco, mas não resistiu ao sorriso cativante de Daniel.
— Ummm ... Tudo bem, não vejo nada de mal nisso. Mas se eu pegar vocês se comportando mal, vou descer o cacete, estão entendendo?!
O capitão dos guardas da prisão não precisava ter se preocupado, pois durante a jornada as crianças hebraicas se comportaram muito melhor do que qualquer outra criança que eles já tinham visto. Na verdade, mais pareciam rapazinhos mais velhos e responsáveis, apesar das dificuldades da longa caminhada. Eles mantiveram-se positivos e alegres, e foram uma grande ajuda e encorajamento para os outros prisioneiros!
— Quem me dera que os fedelhos mimados que temos na Babilônia se comportassem um mínimo que fosse como vocês! — disse o capitão brincando, uma noite em que estavam acampados, já quase no final da sua jornada.
— Eles se comportariam assim se adorassem o mesmo Deus que nós! — disse Daniel sorrindo.
— Se eu fosse vocês, tomaria cuidado com essa conversa sobre o seu Deus — disse o capitão, baixando a voz. Nós também somos um povo bem religioso. Na Babilônia nós adoramos muitos grandes deuses! Mas o seu Deus hebraico não é um deles! Então, se querem evitar problemas e conservar suas jovens cabeças no pescoço, melhor esquecerem o seu Deus! Além disso, Ele não nos impediu de pegar os tesouros do Templo em Jerusalém, impediu? Nem de pegar vocês como escravos!
E depois disso o capitão desapareceu na escuridão para ir checar outros prisioneiros.
Por um momento, as quatro crianças hebraicas ficaram ali, olhando em silêncio a fogueira do acampamento. Depois Misael resmungou:
— Por que é que Deus permitiu que isto nos acontecesse!
— Eu não sei por quê — respondeu Daniel. Mas, sabe o que eu estava pensando? Como vocês acham que José se sentiu quando foi levado como escravo para o Egito? E como se terá sentido Jocabede quando seu bebê, Moisés, teve que deixar sua família para ir morar no palácio do faraó? Puxa, deve ter sido muito difícil para eles! Eles tiveram que ter fé de que Deus não os tinha desamparado! Mas agora, quando pensamos em Moisés e José, qual é a coisa principal em que pensamos? Pensamos em como Deus os usou! Apesar das grandes provas e batalhas, valeu a pena, porque Deus fez muitas coisas grandiosas através deles!
— É verdade! — disse Misael. Apesar de agora não conseguirmos ver isso, talvez o Senhor tenha alguma grande missão para nós!
— Eu acredito nisso! — disse Azarias sorrindo.
— Eu também! — respondeu Hananias.
— Apesar do caminho parecer escuro no momento — orou Daniel — acreditamos que Você está bem aqui do nosso lado e vai nos guiar a cada passo. Como Você inspirou o rei David a escrever há 400 anos: "Quando meu pai e minha mãe não puderem estar comigo, então o Senhor cuidará de mim”1. Ó Senhor, nós somos Seus filhos, e sabemos que Você estará conosco, e que Você está sempre pronto para nos ajudar nos momento difíceis.2 Proteja-nos do povo da Babilônia, da influência das suas falsas religiões e costumes! Ajude-nos a permanecer fiéis aos Seus caminhos não importa quanto tenhamos que sofrer por causa disso. Ajude-nos a ser como lâmpadas resplandecentes na escuridão deste país estrangeiro.
Aí então os quatro meninos cantaram juntos o Salmo 23, e alguns dos outros cativos os acompanharam. Depois disso, eles sentiram-se fortalecidos e consolados no espírito, e aconchegaram-se ao lado da fogueira ainda acesa e caíram no sono.
Ali estava ela! A Babilônia! Ao ver pela primeira vez aquela cidade imensa, o jovem Daniel quase perdeu o fôlego. As enormes muralhas duplas da cidade faziam tudo mais à sua volta parecer minúsculo. Daniel ficou pasmado com o tamanho e a magnificência dos prédios e dos templos gigantescos, muitos dos quais ainda estavam em fase de construção. Os muros eram decorados aqui e ali com tijolos de cores diferentes, e também com cabeças de dragões, leões e touros. O topo da muralha era tão largo que dava para carros com parelhas de cavalos apostarem corridas lá no alto.
