Meu Estúdio Maravilhoso
As Aventuras de Daniel e Seus Amigos, 1ª Parte
Sexta-feira, Dezembro 30, 2022
Como Deus cuida, protege, guia, orienta e ajuda milagrosamente em circunstâncias difíceis! Baseado nas aventuras verídicas dos filhos de Deus, durante o Império Babilônico, como registrado em Daniel 1–3.
1º Capítulo: Capturado Pela Babilônia

605 a.C., Babilônia

BAM! BAM! BAM!

O jovem Daniel se mexeu na cama sonolento.

BAM! BAM! BAM! BAM!

Daniel bocejou e abriu um olho.

Quem estará batendo à porta a esta hora da manhã?, pensou Daniel.

BAM! BAM! BAM! BAM! BAM!

— Abram a porta ou vamos arrombá-la!

Agora Daniel estava bem acordado e seu coração batia forte.

Babilônios! O que será que eles querem de nós?

Dava para ouvir os ferrolhos da grande porta da frente lá em baixo sendo abertos, depois mais vozes, e a seguir o barulho dos passos pesados dos soldados, primeiro na sala de entrada, depois nas escadas, e por fim logo à porta do seu quarto!

Daniel só teve tempo de orar: “Querido Deus, por favor nos proteja!” antes da porta ser arrombada com um chute e um soldado babilônio olhar lá para dentro.

— Aqui está ele! — gritou o soldado.

Mais três soldados entraram rapidamente no quarto, seguidos por um sargento robusto, que ordenou a Daniel que saísse da cama.

Obviamente não adiantava nada resistir, então Daniel saiu da cama e ficou de pé diante dos soldados babilônicos que olhavam para ele.

Eu devia estar com medo, mas não estou. O Deus a quem eu amo deve estar me ajudando, então por que haveria de ter medo?

— Perdão, senhor, mas o que desejam? Nós não fizemos nada errado. Por que motivo invadiram nossa casa antes da madrugada.

— Cumprimos ordens do grande Rei Nabucodonosor II, rei da Babilônia e do mundo inteiro!

— Ele só vai governar enquanto o Deus de Israel permitir! — disse Daniel sorrindo.

Ao ouvir isso, um soldado levantou a mão para bater em Daniel, mas o sargento o deteve.

— Não faça isso! Eu gosto deste rapazinho. Ele é corajoso. É exatamente o tipo de pessoa que estamos procurando! Levem-no!

— Vão levá-lo? — disse a mãe de Daniel, que tinha conseguido forçar caminho até o quarto. — Por favor, não façam isso! Ele ainda é uma criança!

— Eu cumpro ordens! Você tem cinco minutos para ajudar o menino a se aprontar. Certifique-se de que ele leva umas boas sandálias, porque é uma longa caminhada até à Babilônia, bem mais de 1.000 Km.

* * *

Daniel foi empurrado para fora da casa, e enquanto o faziam caminhar pelas ruas de Jerusalém, as palavras de despedida de sua mãe ainda ecoavam nos seus ouvidos.

— Meu filho! O Senhor nosso Deus sempre estará com você! Guarde os Seus mandamentos e caminhos que lhe ensinamos. Ore sempre, meu filho. Lembre-se de orar.

Logo eles chegaram a uma praça num ponto central, onde o exército babilônio estava reunido, aprontando-se para a longa marcha de volta à Babilônia. Daniel foi levado para junto dos outros hebreus capturados.

— Cuidem bem deste aqui! — disse o sargento enquanto entregava Daniel ao capitão dos guardas da prisão. Ele é filho de um nobre!

De repente, Daniel ouviu vozes conhecidas chamando o seu nome:

— Daniel! Daniel! Aqui!

— Hananias! ... Misael! ... Azarias! Eles pegaram vocês também!

— Pergunte se podemos viajar juntos.

Podemos viajar juntos? — perguntou Daniel ao capitão. É que nós quatro somos velhos amigos, entende!

