Meu Estúdio Maravilhoso
Max e o Problema do Natal
Sexta-feira, Dezembro 10, 2021
Dia 1
O Problema com o Natal

O problema com o Natal, pensou Max, é eu ter nascido justamente nesse dia.

Era o primeiro dia de dezembro. Na cozinha quentinha, dominava o aroma delicioso da canela na torrada e o cheirinho de bacon frito. A família Taylor estava reunida para a sua tradição anual do primeiro café da manhã de Natal. Enquanto o pai lia a história do Natal no evangelho de Mateus, a mente de Max Taylor viajava na sua falta de sorte de ter nascido no dia de Natal. Traduzindo: todo ano ele tinha a infelicidade de festejar o seu aniversário na festa de Natal, e, além disso, no seu modo de pensar, só ganhava metade da quantidade de presentes que ganharia qualquer outra pessoa nascida em outra data!

Apesar de Max sempre ter ficado satisfeito com a quantidade de presentes ganhos no seu aniversário/Natal, a possibilidade de estar ganhando menos do que o “justo”, tinha sido mencionada por Jones, um colega de escola. Na ocasião, Max respondeu, “Olha… pelo menos ninguém se esquece do meu aniversário!” Mas depois, pensando melhor, achou que tinha dado uma resposta muito fraquinha.

Algumas semanas antes do mês de dezembro começar, Max tinha pensado, se eu tiver duas festas no dia de Natal, com certeza vou ganhar a quantidade certa de presentes!

As palavras de seu pai o tiraram do devaneio, “Sendo fiel ao espírito do Natal, este ano eu vou dar uma boa vantagem para a família Miller no concurso de construção do forte de neve!” Todos acharam graça.

As declarações de “sendo fiel ao espírito do Natal” há três anos se tornaram uma tradição do sr. Taylor. Cada membro da família tinha que se comprometer a fazer algo durante a época de Natal para animar e alegrar os outros. A competição de construção de forte de neve era muito importante para o sr. Taylor, bicampeão dois anos consecutivos. Sendo assim, Max e todos na família concordaram que ele estava dando um presente de Natal espetacular.

“Sendo fiel ao espírito do Natal, vou deixar Max usar o computador das 4 às 5 da tarde todos os dias o resto do mês.” Esse foi o compromisso de sua irmã Sophie, 3 anos mais velha que Max.

“Muita bondade sua, Sophie,” disse o pai. Max rolou os olhos…

“Sendo fiel ao espírito do Natal, a nossa família vai cantar canções natalinas no lar de idosos Olive Grove!” proclamou a mãe. Sophie e Max se entreolharam e deram um suspiro. Eles já esperavam por isso. Todos os anos a família Taylor ia a esse lar de idosos cantar para os residentes. Na verdade, Max até gostava da visita, principalmente das conversas emocionantes com o sr. Padraic, um marceneiro que fazia brinquedos. Mas este ano Max tinha outros planos.

Noah era o próximo, mas como só tinha dois anos, ninguém esperava que dissesse nada, a não ser o “legal!!” de sempre, uma expressão constante na boca do pequenino.

Max aproveitou a oportunidade. “Sendo fiel ao espírito do Natal, decidi planejar a minha própria festa de aniversário. Sei que dá bastante trabalho festejar o meu aniversário junto com o Natal, então, a boa notícia para todos é que este ano eu mesmo vou cuidar disso. Teremos duas festas separadas, mas no mesmo dia”. Max não ficou por ali para ouvir a opinião do pai, da mãe, de Sophie ou de Noah. Pedindo desculpas, saiu disparado para o quarto no andar de cima. Afinal, ele precisava planejar uma festa de aniversário!

O Diário do Reginaldo, 1 de dezembro

Este ano todos vão ter que me dar um presente de aniversário E TAMBÉM um de Natal. Façamos o que é justo.

A propósito, quem escreve NÃO é o Reginaldo Taylor, o avô, falecido recentemente, mas sim o Max. Eu escrevi “Diário do Reginaldo” na capa porque ninguém mexe nas coisas do vovô. Só para garantir, vou colocar este diário em uma caixa de cereal vazia, e debaixo de uma pilha de roupas. O verdadeiro título aqui deveria ser “O Ano em que Max Curtiu pra Valer o seu Niver”, ou “Operação Presentes de Montão”. Mas quero fazer as coisas meio despistado.