— Como podem ver — gabou-se um dos guardas babilônios — o nosso grande rei Nabucodonosor tem ideias que não acabam mais para novos projetos de construção. Por exemplo, aquele grande templo dourado que vocês estão vendo ali adiante, está sendo construído em honra a Marduque, o grande deus que fundou a nossa cidade. E logo ali, a noroeste do Palácio Real, encontram-se os Jardins Suspensos. O rei estava preocupado porque uma de suas esposas estrangeiras estava ficando com saudade do seu país natal, então ele está construindo isso para ela, é uma surpresa. Milhares de escravos têm trabalhado nessa construção. Como podem ver, trabalho para vocês é o que não falta aqui na Babilônia!
Daniel e os seus três amigos tiveram muita dó ao verem equipes imensas de escravos estrangeiros trabalhando sob o sol escaldante. Do mesmo jeito que eles, esses escravos tinham sido capturados durante as várias conquistas dos babilônios, e sido levados para a Babilônia para ajudarem a fazer daquele lugar a cidade mais magnificente construída por mãos humanas.
Depois de andarem mais uns quilômetros, chegaram a uma casa de detenção. Os prisioneiros iam ficar ali enquanto esperavam para serem distribuídos para diversos trabalhos.
— O que vocês acham que eles vão fazer conosco? — perguntou Azarias, imaginando se teria forças para carregar pedras imensas até o alto dos Jardins Suspensos.
— Eu não sei,— respondeu Daniel. Mas uma coisa sei, Deus está conosco e temos...
— Ei, vocês quatro aí, me sigam! — ordenou o capitão da guarda de repente.
— Aonde você está nos levando? — perguntou Daniel.
— Já vão ver!
Parecia que eles estavam a caminho do local da construção dos Jardins Suspensos, mas depois, para seu alívio e surpresa, entraram numa linda avenida com arcos que levava diretamente ao palácio do rei.
— Pelo jeito o seu Deus está mesmo com vocês, — disse o capitão, e os deixou no portão principal.
Os rapazes então foram acompanhados pelos guardas do palácio até um dos outros prédios do complexo. Ali foram levados diante de um oficial babilônio ricamente vestido com roupas finíssimas.
— Saudações! — disse ele com uma voz aguda. — Eu me chamo Aspenaz, e sou o mestre dos eunucos do rei! O rei Nabucodonosor decretou que todos os cativos dentre os filhos de Israel que sejam de descendência nobre, tenham a oportunidade de passar por um treinamento para um possível posto na corte do rei! Contudo, só os mais inteligentes e mais fortes conseguem passar nos nossos exames! Por favor, sentem-se a esta mesa, pois os exames vão começar imediatamente.
— Olha, queridos amigos — sussurrou Daniel — só podemos fazer o melhor que pudermos, e Deus terá que fazer o resto.
Os exames foram extenuantes e demoraram vários dias. Eles não só fizeram exames para uma avaliação escolar, mas também para uma avaliação física e mental. Algumas das perguntas eram fáceis, outras mais difíceis. Mas, à medida que pediam a Deus para lhes dar as respostas corretas, sentiam a Sua sabedoria guiá-los.
Depois que terminaram tudo, ficaram esperando nervosamente até Aspenaz anunciar os resultados.
— Ora, rapazes, devo admitir que as pessoas responsáveis pela sua criação fizeram um ótimo trabalho. Todos tiraram notas ótimas!
— Glória a Deus! — disseram Daniel e os seus amigos.
— Só que — prosseguiu Aspenaz — estes exames são apenas o começo. Agora vocês vão ter três anos de treinamento especial. Durante esse período vão aprender a língua e a literatura da Babilônia, e serão ensinados pelos nossos sábios. Logicamente, também serão instruídos na nossa religião. Depois disso, o próprio rei escolherá os que ele considerar mais bem qualificados para viver na sua corte.