O homenzarrão protelou um pouco, mas não resistiu ao sorriso cativante de Daniel.

— Ummm ... Tudo bem, não vejo nada de mal nisso. Mas se eu pegar vocês se comportando mal, vou descer o cacete, estão entendendo?!

* * *

O capitão dos guardas da prisão não precisava ter se preocupado, pois durante a jornada as crianças hebraicas se comportaram muito melhor do que qualquer outra criança que eles já tinham visto. Na verdade, mais pareciam rapazinhos mais velhos e responsáveis, apesar das dificuldades da longa caminhada. Eles mantiveram-se positivos e alegres, e foram uma grande ajuda e encorajamento para os outros prisioneiros!

— Quem me dera que os fedelhos mimados que temos na Babilônia se comportassem um mínimo que fosse como vocês! — disse o capitão brincando, uma noite em que estavam acampados, já quase no final da sua jornada.

— Eles se comportariam assim se adorassem o mesmo Deus que nós! — disse Daniel sorrindo.

— Se eu fosse vocês, tomaria cuidado com essa conversa sobre o seu Deus — disse o capitão, baixando a voz. Nós também somos um povo bem religioso. Na Babilônia nós adoramos muitos grandes deuses! Mas o seu Deus hebraico não é um deles! Então, se querem evitar problemas e conservar suas jovens cabeças no pescoço, melhor esquecerem o seu Deus! Além disso, Ele não nos impediu de pegar os tesouros do Templo em Jerusalém, impediu? Nem de pegar vocês como escravos!

E depois disso o capitão desapareceu na escuridão para ir checar outros prisioneiros.

Por um momento, as quatro crianças hebraicas ficaram ali, olhando em silêncio a fogueira do acampamento. Depois Misael resmungou:

— Por que é que Deus permitiu que isto nos acontecesse!

— Eu não sei por quê — respondeu Daniel. Mas, sabe o que eu estava pensando? Como vocês acham que José se sentiu quando foi levado como escravo para o Egito? E como se terá sentido Jocabede quando seu bebê, Moisés, teve que deixar sua família para ir morar no palácio do faraó? Puxa, deve ter sido muito difícil para eles! Eles tiveram que ter fé de que Deus não os tinha desamparado! Mas agora, quando pensamos em Moisés e José, qual é a coisa principal em que pensamos? Pensamos em como Deus os usou! Apesar das grandes provas e batalhas, valeu a pena, porque Deus fez muitas coisas grandiosas através deles!

— É verdade! — disse Misael. Apesar de agora não conseguirmos ver isso, talvez o Senhor tenha alguma grande missão para nós!

— Eu acredito nisso! — disse Azarias sorrindo.

— Eu também! — respondeu Hananias.

— Apesar do caminho parecer escuro no momento — orou Daniel — acreditamos que Você está bem aqui do nosso lado e vai nos guiar a cada passo. Como Você inspirou o rei David a escrever há 400 anos: "Quando meu pai e minha mãe não puderem estar comigo, então o Senhor cuidará de mim”1. Ó Senhor, nós somos Seus filhos, e sabemos que Você estará conosco, e que Você está sempre pronto para nos ajudar nos momento difíceis.2 Proteja-nos do povo da Babilônia, da influência das suas falsas religiões e costumes! Ajude-nos a permanecer fiéis aos Seus caminhos não importa quanto tenhamos que sofrer por causa disso. Ajude-nos a ser como lâmpadas resplandecentes na escuridão deste país estrangeiro.

Aí então os quatro meninos cantaram juntos o Salmo 23, e alguns dos outros cativos os acompanharam. Depois disso, eles sentiram-se fortalecidos e consolados no espírito, e aconchegaram-se ao lado da fogueira ainda acesa e caíram no sono.