Max
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Dia 2
O Diário de Reginaldo, 2 de dezembro

Hoje foi o melhor dia de todos! Depois de rastelar a grama, fizemos uma fogueira dentro do latão de lixo de metal. Papai deixou a mangueira de água a postos, bem ali perto de frente para a fogueira. Mas foi maneiro!

Depois do jantar, mamãe tinha preparado um jogo para a família toda. Ela deu a cada um uma cópia das “Palavras Cruzadas de Natal”. Quem terminasse primeiro podia escolher o filme da semana seguinte. Eu ganhei. Deve ser porque é o mês do meu aniversário.

Max
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Dia 3
O Dia em que Max não Arranja Encrenca

Max não tinha planejado preparar nada de Natal na cozinha aquele ano, não porque não gostasse… Sua mãe queria fazer algo para alegrar os residentes do lar de idosos Olive Grove. Para ela, isso equivalia a fazer algo gostoso. Max concordou com essa parte, mas, perguntou, eu não fui proibido de entrar na cozinha?

“É verdade, querido. Hahaha.” Max tinha sido proibido de fazer qualquer coisa na cozinha por três meses depois que a sua receita experimental de biscoito pegou fogo. “Olha, encontrei uma receita de biscoito que não vai ao fogo. Se prometer seguir à risca, acho que não vai ter problema. Concorda? Estou atrasada para a reunião de pais. Gostaria que você me ajudasse com isto.…”

*

“Pode deixar, mãe!” concordou Max. Ele estava no maior astral, logicamente pensando nos magníficos presentes que iria ganhar no dia do seu aniversário. Não seriam presentes de aniversário e de Natal, apenas de aniversário! Max tinha começado a fazer uma lista. Para completar o dia, AJ, também conhecido como Augustine Jeffrey, seu melhor amigo, ia ajudá-lo a planejar a festa de aniversário. Até lá ainda tinha uma hora e pouco de folga. Biscoitos que não vão ao fogo? Moleza!

O Diário de Reginaldo, 3 de dezembro

Aqui é o Max. Devo dizer que fiz os melhores biscoitos!!! Fora a parte em que coloquei a massa no congelador para resfriar e esqueci de tirar... quando lembrei eles estavam uma pedra! Eu precisava provar um para ter certeza que estava bom, então fiquei segurando um biscoito logo acima da chama de uma boca do fogão para ficar macio. PÉSSIMA IDEIA! — Limpei a bagunça antes da Mamãe voltar. Max

PS: AJ e eu decidimos que o tema da minha festa de aniversário vai ser o jogo de computador Dragons Lair. AJ tem as melhores ideias!

Max
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Dia 4
O Diário de Reginaldo, 4 de dezembro

Hoje cedo na hora do café da manhã, assistimos a um clipe sobre o nascimento de Jesus no notebook do meu pai. Minha mãe disse que Maria foi corajosa, porque deu à luz em um estábulo fedorento em vez de em um hospital. Papai disse que José foi um homem notável, porque não sabia de quem era o filho que Maria carregava no ventre. Sophie disse que os reis magos não deviam estar no clipe porque eles só aparecem na história alguns anos depois.

O Menino Jesus até que era bonitinho, parecia um cachorrinho avermelhado e fofinho. Será que eu também era assim quando nasci?

Max
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Dia 5
O Diário de Reginaldo, 5 de dezembro

Passei a tarde toda colocando papel adesivo, juntando e cortando peças de flanelógrafo da história de Natal! Vamos ao abrigo São Jerônimo no dia 14, e eu mesmo tenho que preparar a minha apresentação da história de Natal. O pessoal que se segure! A minha história de Natal vai ter até invasão alienígena… anjos são alienígenas, não são? Estou fazendo umas anteninhas verdes para prender nas auréolas!

Max
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Dia 6
O Diário de Reginaldo, 6 de dezembro

Fazer cartão de Natal é um pouco complicado. Mas este ano quero fazer algo diferente! Estes são os modelos — bem originais — que eu criei!

1. Escolha um animal que não tem nada a ver com o Natal, tipo um polvo, como eu escolhi, e coloque um chapéu de Papai Noel nele. Depois, mostre o polvo visitando o menino Jesus no estábulo. (Se eu fosse um polvo, ia querer visitar Jesus no estábulo!)