Então Aspenaz mostrou-lhes um dormitório bem confortável onde eles iriam dormir junto com alguns rapazes babilônios que também estavam lá para o programa de treinamento. Ele também os apresentou a Melzar, um oficial da corte, que ficaria diretamente responsável por cuidar deles daí em diante.
— Ah, mais uma coisinha — anunciou Aspenaz antes de se retirar. Para ajudá-los a se sentir mais "em casa" na Babilônia, demos a cada um de vocês um nome babilônio! Hananias, você será chamado Sadraque, Misael será chamado Mesaque e Azarias será chamado Abednego, e você, Daniel, será chamado Beltessazar.
A partir de agora, nos referiremos aos quatro garotos pelos nomes que conhecemos melhor: Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego. Contudo, vocês vão notar que às vezes os babilônios chamavam Daniel de Beltessazar.
Naquela noite, Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego se reuniram num canto do dormitório e cantaram Salmos, e apesar de alguns rapazes babilônios ficarem rindo deles, eles louvaram a Deus por já estar trabalhando a favor deles!
Antes de dormir, Daniel se ajoelhou na frente da janela aberta para orar. Lá no alto, acima das silhuetas dos estranhos templos pagãos, a lua brilhava serena, a mesma lua que ele adorava ficar olhando quando se ajoelhava na frente da janela do seu quarto em Jerusalém.
Ele pensou em seus pais e como sentia saudade deles. Orou para que eles não se preocupassem e para que o Senhor o ajudasse a não pensar demais nos seus pais, mas a confiar que o Senhor iria consolá-los pelo fato de o terem tirado deles.
Se eles ao menos soubessem todas as coisas maravilhosas que Deus está fazendo por nós, pensou ele.
Ele se lembrava muitas vezes das palavras de despedida de sua mãe: “Meu filho! O Senhor nosso Deus sempre estará com você!” E como isso foi realidade! Apesar de agora ele se encontrar num país estranho e pagão, bem longe de sua casa, ele sentia o Senhor tão perto dele como sempre sentira.
— Oh Deus, — orou Daniel — obrigado por ter nos ajudado até aqui! Por favor, ajude-nos a passar por estas provas que teremos que fazer e a manter-nos fiéis a Você.
Na manhã seguinte, quando Daniel e os seus três amigos entraram na sala de jantar, diante deles estava uma mesa servida com alimentos caros e todo tipo de doces e iguarias. Eles nunca tinham visto tanta comida numa mesa para uma refeição e aquilo era só o café da manhã!
— Comam o que quiserem! — disse Melzar, indicando com a mão a mesa enorme. Cortesia do rei! Ele ordenou que a partir de agora todos vocês comam da mesa dele!
Os outros jovens participantes do programa de treinamento correram para os seus lugares e começaram a comer avidamente. A princípio, estavam tão ocupados se empanturrando com toda aquela comida que nem repararam que os quatro rapazes hebreus estavam sentados em seus lugares, com a cabeça baixa.
— O que vocês acham? — perguntou Daniel quando terminaram de orar para que o Senhor os orientasse nessa situação.
— Eu estou com fome, e a comida parece tentadora, e principalmente aqueles doces ali são muito tentadores, — suspirou Mesaque — mas se comermos estas comidas dos babilônios vamos quebrar os mandamentos que Deus nos deu através de Moisés.
— Eu concordo — respondeu Sadraque. — Se comermos tudo que os babilônios comem e fizermos tudo o que os babilônios fazem, não demorará muito para nos transformarmos em babilônios! Nós nos comprometemos a obedecer às leis do nosso Deus, então devemos obedecê-las custe o que custar!
— É verdade — concordou Abednego. Se formos leais a Deus, Ele com certeza será leal a nós!
Nesse exato momento Melzar aproximou-se para ver o que estava acontecendo, pois reparou que eles não estavam comendo.
— Tem algum problema? Vocês não estão com fome? Comam antes que os melhores pratos desapareçam! Olhem aqui... por que não experimentam estas ostras cozidas com sangue de porco? São uma delícia! Foram santificadas esta manhã mesmo pelo nosso grande deus Marduque...
— Com licença, gostaríamos de falar com o senhor em particular...