* * *

Ali estava ela! A Babilônia! Ao ver pela primeira vez aquela cidade imensa, o jovem Daniel quase perdeu o fôlego. As enormes muralhas duplas da cidade faziam tudo mais à sua volta parecer minúsculo. Daniel ficou pasmado com o tamanho e a magnificência dos prédios e dos templos gigantescos, muitos dos quais ainda estavam em fase de construção. Os muros eram decorados aqui e ali com tijolos de cores diferentes, e também com cabeças de dragões, leões e touros. O topo da muralha era tão largo que dava para carros com parelhas de cavalos apostarem corridas lá no alto.

— Como podem ver — gabou-se um dos guardas babilônios — o nosso grande rei Nabucodonosor tem ideias que não acabam mais para novos projetos de construção. Por exemplo, aquele grande templo dourado que vocês estão vendo ali adiante, está sendo construído em honra a Marduque, o grande deus que fundou a nossa cidade. E logo ali, a noroeste do Palácio Real, encontram-se os Jardins Suspensos. O rei estava preocupado porque uma de suas esposas estrangeiras estava ficando com saudade do seu país natal, então ele está construindo isso para ela, é uma surpresa. Milhares de escravos têm trabalhado nessa construção. Como podem ver, trabalho para vocês é o que não falta aqui na Babilônia!

Daniel e os seus três amigos tiveram muita dó ao verem equipes imensas de escravos estrangeiros trabalhando sob o sol escaldante. Do mesmo jeito que eles, esses escravos tinham sido capturados durante as várias conquistas dos babilônios, e sido levados para a Babilônia para ajudarem a fazer daquele lugar a cidade mais magnificente construída por mãos humanas.

Depois de andarem mais uns quilômetros, chegaram a uma casa de detenção. Os prisioneiros iam ficar ali enquanto esperavam para serem distribuídos para diversos trabalhos.

— O que vocês acham que eles vão fazer conosco? — perguntou Azarias, imaginando se teria forças para carregar pedras imensas até o alto dos Jardins Suspensos.

— Eu não sei,— respondeu Daniel. Mas uma coisa sei, Deus está conosco e temos...

— Ei, vocês quatro aí, me sigam! — ordenou o capitão da guarda de repente.

— Aonde você está nos levando? — perguntou Daniel.

— Já vão ver!

Parecia que eles estavam a caminho do local da construção dos Jardins Suspensos, mas depois, para seu alívio e surpresa, entraram numa linda avenida com arcos que levava diretamente ao palácio do rei.

— Pelo jeito o seu Deus está mesmo com vocês, — disse o capitão, e os deixou no portão principal.

Os rapazes então foram acompanhados pelos guardas do palácio até um dos outros prédios do complexo. Ali foram levados diante de um oficial babilônio ricamente vestido com roupas finíssimas.

— Saudações! — disse ele com uma voz aguda. — Eu me chamo Aspenaz, e sou o mestre dos eunucos do rei! O rei Nabucodonosor decretou que todos os cativos dentre os filhos de Israel que sejam de descendência nobre, tenham a oportunidade de passar por um treinamento para um possível posto na corte do rei! Contudo, só os mais inteligentes e mais fortes conseguem passar nos nossos exames! Por favor, sentem-se a esta mesa, pois os exames vão começar imediatamente.

— Olha, queridos amigos — sussurrou Daniel — só podemos fazer o melhor que pudermos, e Deus terá que fazer o resto.

Os exames foram extenuantes e demoraram vários dias. Eles não só fizeram exames para uma avaliação escolar, mas também para uma avaliação física e mental. Algumas das perguntas eram fáceis, outras mais difíceis. Mas, à medida que pediam a Deus para lhes dar as respostas corretas, sentiam a Sua sabedoria guiá-los.

Depois que terminaram tudo, ficaram esperando nervosamente até Aspenaz anunciar os resultados.

— Ora, rapazes, devo admitir que as pessoas responsáveis pela sua criação fizeram um ótimo trabalho. Todos tiraram notas ótimas!

— Glória a Deus! — disseram Daniel e os seus amigos.