2. Escolha objetos diferentes para montar “Feliz Natal”; tire uma foto, imprima e use como cartão de Natal.

3. Filme ou grave um áudio de uma saudação de Natal e envie por e-mail.

Max
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Dia 7
A origem do Natal. Max relaciona o que gostaria de ganhar no Natal

Uma semana antes de o mês de dezembro começar, minha mãe decidiu que na hora do jantar cada um compartilharia um fato, tipo “você sabia”, ou uma história sobre o Natal. Hoje era a vez do meu pai. Seguindo a linha de “você sabia”, ele decidiu falar sobre a origem do feriado do Natal.

“‘Em Roma, onde o inverno não era tão rigoroso como no norte do continente, celebrava-se a Saturnália, em honra de Saturno, o deus da agricultura’.” Enquanto ele lia no notebook, o resto da família se servia à vontade da torta de batatas com carne moída. “A Saturnália era um período hedonista que se iniciava junto com o solstício de inverno e durava o mês inteiro. As pessoas podiam comer e beber à vontade e Roma, tão acostumada à ordem social, ficava de pernas para o ar. Durante o mês, todos os escravos se tornavam donos; lavradores comandavam a cidade; o comércio e as escolas fechavam para todos poderem se divertir. Também nessa época do solstício de inverno, os romanos celebraram a Juvenália, uma festa em homenagem às crianças romanas. Além de tudo isso, as pessoas das classes mais altas também comemoravam, no dia 25 de dezembro, o aniversário de Mitra, o deus sol inconquistável. Acreditavam que Mitra era um deus menino nascido de uma rocha. Para alguns romanos, o dia do nascimento de Mitra era o mais sagrado do ano’.”

“Gostei da parte em que os escravos viravam donos”, disse Sophie. Max também gostou da ideia.

“Então, como é que essas festas se transformaram no Natal?” perguntou a mãe.

“No século 4 d.C, Anno Domini, o papa Júlio decidiu que no dia 25 de dezembro a Igreja comemoraria o nascimento de Cristo”, disse o pai, e continuou lendo, “ao comemorar o Natal junto com os tradicionais festivais do solstício de inverno, os líderes da Igreja aumentavam a probabilidade do Natal também se tornar uma festa popular.”

“Faz sentido”, disse Sophie olhando para Max. “Já que estão festejando mesmo, por que não incluir o aniversário de mais uma pessoa?”

“É pegar dois coelhos com uma cajadada só”, comentou o pai. “Bem esperto!”

Max sentia o seu rosto pelando, até a ponta das orelhas. “Imagine, as pessoas iam ficar sentidas se você fizesse uma grande festa só pensando no peru do Natal, na sobremesa, nas luzes e todas as outras coisas além do aniversariante... quer dizer, Jesus.” Já que estavam falando do assunto, Max decidiu também compartilhar um fato sobre o Natal, ideia dele mesmo.

“Como o meu aniversário é justamente no dia de Natal, o que eu quero poderia ser considerado um ‘fato’. Por isso, vou passar para todos a minha lista.” Levantando-se, Max tirou do bolso algumas cópias da sua “Lista de Presentes de Natal” que ele e AJ tinham feito uns dias antes, e passou para todos.

“Eu gostaria de ganhar um kit de detecção de impressões digitais do Sherlock Holmes; um alarme top secret contra invasores; um kit para montar vulcões; e um kit para montar um braço robótico. Lembrem-se que esses presentes de ANIVERSÁRIO não contam como presentes de NATAL. Para o Natal podem me dar qualquer coisa, só se certifiquem de ser algo que eu goste.” Tendo dito isto, Max sentou-se.

O Diário de Reginaldo, 7 de dezembro

Acho que todos ficaram pensando a sério no que me dar de presente de aniversário, porque depois que li minha lista ninguém deu um pio.

Max
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Dia 8
O Diário de Reginaldo, 8 de dezembro

Papai me mandou um link para o site onde ele encontrou todos aqueles negócios sobre o Natal. Preciso lembrar de mostrar a AJ. Tem também dois clipes sobre o assunto:

https://www.history.com/topics/christmas/christmas-becomes-a-holiday-video
https://www.history.com/topics/christmas/why-december-25th-video

Max
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Dia 9
O Diário de Reginaldo, 9 de dezembro

Eu tinha passado uma eternidade economizando para poder dar presentes de Natal. Mas este ano decidi dar um vale-presente especificando algo que farei pela pessoa. Tive essa ideia porque minha mãe disse que gostava mais das coisas que eu fazia por ela do que de algo que pudesse comprar para ela. Dessa forma, eu vou poder comprar a fantasia de Obi-Wan Kenobi para a minha festa de aniversário.