Melzar concordou e Daniel, Sadraque e Melzar foram até o outro lado da sala de jantar.
— O quê??? — disse Melzar, depois que Daniel lhe explicou o que pretendiam. — Nunca ninguém ousou sequer sonhar fazer uma coisa dessas! Venham comigo, Daniel! Vou levar você até Aspenaz.
Aspenaz gostava muito de Daniel. Já havia vários anos que estava encarregado do treinamento de muitos jovens, mas nunca nenhum deles havia se comportado tão bem como Daniel e seus três amigos hebreus!
Só mais um pouquinho de treinamento, e vão virar uns excelentes babilônios, pensava ele, no exato momento em que Melzar entrou com Daniel e seus três amigos hebreus.
— Ah! Beltessazar — disse — estava pensando em você agora mesmo! Diga-me: Está entusiasmado com o curso que vai fazer? Você e seus amigos têm tudo o que precisam?
— Sim senhor, sem dúvida! Queremos agradecer-lhe por ser tão gentil conosco! O senhor nos deu o melhor de tudo; e agora até comida da mesa do rei! Contudo, as nossas leis hebraicas nos proíbem de comer comidas como essas. Por isso ... espero que não se ofenda por lhe pedir que simplesmente nos sirva comida normal e água!
Aspenaz não disse nada por um momento. Não podia deixar de admirar a convicção do jovem hebreu. Se a religião de Daniel tinha algo a ver com o fato dele ter se tornado um ótimo rapaz, então essa religião devia ter algo bom, ainda que para um babilônio algumas de suas regras parecessem loucura.
— Beltessazar — explicou Aspenaz depois de algum tempo — eu gostaria muito de conceder-lhe o seu pedido, se estivesse ao meu alcance. Mas o que acontecerá quando o rei Nabucodonosor vir que vocês quatro não estão tão fortes e saudáveis como o resto dos estudantes, e descobrir que eu desobedeci à sua ordem real? Ele mandaria cortar a minha cabeça! E você não vai querer que isso aconteça, vai? Por isso tenho certeza que o seu Deus não vai se importar se vocês transigirem um pouquinho nas suas crenças. Então, por favor, volte para a sala de jantar e procure comer a comida do rei durante alguns dias. Talvez logo vá acabar gostando.
Daniel voltou para a sala de jantar com Melzar e sentou-se do lado de Sadraque, Mesaque e Abednego, que ainda estavam sentados diante de seus pratos vazios. Alguns dos outros rapazes zombavam deles:
— Tem algo errado com a comida do rei? Não é boa o bastante para vocês? Que Deus é esse que vocês servem que nem deixa que comam da mesa de um rei?
Esses rapazes babilônios sabiam que estavam disputando com Daniel e seus amigos uma posição na corte do rei, e já tinham inveja deles. Por isso, aproveitavam todas as oportunidades para os humilharem. Contudo, Daniel e seus amigos sentiam pena deles e oravam por eles. Eles sabiam que o modo como haviam sido criados em Jerusalém, segundo os princípios de Deus, era melhor do que a adoração a ídolos com que eles haviam sido criados na Babilônia.
De repente, ocorreu-lhe uma ideia, que resolveria o problema da alimentação deles, e ao mesmo tempo seria um testemunho para aqueles rapazes pagãos do poder do único Deus verdadeiro.
A sala ficou em silêncio quando Daniel se levantou.
— Melzar, gostaria de propor uma experiência. Durante dez dias eu e meus amigos só comeremos grãos, legumes e beberemos água! No final desses dez dias você mesmo poderá avaliar quem parece mais sadio: nós ou estes outros jovens aqui! Se formos nós, então deixe-nos comer a nossa comida; mas se forem eles, então nós comeremos a sua comida!
Melzar concordou, satisfeito com uma solução que poria um ponto final no assunto.
— Então que comece a experiência — declarou ele.
Desde o primeiro dia da experiência de dez dias, Melzar observou cuidadosamente os quatros jovens hebreus, para ver se via algum sinal de estarem ficando mais fracos.
