Meu Estúdio Maravilhoso
P&R: Dizer ou Não Dizer
Sexta-feira, Julho 29, 2022

O Cenário:

César não estava nada contente. A primeiríssima coisa que o Sr. Mário havia feito como capitão do grupo foi correr atrás do magrela Sérgio, jogador adversário, deixando a bandeira livre para ser capturada. Se César não tivesse redobrado os esforços e corrido para defender seu campo, Sabrina teria, sem dúvida, pego a bandeira e voltado para o seu campo pulando e cantarolando de tão fácil que seria. Essa manobra evasiva usada por Sérgio e Sabrina era a mais velha do mundo, mas graças a Mário, sua equipe estava a um passo de uma derrota humilhante.

César pensou um pouco e viu que, dada a ausência do Sr. Flávio, o costumeiro e experiente capitão do grupo, ele tinha que fazer alguma coisa para “salvar” aquele pique bandeira antes que fosse tarde demais. O Sr. Mário obviamente não tinha muita experiência recente com esse tipo de jogo.

— Sr. Mário! — disse César bem alto. — O senhor vai para o meio do campo e fica de olho na Sabrina. Eu fico aqui de guarda.

— Olha, prefiro ficar aqui, pois estamos num morrinho e assim posso ver o campo inteiro — respondeu o Sr. Mário.

— O Sr. Flávio nunca precisa ficar com a bandeira para ver todas as crianças. Rápido, vá lá para o meio antes que a Sabrina apareça!

Mas antes que o Sr. Mário pudesse responder, Sérgio veio correndo do lado esquerdo, passando pelo fundo do círculo com o braço estendido para pegar a bandeira. César e o Sr. Mário se viraram para olhar para trás e nesse exato momento Sabrina apareceu correndo a toda velocidade. Sérgio e Sabrina bateram de frente e caíram um em cima do outro e da bandeira.

— Talvez devamos ir mais devagar, para ninguém se machucar — disse o Sr. Mário.

César se antecipou.

— Você está bem Sabrina? E você Sérgio? — perguntou ele rapidamente. Sabrina e Sérgio fizeram que não com a cabeça. Então César continuou:

— Que ótimo. — Então vocês estão pegos, agora vão para a prisão. Só temos mais 15 minutos. Sr. Mário, fique aqui de guarda e eu vou contra atacar e capturar a bandeira do outro time.

Antes que o Sr. Mário conseguisse responder, César saiu correndo pelo campo, pensando numa estratégia. César viu a bandeira inimiga e, para seu espanto, ninguém a estava defendendo. Já era, pensou ao pegar a bandeira, e correu alegremente de volta para a sua base, ainda sem entender por que ninguém tentava detê-lo.

Ao se aproximar de sua base, percebeu que todos ainda estavam reunidos perto da bandeira conversando.

— Pessoal, assim não dá — disse interrompendo. Sentia-se muito incomodado com a situação. — Façam fila e eu vou escolher as equipes. Vamos lá pessoal! Mexam-se!

Pergunta: Eu tenho opiniões e ideias e às vezes acho que deveria ser eu liderando em vez dos meus professores e pais, especialmente quando eu sei mais a respeito da coisa do que eles. Tudo bem fazer isso?

Resposta: Você tem muitos dons e talentos, e inteligência também e, conforme ficar mais velho, verá que terá mais capacidade de ter boas ideias para si e seus amigos. É maravilhoso quando faz bom uso dos seus dons e talentos. Mas parte de crescer é saber usar os seus dons e talentos sabiamente. Uma pessoa madura sabe como apresentar suas ideias com respeito, e aprender isso leva tempo. Na verdade, ser humilde e respeitar os outros é um sinal de maturidade.

“Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar” (Tiago 1:19 ECA).

Pergunta: Mas, e quando tenho certeza que estou certo e que meu pai, mãe ou professor está fazendo algo errado? Não é meu dever falar algo e endireitar as coisas?

Resposta: Você deveria sempre falar quando achar que algo não está certo, mas também precisa aprender a fazer isso da maneira correta. Tenha como meta aprender a falar com humildade e respeito. Compartilhe suas ideias com abertura e prontidão para receber as opiniões dos outros, ainda que seus pontos de vista possam ser conflitantes com os seus.

Mesmo que tenha razão em relação ao que quer mencionar, está errado se expressar de maneira orgulhosa e desrespeitosa. Não importa o quanto ache certo o seu ponto, se não se comunicar de forma amável e respeitosa, você está errado. Dê mais importância a mostrar respeito e amor em vez de apenas a ter razão.