— Só que — prosseguiu Aspenaz — estes exames são apenas o começo. Agora vocês vão ter três anos de treinamento especial. Durante esse período vão aprender a língua e a literatura da Babilônia, e serão ensinados pelos nossos sábios. Logicamente, também serão instruídos na nossa religião. Depois disso, o próprio rei escolherá os que ele considerar mais bem qualificados para viver na sua corte.

Então Aspenaz mostrou-lhes um dormitório bem confortável onde eles iriam dormir junto com alguns rapazes babilônios que também estavam lá para o programa de treinamento. Ele também os apresentou a Melzar, um oficial da corte, que ficaria diretamente responsável por cuidar deles daí em diante.

— Ah, mais uma coisinha — anunciou Aspenaz antes de se retirar. Para ajudá-los a se sentir mais "em casa" na Babilônia, demos a cada um de vocês um nome babilônio! Hananias, você será chamado Sadraque, Misael será chamado Mesaque e Azarias será chamado Abednego, e você, Daniel, será chamado Beltessazar.

* * *
A partir de agora, nos referiremos aos quatro garotos pelos nomes que conhecemos melhor: Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego. Contudo, vocês vão notar que às vezes os babilônios chamavam Daniel de Beltessazar.

Naquela noite, Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego se reuniram num canto do dormitório e cantaram Salmos, e apesar de alguns rapazes babilônios ficarem rindo deles, eles louvaram a Deus por já estar trabalhando a favor deles!

Antes de dormir, Daniel se ajoelhou na frente da janela aberta para orar. Lá no alto, acima das silhuetas dos estranhos templos pagãos, a lua brilhava serena, a mesma lua que ele adorava ficar olhando quando se ajoelhava na frente da janela do seu quarto em Jerusalém.

Ele pensou em seus pais e como sentia saudade deles. Orou para que eles não se preocupassem e para que o Senhor o ajudasse a não pensar demais nos seus pais, mas a confiar que o Senhor iria consolá-los pelo fato de o terem tirado deles.

Se eles ao menos soubessem todas as coisas maravilhosas que Deus está fazendo por nós, pensou ele.

Ele se lembrava muitas vezes das palavras de despedida de sua mãe: “Meu filho! O Senhor nosso Deus sempre estará com você!” E como isso foi realidade! Apesar de agora ele se encontrar num país estranho e pagão, bem longe de sua casa, ele sentia o Senhor tão perto dele como sempre sentira.

— Oh Deus, — orou Daniel — obrigado por ter nos ajudado até aqui! Por favor, ajude-nos a passar por estas provas que teremos que fazer e a manter-nos fiéis a Você.

2º Capítulo: A Grande Prova da Comida

Na manhã seguinte, quando Daniel e os seus três amigos entraram na sala de jantar, diante deles estava uma mesa servida com alimentos caros e todo tipo de doces e iguarias. Eles nunca tinham visto tanta comida numa mesa para uma refeição e aquilo era só o café da manhã!

— Comam o que quiserem! — disse Melzar, indicando com a mão a mesa enorme. Cortesia do rei! Ele ordenou que a partir de agora todos vocês comam da mesa dele!

Os outros jovens participantes do programa de treinamento correram para os seus lugares e começaram a comer avidamente. A princípio, estavam tão ocupados se empanturrando com toda aquela comida que nem repararam que os quatro rapazes hebreus estavam sentados em seus lugares, com a cabeça baixa.

— O que vocês acham? — perguntou Daniel quando terminaram de orar para que o Senhor os orientasse nessa situação.

— Eu estou com fome, e a comida parece tentadora, e principalmente aqueles doces ali são muito tentadores, — suspirou Mesaque — mas se comermos estas comidas dos babilônios vamos quebrar os mandamentos que Deus nos deu através de Moisés.

— Eu concordo — respondeu Sadraque. — Se comermos tudo que os babilônios comem e fizermos tudo o que os babilônios fazem, não demorará muito para nos transformarmos em babilônios! Nós nos comprometemos a obedecer às leis do nosso Deus, então devemos obedecê-las custe o que custar!

— É verdade — concordou Abednego. Se formos leais a Deus, Ele com certeza será leal a nós!

Nesse exato momento Melzar aproximou-se para ver o que estava acontecendo, pois reparou que eles não estavam comendo.

— Tem algum problema? Vocês não estão com fome? Comam antes que os melhores pratos desapareçam! Olhem aqui... por que não experimentam estas ostras cozidas com sangue de porco? São uma delícia! Foram santificadas esta manhã mesmo pelo nosso grande deus Marduque...

— Com licença, gostaríamos de falar com o senhor em particular...

Melzar concordou e Daniel, Sadraque e Melzar foram até o outro lado da sala de jantar.

— O quê??? — disse Melzar, depois que Daniel lhe explicou o que pretendiam. — Nunca ninguém ousou sequer sonhar fazer uma coisa dessas! Venham comigo, Daniel! Vou levar você até Aspenaz.

* * *

Aspenaz gostava muito de Daniel. Já havia vários anos que estava encarregado do treinamento de muitos jovens, mas nunca nenhum deles havia se comportado tão bem como Daniel e seus três amigos hebreus!

Só mais um pouquinho de treinamento, e vão virar uns excelentes babilônios, pensava ele, no exato momento em que Melzar entrou com Daniel e seus três amigos hebreus.

— Ah! Beltessazar — disse — estava pensando em você agora mesmo! Diga-me: Está entusiasmado com o curso que vai fazer? Você e seus amigos têm tudo o que precisam?

— Sim senhor, sem dúvida! Queremos agradecer-lhe por ser tão gentil conosco! O senhor nos deu o melhor de tudo; e agora até comida da mesa do rei! Contudo, as nossas leis hebraicas nos proíbem de comer comidas como essas. Por isso ... espero que não se ofenda por lhe pedir que simplesmente nos sirva comida normal e água!

Aspenaz não disse nada por um momento. Não podia deixar de admirar a convicção do jovem hebreu. Se a religião de Daniel tinha algo a ver com o fato dele ter se tornado um ótimo rapaz, então essa religião devia ter algo bom, ainda que para um babilônio algumas de suas regras parecessem loucura.

— Beltessazar — explicou Aspenaz depois de algum tempo — eu gostaria muito de conceder-lhe o seu pedido, se estivesse ao meu alcance. Mas o que acontecerá quando o rei Nabucodonosor vir que vocês quatro não estão tão fortes e saudáveis como o resto dos estudantes, e descobrir que eu desobedeci à sua ordem real? Ele mandaria cortar a minha cabeça! E você não vai querer que isso aconteça, vai? Por isso tenho certeza que o seu Deus não vai se importar se vocês transigirem um pouquinho nas suas crenças. Então, por favor, volte para a sala de jantar e procure comer a comida do rei durante alguns dias. Talvez logo vá acabar gostando.

Daniel voltou para a sala de jantar com Melzar e sentou-se do lado de Sadraque, Mesaque e Abednego, que ainda estavam sentados diante de seus pratos vazios. Alguns dos outros rapazes zombavam deles:

— Tem algo errado com a comida do rei? Não é boa o bastante para vocês? Que Deus é esse que vocês servem que nem deixa que comam da mesa de um rei?

Esses rapazes babilônios sabiam que estavam disputando com Daniel e seus amigos uma posição na corte do rei, e já tinham inveja deles. Por isso, aproveitavam todas as oportunidades para os humilharem. Contudo, Daniel e seus amigos sentiam pena deles e oravam por eles. Eles sabiam que o modo como haviam sido criados em Jerusalém, segundo os princípios de Deus, era melhor do que a adoração a ídolos com que eles haviam sido criados na Babilônia.

De repente, ocorreu-lhe uma ideia, que resolveria o problema da alimentação deles, e ao mesmo tempo seria um testemunho para aqueles rapazes pagãos do poder do único Deus verdadeiro.

A sala ficou em silêncio quando Daniel se levantou.