Vale-presente de Natal para o papai: Vou lavar o carro para você. (VALE UMA LAVAGEM DE CARRO.)

Vale-presente de Natal para a mamãe: Vou preparar uma refeição para a senhora. (VALE UMA REFEIÇÃO QUALQUER DIA DA SEMANA.)

Vale-presente de Natal para a Sophie: Eu não vou mexer nas suas coisas. (VÁLIDO POR BASTANTE TEMPO.)

Vale-presente de Natal para Noah: Vou brincar com você. (QUANDO VOCÊ PRECISAR DE COMPANHIA.)

Max
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Dia 10
Max Enfrenta um Obstáculo

“Se quer viver solto um dia, vai ter que aprender a se virar agora.” Max estava sentado na sala em frente ao aquecedor montando o circuito de obstáculos de Watson, sua tartaruguinha de estimação. Depois de encontrá-la fora da casinha algumas vezes em cima do sofá assistindo ao Animal Planet, ele tinha colocado o bichinho num rígido horário de exercícios.

“Max, meu bem—” sua mãe, ali perto, contemplava todo o festão e bolas de Natal espalhadas pela sala. Apesar de estar sorrindo, Max sabia que as coisas não andavam bem para o seu lado.

“Querido”, ela começou, “sabe o outro dia quando levei aqueles biscoitos deliciosos que você fez para o lar de idosos Olive Grove? Olha, o diretor mencionou que vão fazer a festa de Natal na manhã do dia 25 em vez de no dia 24… sei que você queria fazer a sua festa de aniversário de manhã no dia 25, e eu com certeza concordo que deveria ser nesse dia”, ela completou. “Enfim, acho que a decisão é sua. Você decide o que vamos fazer no dia de Natal este ano, porque é o seu aniversário, e queremos que seja especial para você.”

Mas Max não precisava de tempo para pensar na questão. “Podemos ir ao lar de idosos num outro dia? Eu já mandei os convites para a minha festa.” O que seus colegas de escola, principalmente o Jones, pensariam se ele cancelasse a festa?

“Claro! Claro!” concordou a mãe rapidamente. “Então vou remarcar com eles. Você acha que o AJ gostaria de ir? Ele tem uma voz linda...”

“Aposto que sim”, disse Max. AJ adorava cantar, e cantava bem. “Vou falar com ele”, avisou Max, bem aliviado de tudo estar correndo bem de novo.

*
Dia 11
O Diário de Reginaldo, 11 de dezembro

Desastre impedido! Festa continua marcada.

O ruim é perder a festa de Natal em Olive Grove. O sr. Padraic é legal… mas posso visitá-lo um outro dia. Aposto que ele seria a melhor pessoa para me mostrar como fazer pistolas de laser tag com lâmpadas de LED. Quem sabe eu até levo uns docinhos para ele…

Max
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Dia 12
O Diário de Reginaldo, 12 de dezembro

O projeto de artes hoje foi Christmas Orange Pomanders*! Todos vão ficar muito surpresos quando eu enfeitar a sala com estas coisas na Noite de Chocolate Quente!
*(NT: site de sachês aromáticos em inglês)

Max
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Dia 13
O Diário de Reginaldo, 13 de dezembro

Minhas canções de natal preferidas! Tive que imprimir a letra porque não sabíamos de cor. Essas eu prefiro cantar no máximo volume na véspera de Natal:

Good King Wenceslas
I Saw Three Ships Come Sailing
The 12 Days of Christmas
We Three Kings of Orient Are

Max
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Dia 14
O Dia da Surpresa
Enfeite a casa com guirlandas,
La, la, la, la, la, la, la, la, la
Ponha luzes na varanda,
La, la la la la, la la la la.

Era noite de cantar cânticos de Natal e tomar chocolate quente para a família Taylor. Max estava com muita vontade de comer algo doce e quentinho. Tinha passado quase que a tarde inteira preparando a “surpresa” para a sua família, mas finalmente ficou satisfeito com o resultado. Ele até cedeu o tempo no computador a que tinha direito para Sophie para ela substituí-lo na apresentação do flanelógrafo no Abrigo São Jerônimo e ele poder ficar em casa e preparar tudo. Olhando para a adorável surpresa no canto da sala, pensou, “Puxa, vai ser uma surpresa e tanto para todo o mundo!”