Também é importante se lembrar que, independente da sua opinião, sempre existe a possibilidade de você estar errado, ou de não estar vendo ou entendendo o quadro geral. Se fizer um esforço para se lembrar disso, terá mais humildade e flexibilidade na forma de conversar e apresentar seus pontos de vista.

“Não façam nada por interesse pessoal ou vaidade. Pelo contrário, ajam com humildade e cada um considere os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:3 VFL).

Pergunta: Às vezes parece que as pessoas mais velhas simplesmente não entendem tanto de certos assuntos como eu. Então, por que tenho que realmente me esforçar para lhes demonstrar respeito se elas não estão tão informadas ou não têm tanto conhecimento e simplesmente querem que eu veja as coisas da perspectiva delas?

Resposta: Ser respeitoso com os outros não é uma questão de você ser mais esperto do que outra pessoa; é uma questão de cortesia e boas maneiras serem parte da sua comunicação e interação com os outros, não importa se você está certo ou errado.

Cada pessoa tem uma riqueza de conhecimento, experiências e interesses diferentes, e isso pode influenciar as coisas sobre as quais você tem opiniões fortes. Quando se é jovem, é fácil enxergar a falta de conhecimento ou entendimento de alguém, e enfatizar o fato de que você sabe mais. Talvez ajude dar um passo atrás e avaliar o quadro geral.

Você pode se questionar se o mais importante nessa questão é provar que está certo. Talvez não esteja vendo algo além dos simples fatos, e seus pais ou professores tenham uma compreensão mais profunda. As pessoas mais velhas que você acumularam mais sabedoria e conhecimento sobre a vida no geral, e isso pode influenciar um ponto de vista muito mais do que os simples conhecimentos adquiridos na escola, conhecimentos tecnológicos, tendências ou moda atuais.

Com isto, não quero dizer que você deva dizer que concorda com tudo (mesmo que não concorde), porque isso só irá fazê-lo sentir que não é ouvido e ficar ressentido. Respeito é uma via de mão dupla, e numa discussão ambas as pessoas deveriam estar dispostas a ouvir o outro lado. O segredo é aprender a apresentar seu ponto de vista com respeito e cortesia, mesmo que você tenha mais conhecimento sobre o assunto.

Pergunta: Como conseguir superar a frustração que sinto quando tenho estes conflitos com meus pais ou professores?

Resposta: Nem todos os conflitos vão terminar harmoniosamente. Você pode sair dessa discussão sentindo-se frustrado, que não é ouvido, ou até mesmo menosprezado, e se for esse o caso deveria tentar esclarecer, só que nem sempre é bom fazer isso ali na hora com os ânimos exaltados.

Quando os ânimos exaltados e a irritação tiverem acalmado, pode acontecer de você ver que no final das contas não era algo assim tão importante, e dá para deixar passar. Outras vezes, a mágoa persiste, e precisa se comunicar a respeito. Nessas situações, procure uma forma de comunicar isso aos seus pais ou professores para que eles saibam como a comunicação ou situação afetaram você. Ajuda definir o que foi que o fez sentir frustrado ou magoado para poder comunicar isso claramente. Se tiver dificuldade de se expressar verbalmente, também pode comunicar-se por escrito.

Você precisa olhar além das coisas que o chateiam no momento, as quais logo vai se esquecer. Em vez disso, concentre-se no que pode aprender da interação com seus pais e professores, lições essas que serão úteis para sua vida inteira. Seja esperto de verdade e concentre-se em aprender tudo o que puder com os mais velhos!

Uma parte de crescer e amadurecer é não permitir que irritação ou frustração se tornem uma característica predominante da comunicação com seus pais ou professores. Aprenda a olhar além das coisas que o chateiam no momento e concentre-se no que pode aprender da interação com seus pais e professores, mesmo que não concorde com tudo. Habilidades de boa comunicação são uma parte importante da sua interação com os outros. Mas é uma rua de mão dupla: escutar os outros e expressar suas opiniões e pensamentos. Muitas vezes, resume-se em se perguntar se a melhor escolha é dizer o que pensa, ou não dizer o que pensa e simplesmente escutar. Discutir só por uma questão de estar certo muitas vezes nos impede de ver o quadro geral.

Autoria de R. A. Watterson e Andrea Gianni. Ilustrado por David Komic. Design de Roy Evans.
Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional
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Tagged: comunicação, respeito e familiaridade