— Melzar, gostaria de propor uma experiência. Durante dez dias eu e meus amigos só comeremos grãos, legumes e beberemos água! No final desses dez dias você mesmo poderá avaliar quem parece mais sadio: nós ou estes outros jovens aqui! Se formos nós, então deixe-nos comer a nossa comida; mas se forem eles, então nós comeremos a sua comida!

Melzar concordou, satisfeito com uma solução que poria um ponto final no assunto.

— Então que comece a experiência — declarou ele.

* * *

Desde o primeiro dia da experiência de dez dias, Melzar observou cuidadosamente os quatros jovens hebreus, para ver se via algum sinal de estarem ficando mais fracos.

Ninguém consegue aguentar o nosso horário rigoroso de estudos e exercício alimentando-se de grãos, legumes e água, pensou. Coitados! Aqueles rapazes e o Deus deles vão sair envergonhados

Contudo, para sua surpresa, em vez de mais fracos, os quatro rapazes pareciam mais fortes a cada dia que passava! E não só pareciam mais fortes, mas estavam mais fortes! Corriam mais depressa, saltavam mais alto, arremessavam mais longe, e mesmo depois de praticarem esportes ainda pareciam cheios de energia, ao passo que os outros estavam ofegantes! Nos estudos, quando tinham aulas à noite, eles ainda estavam espertos, ao passo que os outros tinham dificuldade de ficar acordados.

E não só isso, mas alguns dos rapazes babilônios estavam começando a passar mal com fortes dores de barriga e outros problemas. Outros começaram a ficar um pouco gorduchos e pálidos, e outros ainda começaram a se queixar de dores de dentes.

No final dos 10 dias, ninguém tinha dúvida nenhuma de quem eram os vencedores: os quatro rapazes hebreus com olhos brilhantes, grandes sorrisos alegres e faces coradas.

* * *

Na grandiosa cidade da Babilônia podia-se encontrar tudo o que o mundo tinha para oferecer. Existia todo tipo de vícios e prazeres mundanos. Os quatro rapazes consideravam esses desafios uma oportunidade para defenderem suas convicções e serem leais ao Senhor. Muitas vezes, em momentos de tentação, o Senhor lembrava os rapazes de versículos que haviam memorizado. “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e luz para o meu caminho”3 era um dos seus preferidos.

Eles escreveram em pergaminhos todos os versículos que conseguiam se lembrar, e depois liam juntos sempre que podiam. Também oravam juntos três vezes por dia. Como eram fiéis em obedecer à orientação que Deus lhes dava, Ele era fiel em sustentá-los e protegê-los das más influências que os rodeavam. Deus os orientava dando-lhes visões e sonhos que Daniel explicou, porque tinha o dom de interpretá-los.

E assim rapidamente se passaram os três anos de provas e treinamento, e por fim chegou o grande dia em que Aspenaz anunciou que eles deveriam se vestir com suas melhores roupas, pois havia chegado a hora de serem apresentados ao rei!

Naturalmente, todos eles estavam nervosos enquanto esperavam sua vez de se serem chamados para a grande sala do trono. Sadraque até sentia que lhe havia dado um branco.

— Estou super nervoso! — confessou Abednego, enquanto aguardavam a sua vez de serem chamados para a grande sala do trono.

— E-eu também! — gaguejou Mesaque que sentia os joelhos trêmulos.

— Parece que esqueci tudo que aprendi! — disse ele.

— Não tenhamos medo, — encorajou-os Daniel — se é este o plano de Deus para nós, estar na corte do rei e assim poder influenciá-lo com os caminhos do Deus verdadeiro, então o Próprio Deus vai nos dar sabedoria e coragem, tal como nos tem dado nestes últimos anos! E tenho certeza que nossos pais continuam orando por nós, do mesmo jeito que nós temos orado por eles.

* * *

— Beltessazar! Sadraque! Mesaque! Abednego! — chamou o arauto do rei. — O rei Nabucodonosor, rei da babilônia e do mundo inteiro, os convoca a comparecer diante dele!

Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego sussurraram uma oração e entraram na grande sala do trono. Os rapazes nunca tinham visto uma sala tão grande nem tão suntuosamente decorada. Imensas colunas de mármore branco puro sustentavam o gigantesco teto dourado coberto de lindos entalhes de marfim e prata.

Ao longo das paredes viam-se belas tapeçarias que mostravam histórias de reis e conquistas anteriores dos babilônios. No fundo da sala, coberto com pedras preciosas e reluzentes encontrava-se o trono do rei, sobre uma enorme plataforma dourada. De cada lado encontravam-se ídolos dos deuses babilônios, em marfim. Eles pareciam encarar os quatro rapazes hebreus e dizer: Este reino é nosso! Como se atrevem a se intrometer?

Aqui e ali, ouviam-se sussurros e murmúrios vindos de pequenos grupos de magos, videntes, astrólogos e sacerdotes com trajes coloridos. Estes eram os “sábios” do rei, que ele tinha sempre por perto para o aconselharem ou fazerem algum feitiço.

Quando Aspenaz guiou os quatro filhos de Israel pelo lindo e luxuoso tapete aveludado que se estendia até ao trono do rei, de repente os sussurros pararam e os sábios olharam com curiosidade para os quatro rapazes hebreus.

— FORA! — gritou subitamente Nabucodonosor para os seus sábios. Desejo falar com estes jovens a sós!

Sabendo como o temperamento do rei era imprevisível e perigoso, os sábios saíram o mais rápido que puderam.

— Sábios uma ova! Todo rei deveria ter bons conselheiros, mas eu fui amaldiçoado com um bando de birutas e bajuladores cheios de provérbios sem sentido e truques de mágica barata. Aspenaz, eu estou contando com o seu programa de treinamento para nos trazer sangue novo.

— Estou confiante de que vossa majestade não ficará desapontado. Estes quatro rapazes hebreus são os últimos que restam para vossa majestade entrevistar.

— Está bem, que se aproximem!

Normalmente, para qualquer um, era uma experiência assustadora estar na presença do rei da Babilônia. Geralmente a pessoa ficava tremendo e fazia muitas reverências. Contudo, Aspenaz ficou muito admirado ao ver que os quatro rapazes pareciam estar descontraídos e respondiam com muita naturalidade ao rei Nabucodonosor. Ao invés de demonstrarem medo do rei, eles eram sociáveis com ele, e demonstravam um verdadeiro interesse por ele e compreensão pelas grandes responsabilidades que ele tinha!

Enquanto os rapazes respondiam às várias perguntas do rei, Aspenaz o ouvia muitas vezes exclamar admirado:

“É mesmo? Eu não sabia disso!” ou “Por que ninguém nunca me disse isso?” ou então “Pela madrugada! Você tem razão!”

Depois de estarem mergulhados numa conversa animada e profunda durante uma hora e tanto, o rei estava pronto para tomar a sua decisão.

— Escolhi estes quatro, Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abednego, para meus conselheiros! Parabéns pelo seu excelente programa de treinamento, Aspenaz.

Aspenaz podia ver claramente que o rei estava encantado com os rapazes e que os rapazes também estavam encantados!

— Não há ninguém como eles, sua majestade! — concordou orgulhosamente.

Então, os sábios do rei foram conduzidos de volta à sala do trono, e o rei anunciou que a partir de então aqueles quatro jovens serviriam o rei junto a eles.

— Mas majestade, a sabedoria vem com a idade,— tentou aconselhar o principal dos magos — e eles mal passam de crianças!

— Não quero saber da idade deles! — vociferou o rei! — Em toda a matéria de sabedoria e inteligência, eu os achei dez vezes superiores a VOCÊS!

(Continua.)


Referências:

1 Salmo 27:10, parafraseado

2 Ver Salmo 46:1.

3 Salmo 119:105

Adaptado dos escritos de AFI. Ilustrado por Jeremy. Design de Roy Evans.
Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional
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