Os últimos dias tinham sido estranhos. No princípio todos queriam ouvir seus planos para a festa de aniversário, mas depois de uns dias pareciam estar evitando Max... ele pensou em outros natais, e como o jantar era sempre um momento de muito papo e risadas. Mas ultimamente parecia que todos tinham ficado sérios. Então Max decidiu ficar encarregado da noite de cânticos de Natal e chocolate quente. Ele gostava de fazer as coisas junto com sua família. Na verdade, para ele era a melhor parte do Natal.

Depois do sucesso do seu biscoito que não precisava assar, sua mãe concordara em deixá-lo preparar o chocolate quente para a atividade familiar aquela noite. E Max a convencera a comprar um pacote maior de marshmallows para servir. Max nunca tinha visto marshmallow daquele tamanho. Ele tinha certeza que o pai ia ficar impressionado.

Max passou uma hora aprontando tudo. Ele adorava o Natal! Eu só não gosto da outra parte, pensou. Mas isso vai mudar. Max serviu as canecas favoritas da família, ligou o pisca-pisca, e colocou os saches aromáticos que fizera alguns dias antes em cima da mesa de centro. Por último, amassou um marshmallow dentro de cada caneca.

“Maximiliano Taylor! Que negócio é esse?!”

Sophie e Noah entraram na sala junto com os pais. Exceto pelo “Legal!” todo entusiasmado do irmãozinho, todos observavam boquiabertos a outra árvore de Natal na sala. Ela perdia em altura da árvore de 2 m, mas em compensação ganhava em termos de enfeites estranhos e festão.

“Oi pessoal. Como foi a visita ao abrigo? Ah, esta árvore? Gostaram?”

“É impressão minha ou a árvore está… cantando?”

“Sim! Bem, não é a árvore, é isto...” Max puxou lá de trás da árvore um cartão; apertou o botão e o “parabéns” parou.

“‘Presentes de Natal do Max aqui’” — disse Sophie lendo a plaquinha debaixo da árvore de Natal-Aniversário.

O pai limpou a garganta. “Huumm, então esta é a sua árvore de Natal-aniversário?”

“É. Poderíamos chamá-la de ‘árvore de Max-tal.’ Legal, né? Alguém quer chocolate quente? Os marshmallows são gigantescos!” Max olhou para todos. “Nós não vamos cantar canções de Natal e tomar chocolate quente?”

Nesse momento os pais tiraram os casacos e Sophie foi para a cozinha. Noah correu para pegar os marshmallows.

*
Dia 15
O Diário do Reginaldo, 15 de dezembro

O papai tem falado para eu ler o livro Um Conto de Natal, do Charles Dickens. Então ontem, quando fui à biblioteca com mamãe e Noah, peguei a versão ilustrada para dar uma olhada. Li tudo em vinte minutos. Eu nunca tinha lido um livro tão rápido! Só que eu vi mais as gravuras, porque já conhecia a história. Meus pais estão sempre mencionando o Mr. Scrooge—“Não seja como o Scrooge,” eles costumam dizer.

Sinto um pouco de pena do Mr. Scrooge. Será que ele ficou ranzinza porque ninguém lhe dava atenção?

Max
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Dia 16
O Diário de Reginaldo, 16 de dezembro

Amanhã, AJ e eu vamos formar uma equipe para o concurso de construção de forte de neve... o ano passado fizemos o típico forte estilo castelo, mas estou achando que este ano devemos fazer algo bem diferente.

Lembrete: Avisar o AJ de se vestir como personagem do Guerra nas Estrelas na minha festa de aniversário...

Max
*
Dia 17
O forte de neve

Chegara o dia do concurso anual de construção de forte de neve. O sr. Taylor tinha prometido fazer um forte menos elaborado para dar à família Miller uma chance de vencer, mas Max e AJ estavam na competição pra valer! O dia estava ensolarado, o ar frio e cortante — perfeito para construir um forte de neve vencedor!

“O segredo para construir um forte de neve vencedor é fazer blocos de neve”, sugeriu AJ enquanto discutiam sua estratégia. AJ tirou uma vasilha de plástico de um enorme saco preto que tinha arrastado até o local do concurso. “Acho que serve de molde, não acha?”

“Ãã? Ah, claro, vai dar para fazer bons blocos de neve”, concordou Max tirando neve com uma pá e fazendo uma pilha enorme.