Ninguém consegue aguentar o nosso horário rigoroso de estudos e exercício alimentando-se de grãos, legumes e água, pensou. Coitados! Aqueles rapazes e o Deus deles vão sair envergonhados
Contudo, para sua surpresa, em vez de mais fracos, os quatro rapazes pareciam mais fortes a cada dia que passava! E não só pareciam mais fortes, mas estavam mais fortes! Corriam mais depressa, saltavam mais alto, arremessavam mais longe, e mesmo depois de praticarem esportes ainda pareciam cheios de energia, ao passo que os outros estavam ofegantes! Nos estudos, quando tinham aulas à noite, eles ainda estavam espertos, ao passo que os outros tinham dificuldade de ficar acordados.
E não só isso, mas alguns dos rapazes babilônios estavam começando a passar mal com fortes dores de barriga e outros problemas. Outros começaram a ficar um pouco gorduchos e pálidos, e outros ainda começaram a se queixar de dores de dentes.
No final dos 10 dias, ninguém tinha dúvida nenhuma de quem eram os vencedores: os quatro rapazes hebreus com olhos brilhantes, grandes sorrisos alegres e faces coradas.
Na grandiosa cidade da Babilônia podia-se encontrar tudo o que o mundo tinha para oferecer. Existia todo tipo de vícios e prazeres mundanos. Os quatro rapazes consideravam esses desafios uma oportunidade para defenderem suas convicções e serem leais ao Senhor. Muitas vezes, em momentos de tentação, o Senhor lembrava os rapazes de versículos que haviam memorizado. “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e luz para o meu caminho”3 era um dos seus preferidos.
Eles escreveram em pergaminhos todos os versículos que conseguiam se lembrar, e depois liam juntos sempre que podiam. Também oravam juntos três vezes por dia. Como eram fiéis em obedecer à orientação que Deus lhes dava, Ele era fiel em sustentá-los e protegê-los das más influências que os rodeavam. Deus os orientava dando-lhes visões e sonhos que Daniel explicou, porque tinha o dom de interpretá-los.
E assim rapidamente se passaram os três anos de provas e treinamento, e por fim chegou o grande dia em que Aspenaz anunciou que eles deveriam se vestir com suas melhores roupas, pois havia chegado a hora de serem apresentados ao rei!
Naturalmente, todos eles estavam nervosos enquanto esperavam sua vez de se serem chamados para a grande sala do trono. Sadraque até sentia que lhe havia dado um branco.
— Estou super nervoso! — confessou Abednego, enquanto aguardavam a sua vez de serem chamados para a grande sala do trono.
— E-eu também! — gaguejou Mesaque que sentia os joelhos trêmulos.
— Parece que esqueci tudo que aprendi! — disse ele.
— Não tenhamos medo, — encorajou-os Daniel — se é este o plano de Deus para nós, estar na corte do rei e assim poder influenciá-lo com os caminhos do Deus verdadeiro, então o Próprio Deus vai nos dar sabedoria e coragem, tal como nos tem dado nestes últimos anos! E tenho certeza que nossos pais continuam orando por nós, do mesmo jeito que nós temos orado por eles.
— Beltessazar! Sadraque! Mesaque! Abednego! — chamou o arauto do rei. — O rei Nabucodonosor, rei da babilônia e do mundo inteiro, os convoca a comparecer diante dele!
Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego sussurraram uma oração e entraram na grande sala do trono. Os rapazes nunca tinham visto uma sala tão grande nem tão suntuosamente decorada. Imensas colunas de mármore branco puro sustentavam o gigantesco teto dourado coberto de lindos entalhes de marfim e prata.
Ao longo das paredes viam-se belas tapeçarias que mostravam histórias de reis e conquistas anteriores dos babilônios. No fundo da sala, coberto com pedras preciosas e reluzentes encontrava-se o trono do rei, sobre uma enorme plataforma dourada. De cada lado encontravam-se ídolos dos deuses babilônios, em marfim. Eles pareciam encarar os quatro rapazes hebreus e dizer: Este reino é nosso! Como se atrevem a se intrometer?
Aqui e ali, ouviam-se sussurros e murmúrios vindos de pequenos grupos de magos, videntes, astrólogos e sacerdotes com trajes coloridos. Estes eram os “sábios” do rei, que ele tinha sempre por perto para o aconselharem ou fazerem algum feitiço.