“Ei, vamos fazer o Coliseu este ano. Eu gostaria de construir algo inédito…” Aj olhou para Max. “MAAAAAX! Está me ouvindo?”

“Ótimo. Coliseu… Roma… casa. Ei, AJ, sobre o meu aniversário, eu estava pensando sobre o laser tag. Não seria bom se todos fossem vestidos como personagens do Guerra nas Estrelas? Eu acho que vou ser Obi-Wan Kenobi, e você pode ser o Luke Skywalker. Daqui a pouco tenho que ir para o lar dos idosos Olive Grove, e o sr. Padraic—você se lembra dele—vou pedir para ele me ajudar a fazer as armas de raio laser, e...”

AJ jogou o bloco de neve que estava tentando fazer. “Você não para de falar no seu aniversário desde o começo do mês! Até perdeu o recital do coral, e o outro dia se esqueceu da apresentação para o abrigo... e hoje eu só quero construir o forte de neve sem ouvir um pio sobre a porcaria da sua festa!”

“Você é o meu melhor amigo! Deveria estar me desejando um ótimo aniversário!” A essa altura Max estava em pé, com os punhos cerrados ao lado do corpo.

“Eu…eu sou o seu melhor amigo. Mas vo-você está estragando o Natal..”

Max afastou-se de AJ. Sentia o rosto e os olhos arderem. Ele não queria mais construir o forte de neve; queria ir para casa e que o Natal passasse batido. Ele até sentia vontade que o seu aniversário passasse sem ele perceber, já que, aparentemente, ninguém se importava.

Naquela noite, ouvindo sua mãe tocar “Que Criança É Esta” no piano, acompanhada das expressões de “legal” de Noah, Max imaginou-se voltando ao dia primeiro de dezembro e fazendo tudo diferente. Mas não sabia como isso seria possível.

*
Dia 18
O Diário de Reginaldo, 18 de dezembro

Assistimos a um filme sobre uma “criatura” esverdeada que vive em uma cidade onde todos acham o Natal o máximo! Só que ela NÃO gosta do Natal, então furta os presentes, tira os enfeites, e tenta ser o maior desmancha-prazeres. No final tudo dá certo. Mas senti pena dele. Acho que só queria ser incluído nos festejos, e que ninguém se esquecesse dele.

Max
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Dia 19
O Diário de Reginaldo, 19 de dezembro

Eu acertei 7 das 10 questões no Grande Quiz de Natal—foi mais difícil do que eu imaginava.

Max
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Dia 20
O Diário de Reginaldo, 20 de dezembro

Minha mãe leu para nós a história The Gift of the Magi durante o jantar. Depois, fomos procurar as outras histórias de Natal que ela disse estavam naquele site. ... o chato é que agora estou achando que os vale-presentes que eu fiz são muito mixurucas.

Amanhã vou ver o sr. Padraic. Isso é ótimo. E também quero acertar os ponteiros com AJ.

Max
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Dia 21
Max e o sr. Padraic

“Eu estraguei o Natal.” Max e o sr. Padraic estavam sentados na recepção da casa de idosos Olive Grove, com uma caixa de lanternas de LED de um lado e um saco de doces do outro. Ouvia-se vindo das caixas de som no corredor, partes da canção “Ó Noite Santa”. A família Taylor estava visitando os residentes aquele dia, e já tinham cantado canções de natal no refeitório durante o almoço. AJ tinha ido com eles, mas ainda se recusava a falar com Max. E agora Max estava tendo a sua tão esperada conversa com o sr. Padraic sobre transformar lanternas de LED em pistolas a laser. Mas não conseguia parar de pensar que se sentia muito mal. “Todos estão zangados comigo.”

“Não devem ser todos.” Disse o sr. Padraic sacudindo o doce vermelho e verde em uma das mãos. “Eu não estou zangado com você. Você é a única pessoa que me traz caixas e caixas de doces!”

“São as pessoas que deveriam se importar comigo.”

“Está pensando no seu aniversário, não é?”

“É… eu queria ter certeza que a minha família ia reparar em mim, que não ia se esquecer que o dia 25 também é o dia do meu aniversário. Mas agora todos estão me evitando, e já me esforcei tanto para ser legal! Tenho certeza que vai ser o pior aniversário da minha vida.”

“Olha, faz muitos anos que eu não sou mais criança”, disse o sr. Padraic pausando para dar mais uma mordida no doce. “Mas a melhor maneira de garantir o amor é sendo bastante amoroso com as pessoas, e de maneira constante! Você é um rapazinho gentil, e os seus pais o amam. Tenho certeza que eles estão planejando algo ótimo para o seu aniversário!”

Max não queria dizer ao sr. Padraic que ele havia arruinado suas chances por causa da sua insistência em planejar sua própria festa de aniversário.

“Eu amo os meus filhos”, disse o sr. Padraic, “e faria qualquer coisa por eles.” Max se lembrou que a família do sr. Padraic vivia longe dali, e normalmente não podiam ir visitá-lo no Natal.

“A sua família vem visitar no dia 25?”

“Que nada. Mas não se preocupe comigo. Você tem muitas outras preocupações.”

“Não estou nem mais ligando! Tentei fazer algo maravilhoso, mas agora me sinto péssimo. AJ nem quer falar mais comigo! Quem me dera mudar tudo e deixar as coisas do jeito que estavam.”

“Ainda dá tempo! Basta pensar no que tornava o Natal especial antes e tentar fazer isso agora, a partir de hoje. Precisa se apressar, porque já estamos quase no dia 25. Mas foi você quem imaginou uma árvore de Natal de aniversário para si mesmo. Você é criativo! Tenho certeza que pode encarar esse desafio.”

No caminho de volta do lar de idosos, Max refletia nas palavras do sr. Padraic. Ele ainda desejaria que as pessoas dessem atenção ao seu aniversário dali a alguns dias, mas o seu plano não parecia estar dando certo. — E ele tinha se arrependido de ter arruinado o Natal da sua família e do seu melhor amigo.

Tenho pouco tempo e muita coisa para fazer! Pensou Max. Ele ia endireitar as coisas.

*
Dia 22
O Diário de Reginaldo, 22 de dezembro

Durante o café da manhã eu avisei meus pais e irmãos que tinha cancelado a minha festa de aniversário no dia de Natal para podermos ir todos juntos à Olive Grove. Meus pais e a Sophie ficaram pasmos, e o Noah disse, “legal!”.

Eu queria muito ir visitar o sr. Padraic no dia de Natal, porque ele não vai ter com quem festejar, e provavelmente é a única pessoa que não se importaria de comemorar o meu aniversário comigo.

Ainda faltam três dias para o Natal, e tenho grandes planos!

Max
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Dia 23
O Diário de Reginaldo, 23 de dezembro

Tirar neve da calçada é trabalho duro no frio. Quando terminei a entrada para carros ainda eram 7 da manhã, e eu queria voltar para a cama. Mas levei Noah até a sala para minha mãe poder dormir até mais tarde. E tentei lhe ensinar a dizer “feliz”, para poder desejar “Feliz Natal”. Só que, do jeito que ele falava, parecia “nauau”. Mas pelo menos estava tentando.

Preciso procurar receitas. Decidi fazer um brunch amanhã. Minha mãe disse que, contanto eu não exploda nada, ela fica feliz que outra pessoa vá para a cozinha.

Fiquei a noite toda antes de ir para a cama reescrevendo os vale-presentes de Natal…

Vale-presente para o papai: Vou lavar o carro para você. (VALE UMA TRÊS LAVAGENS.)

Vale-presente para a mamãe: Vou preparar uma refeição no seu lugar. (VÁLIDO PARA DOIS QUALQUER DIA DIAS DA SEMANA.)

Vale-presente de Natal para a Sophie: Não vou mexer nas suas coisas. (NUNCA MAIS. POR BASTANTE TEMPO.)

Vale-presente para Noah: Vou brincar com você. (VÁLIDO PARA DUAS NOITES DA SEMANA QUANDO VOCÊ NÃO TIVER COMPANHIA.)

Max
*
Dia 24
O Diário de Reginaldo, 24 de dezembro

Brunch na Véspera de Natal

- Chocolate quente com Chantilly e folhas frescas de hortelã para decorar — para Sophie, Noah e eu.
- Cappuccino cremoso para mamãe e papai
- Bolinhos de chocolate e zucchini
- Omelete com queijo
- E waffles com geleia de morango!
- Ouvir canções de Natal.

Eu acordei às 6 da manhã para arrumar tudo. Mas valeu a pena. Não queimei nada, só o dedinho, e coloquei um CURATIVO enorme para todos perceberem que eu tinha me machucado... E verem que sou corajoso e sei trabalhar duro. Ficamos umas duas horas comendo, conversando e rindo. Ainda bem que o papai está de folga hoje.

Quase esqueci… amanhã é o meu aniversário …

Max
*
Dia 25
Dia de Natal

Dia de Natal e mais um aniversário, pensou Max. Ele sabia que tinha tomado a decisão certa de ir ao lar de idosos Olive Grove aquela manhã. Mas mesmo assim gostaria que fizessem pelo menos uma coisinha para ele. Mesmo que fosse só retomar a amizade com o AJ. Isso faria o meu dia...

Mas ele não tinha muito tempo para ficar matutando. Depois de um rápido parabéns, e desejos de Feliz Natal durante o café da manhã, a mãe anunciou que todos tinham que estar no carro às 10h30m em ponto! E que abririam os presentes de Natal — e aniversário — quando voltassem.

*

É impressão minha, ou a recepcionista está com a cara da princesa Leia do Guerra nas Estrelas? Max e sua família estavam na recepção do Olive Grove. A recepcionista estava com um roupão branco, o cabelo dividido ao meio com dois coques enormes, um em cada lado da cabeça — bem diferente das blusas azul celeste que os funcionários normalmente usavam.

Espere aí! Aquele ali é um Wookie? Com chapéu de Papai Noel? Max olhou rapidamente para os pais para ver se estavam assimilando esse estranho lapso na realidade. Os dois olhavam compenetrados em outra direção. Mas o Wookie foi direto na direção de Max.

“Reliz-ranirersário-fax!”

“O quê…?”

Então o Wookie tirou a cabeça postiça e Max deu de cara com o rosto sorridente do sr. Padraic. “Feliz Aniversário, Max!”

Essa era a deixa. Depois dessas palavras, o saguão de entrada da clínica se transformou em uma galáxia de alienígenas: um monte de Jedi, robozinhos reluzentes, e muitas perucas de princesa Leia, (e aquilo ali, era um palhaço?) todos cantando “Parabéns pra você”. Max percebeu lá no canto que a sua árvore de Natal do Max tinha sido levada para lá e que embaixo dos galhos mais baixos ela estava abarrotada de presentes.

“Sr. Padraic? Mãe? Pai?”

“Primeiro foi ideia do sr. Padraic, que nos ligou dois dias atrás contando o seu plano. Depois AJ entrou também, e todos queríamos fazer algo especial para você.”

Nesse momento AJ apareceu ao lado de Max. “Você está ótimo!” disse Max, admirando a roupa de Luke Skywalker do amigo.

“Eu trouxe uma para você também”, disse AJ sorrindo um pouco. Depois pediu desculpas pelo outro dia… Mas Max estava dizendo a mesma coisa. Os dois trocaram sorrisos.

“Olhe o que o sr. Padraic fez! Disse Jones se aproximando de AJ e Max, com duas lâmpadas de LED transformadas em revólveres de plástico e laser. “Este é o melhor aniversário de todos.”

Virando-se para o sr. Padraic, Max perguntou: “O se-senhor fez tudo isso por mim?”

"Não sozinho. Seu pai e mãe, e Noah também ajudaram. E Sophie fez um bolo de amoras para você. E AJ convidou os seus amigos de sala. Quando ouvimos falar que você e sua família iam participar da nossa festa de Natal, bem, ninguém queria perder a diversão!”

"Mas eu achei que todos vocês me odiassem...”

"Por favor”, disse Sophie. "Também era terrível falar com você quando só sabia falar… bem… sabe.”

“Eu sei, e sinto muito por isso. Tentei consertar o problema.”

“Nós sabemos”, disse a mãe, “e estamos muito tocados com a sua atitude. Devíamos ter lhe contado que íamos nos certificar de lhe dar o melhor aniversário até hoje... porque é claro que você merece isso e muito mais. Mas você estava tão determinado a fazer tudo por conta própria…”

“Eu fui insuportável”, declarou Max.

Foi um alívio dizer isso. Ele sabia que a sua família teria que perdoar-lhe — afinal, era dia de Natal... e o seu aniversário!

“Insuportável?! Eu que o diga!” concordou AJ rindo com todos.

O Diário de Reginaldo, 25 de dezembro

Tenho que ser rápido, porque o papai quer construir um escorregador de neve no quintal. Anotei para não esquecer disto ano que vem. O problema do Natal no final não foi problema algum.

Max
Fim
Autoria de R. A. Watterson. Ilustrado por Yoko Matsuoka. Design de Roy Evans.
Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2021 por a Família Internacional.
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