Quando Aspenaz guiou os quatro filhos de Israel pelo lindo e luxuoso tapete aveludado que se estendia até ao trono do rei, de repente os sussurros pararam e os sábios olharam com curiosidade para os quatro rapazes hebreus.
— FORA! — gritou subitamente Nabucodonosor para os seus sábios. Desejo falar com estes jovens a sós!
Sabendo como o temperamento do rei era imprevisível e perigoso, os sábios saíram o mais rápido que puderam.
— Sábios uma ova! Todo rei deveria ter bons conselheiros, mas eu fui amaldiçoado com um bando de birutas e bajuladores cheios de provérbios sem sentido e truques de mágica barata. Aspenaz, eu estou contando com o seu programa de treinamento para nos trazer sangue novo.
— Estou confiante de que vossa majestade não ficará desapontado. Estes quatro rapazes hebreus são os últimos que restam para vossa majestade entrevistar.
— Está bem, que se aproximem!
Normalmente, para qualquer um, era uma experiência assustadora estar na presença do rei da Babilônia. Geralmente a pessoa ficava tremendo e fazia muitas reverências. Contudo, Aspenaz ficou muito admirado ao ver que os quatro rapazes pareciam estar descontraídos e respondiam com muita naturalidade ao rei Nabucodonosor. Ao invés de demonstrarem medo do rei, eles eram sociáveis com ele, e demonstravam um verdadeiro interesse por ele e compreensão pelas grandes responsabilidades que ele tinha!
Enquanto os rapazes respondiam às várias perguntas do rei, Aspenaz o ouvia muitas vezes exclamar admirado:
“É mesmo? Eu não sabia disso!” ou “Por que ninguém nunca me disse isso?” ou então “Pela madrugada! Você tem razão!”
Depois de estarem mergulhados numa conversa animada e profunda durante uma hora e tanto, o rei estava pronto para tomar a sua decisão.
— Escolhi estes quatro, Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abednego, para meus conselheiros! Parabéns pelo seu excelente programa de treinamento, Aspenaz.
Aspenaz podia ver claramente que o rei estava encantado com os rapazes e que os rapazes também estavam encantados!
— Não há ninguém como eles, sua majestade! — concordou orgulhosamente.
Então, os sábios do rei foram conduzidos de volta à sala do trono, e o rei anunciou que a partir de então aqueles quatro jovens serviriam o rei junto a eles.
— Mas majestade, a sabedoria vem com a idade,— tentou aconselhar o principal dos magos — e eles mal passam de crianças!
— Não quero saber da idade deles! — vociferou o rei! — Em toda a matéria de sabedoria e inteligência, eu os achei dez vezes superiores a VOCÊS!
(Continua.)
Referências:
1 Salmo 27:10, parafraseado
2 Ver Salmo 46:1.
3 Salmo 119:105
Adaptado dos escritos de AFI. Ilustrado por Jeremy. Design de Roy Evans.Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional
Heróis da Bíblia: Mateus
Também conhecido como: Levi
Você sabia? Mateus era um cobrador de impostos que recolhia dinheiro dos seus compatriotas e o dava para o governo. As pessoas não gostavam muito dele. (Você provavelmente também não ia gostar de alguém que pegasse dinheiro de você.) Na realidade, quando Jesus disse que gostaria de ir comer na casa de Mateus, várias pessoas fizeram objeções. Jesus respondeu: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento”.1
Qualidade mais legal: Quando Jesus passou pela banca onde Mateus estava recolhendo os impostos, Ele disse para Mateus: “Segue-Me”. Sem nem tomar tempo para pegar suas bolsas, Mateus largou o que estava fazendo e seguiu Jesus. Mateus obedeceu e se tornou um dos doze apóstolos de Jesus.2
Você também pode: Seguir Jesus! Se o fizer, talvez tenha uma aventura incrível aguardando você!
Referências:
1 Marcos 2:17
2 Ver Mateus 9:9.
Autoria de R. A. Watterson. Ilustrado por Y. M. Design de Roy Evans.Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional.