Bem acima da sombria poluição de Londres, rajadas do vento norte sopravam sobre as nuvens úmidas que desciam sobre nós na forma de adoráveis flocos de neve.
Mantos de neve se formavam enquanto o vento norte soprava sobre um personagem enorme e troncudo em cima de um trenó. Ele fazia ruídos ininterruptos incitando adiante uma dúzia de renas que saltavam agilmente como se puxassem o dono pelas clareiras da Lapônia em vez de pelas nuvens do firmamento.
“Ho, ho, ho!” disse ele dando uma grande tossida. Eu, Rafael, o duende, seu companheiro e servo, lhe dava tapinhas nas costas até ele recuperar o fôlego.
“Está bem. Obrigado, Rafael,” disse ofegante. Eu estava feliz por ter aprendido finlandês na Escola Preparatória Intergalática para Duendes. Nunca era fácil entender Noel, mas o seu finlandês era muito mais inteligível do que o inglês.
“Graças a Deus, nem sempre precisamos usar estes corpos terrenos!” disse ele arfando, e olhando para mim com inveja. “Rafael, você é magro, flexível e ágil, parece um duende de verdade! Sua fantasia combinou com você, como uma segunda pele. O que você está achando de tudo isto?”
“Estou contente por conseguirmos colocar em prática a ideia geral,” respondi. Ainda bem que a minha “fantasia” é pequena e prática.
“Ideia geral… ideia geral!” Qual foi a ‘ideia geral’ da minha fantasia? Uma marmota empalhada e mergulhada em um tonel de tinta vermelha? Eu me sinto como se tivesse vários salva-vidas amarrados em mim! Rafael, será que algum ser humano consegue mesmo inflar tanto até ficar deste jeito?”
“Eu acho que sim. Olha, não é esse o nosso destino?”
Eu me debrucei na lateral do trenó para ver a superfície da terra. A cidade parecia o firmamento crivado de estrelas à noite, envolto em neblina.
“É Londres, senhor!” — Eu mencionei respeitosamente enquanto ele continuava reclamando da confusa “fantasia” gelatinosa que usava naquele Natal.
Voltou a se concentrar no trabalho. Franzindo as sobrancelhas e cerrando um pouco os olhos, ele examinou um grande pergaminho. Por fim, resmungando, tirou os pequenos óculos do rosto. “E pensar que os humanos usam isto para ler melhor!”
Relaxando as volumosas sobrancelhas brancas, examinou o pergaminho. “Aha! Elza White, Cakers Ore Street, quinta casa no segundo piso. Boa menina, ajuda a mãe e o pai com o bebê, limpa a neve da entrada duas vezes ao dia, etc. Quer uma máquina de costura de presente de Natal para poder fazer camisas melhores para o pai. Minha nossa, uma raridade, não é, Rafael?”
“Realmente. É bem diferente de todos esses pedidos de metralhadoras e espadas que recebemos.” Respondi eu.
“Chegamos...”
Pousamos em um telhado estreito e desgastado de um bloco de prédios de apartamentos. Não se ouvia uma única carruagem ou trote de cavalos nas ruas escuras. Acalmei as renas e as amarrei em um cano. Noel olhou desapontado para o tamanho da chaminé.
“Ei, me dê uma mãozinha aqui, Rafael.”
Eu o ajudei até à beirada da chaminé.
“Por favor, senhor, lembre-se de falar inglês. Eles não entendem uma palavra de finlandês.” Noel meneou a cabeça afirmativamente, e com um gemido e soltando ar dos pulmões escorregou chaminé abaixo. Eu o segui silenciosamente.
“Santo Deus!” foi a exclamação que a nossa súbita aparição na lareira suscitou. Ajudei Noel a se levantar, enquanto olhávamos desconfiados para uma ameaçadora e enferrujada peça de ferro que remexia as brasas.
“Não dê nem mais um passo, ou vou chamar a polícia!” gritou alguém em voz trêmula.
Noel falou bem alto em finlandês que vínhamos em paz, mas as mãos que seguravam o instrumento pontiagudo continuaram apontando-o para nós e a cutucar a enorme barriga do meu colega.
“Fale em inglês!” gritei, e Noel, assim que se viu a uma distância segura do ferro, disse:
“Amável senhor! Invezas minha gordurra porque não tens nenhuma? Eu lhe daria toda a minha gordurra ze pudeze — mas zerria trizte desperdizá-la no jão.”
A esta altura meus olhos já tinham se acostumado à escuridão do cômodo, e vi a forma humana com quem tratávamos. Era um senhor já bem além da meia idade. A única palavra para descrever sua aparência é “magro”. Ele parecia um esqueleto de tão magro, e tinha um semblante tão melancólico quanto uma lápide. Dava para ver que não estava acostumado a receber visitas. Imaginei que, como Noel já era uma figura surpreendente, ver também um duende na sua companhia, seria novidade demais de uma só vez. Eu me fiz invisível e deixei a explicação nas competentes mãos de Noel. Conhecendo bem a sua simpatia, sabia que muitos lhe abrem os braços poucos minutos depois de o conhecerem.
Noel tentava acalmar o homem. “Perdoe ze o azustei. Sou Papai Noel, e trago boaz notízias e alegria no Natal.”
“Papai Noel?” zombou o homem. “O verdadeiro Papai Noel? Bobagem!”
“Bobagem? Não, não, bom amigo. Eu não zou alemão. Voei da Finlândia. Mas oh! Eu eztraguei zeu fogo e ezte cômodo eztá gelado. Vou lhe trazer alegrria.” Ele bateu palmas e apareceu fogo na lareira, iluminando o cômodo quase vazio, mobiliado apenas com uma cama comprida e estreita, um velho lavatório de madeira, uma única cadeira de madeira e uma mesa tosca no canto. Eu me perguntava que dificuldades aquele homem enfrentava no dia a dia, e evidentemente, Noel estava pensando o mesmo.
“Não, não,” disse ele, dando um estalo com a língua. “Izto não é vom. Ezta cadeira é muito desconfortável. Não, não, não é vom.”
“Ora,” disse o homem friamente, “se não gosta dos meus aposentos e ficou ofendido, acho melhor ir embora para não ter que ficar olhando para eles, e também para me poupar de ter que ficar olhando para a sua cara.”
“Veja só este fogo! Madeira de uma semana inteira desperdiçada. Desse jeito, não vou estranhar se as calotas polares derreterem.
“Mas com certeza serve para trazer um pouco de alegrria do Natal ...”
“Bá, que bobagem!”
“Já lhe dize que não venho de Bobingen, maz de Sodankyla.”
“Fora com esse Feliz Natal!”
“Natal é dentrro, forra, em toda a parrte!” gritou o jovial Noel, terminando com um abafado “ho, ho, ho!” — E lhe dei mais uns tapinhas nas costas.
“Obrrigado, querrido Rafael,” ele agradeceu.
Dando uma olhada para o homem esquelético naquela sala, comecei a associar as coisas. “Ei, eu não o conheço de algum lugar?” perguntei. “A sua maneira de falar me é familiar. Por acaso não é um Scrooge?”
Tive que me fazer novamente visível para ele me ouvir. Mas o homem achava que era um sonho bizarro do qual logo despertaria. Acho que a esta altura nem a aparição de todos os espíritos do Natal o assustariam.
“Isso mesmo,” disse, levantando seu queixo pontudo, “Sou Gareth Scrooge.”
“Arrá!” exclamei, porque estava zangado com seus comentários pejorativos sobre um dia tão sagrado. “Imaginei! Dá para sentir o cheiro de um sovina a quilômetros de distância. Sabe, Noel” — disse virando-me para a generosa figura vestida de vermelho ao meu lado — “parece que descemos pela chaminé do primo em primeiro grau do velho Ebenezer. Acho que avareza é mal de família.”
“Ora, ora, ora,” disse Noel, como se não tivesse ouvido o homem, “avarrento a ponto de nem dezfrutar de um belo fogo na larreirra...”
“Como ousa me insultar em minha própria casa?” exclamou Scrooge, ameaçador demais para uma pessoa de idade.
“Dê o fora, sua monstruosidade vermelha! E você... sua aberração de orelhas pontudas”, berrou Scrooge como se estivesse fazendo um encantamento, gesticulando com os braços.
Nós ficamos muito zangados.
“Ah é?!” rugiu Noel. “Pois não vou emborra até vozê aprrenderr um pouco do ezpírrito do Natal!”
Devo dizer que Noel zangado é tão terrível e assustador como qualquer espírito vagante que já vi. Scrooge estremeceu. Controlando sua ira, Noel disse num tom mais manso, “Olha, não querro lhe fazerr mal, mas precisa aprenderr um pouco maiz do ezpírito de Natal.”
E, atravessando a parede, levou o Sr. Scrooge pelo braço para o frio lá de fora na neve.
“Calma, Noel,” aconselhei. “Não faça nada extremo demais.”
Noel só riu do seu jeito jovial que o fazia tremer todo. Até parecia que ele era feito de gelatina e, como estava segurando Scrooge pelo braço, este também tremeu—só que muito mais, feito uma vara verde soprada pelo vento.
“Por que zer feliz no Natal?” perguntou Noel. “Porque eze é o maiorr prezente que foi dado ao homem. Olhe parra baixo, Scrooge, parra as pezoas.” Scrooge olhou e ficou muito sem jeito, porque muitas delas emanavam uma forte luz dourada. Apesar de ter um coração duro, Scrooge ficou maravilhado com tal fulgor.
“O que significa essa luz?” perguntou.
“Ezta é a luz de vida e amorr que nunca acaba. É o presente do Natal. Veja, aquele mendigo a tem, aquela menina também, e aquele ricaço não tem. Sabe por quê? Porque é um presente. Vozê também teve este presente.”
“Eu nunca recebi nada disso”, disse Scrooge.
“Ah, como as pessoaz ze esquecem!” disse Noel. “Vou lhe moztrar algo.”
Voamos velozmente pelas ruas, com Noel criticando sempre que passávamos por gravuras ou modelos de Papai Noel nas vitrines ou calçadas.
Finalmente chegamos a uma igreja minúscula com as janelas iluminadas. Entramos e assistimos a um culto de Natal que estavam celebrando para crianças pequenas ao redor de um presépio.
“Ha!” Você disse que não recebeu nenhum presente? Ora, então me diga quem é aquele?” perguntou Noel apontando para um garotinho muito magro em um dos cantos, com a cabeça baixa, orando.
“Scrooge,” disse eu sorrindo, “você parece bem em sintonia com Deus e as pessoas.”
“Obzerve, obzerve,” disse Noel.
Quando a oração terminou, o ambiente foi inundado pela luz que emanava de cada uma das crianças e que, desabrochando como uma rosa, irradiava em todas as direções.
Scrooge observou a cena. Por um momento, parecia que a sua expressão havia suavizado... apenas por um momento. Ele se recompôs e proferiu um débil “Que bobagem!” E como se quisesse desviar a atenção de si mesmo, virou-se para Noel e perguntou todo bravo, “O que significa isto? Esta igreja foi demolida anos atrás.”
“É,” respondi (Porque durante o meu primeiro ano na Escola Preparatória Intergalática para Duendes, tinha feito algumas pesquisas sobre a família Scrooge), “o senhor deve estar bem informado mesmo, pois foi demolida porque há dez anos o senhor construiu aqui um conjunto de apartamentos, os barracos mais horríveis que já vi.”
Scrooge pareceu ficar sem jeito e retrucou, “Acho que isso não é da sua conta.”
Eu ia lhe responder quando Noel me pediu para ficar quieto. E quando ele falava firme daquele jeito eu sempre obedecia.
Vimos as crianças se levantarem, reunirem-se ao redor da árvore de Natal, receberem os seus presentes e depois saírem da igreja em fila para regressarem para casa. Ainda dava para ver claramente a luz ao redor de cada uma reluzindo na neve e nas ruas escuras.
Depois que a última criança foi embora, Noel pegou Scrooge pelo braço novamente. “Venha e vamoz lhe mostrrar mais alegrria do Natal.” E lá fomos nós voando de novo, por cima dos telhados e das ruas, até o topo do Big Ben, que badalava oito horas da manhã. De pé, na beirada, encontrava-se um homem de idade magro, com roupas de cor marrom e cinza, que olhou para cima quando pousamos ao seu lado. A saudação dele foi singular, e se algum jornalista a tivesse ouvido, poderia ter-se tornado em um famoso discurso.
A saudação entre um velho gordo e um velho magro no topo do Big Ben foi mais ou menos assim:
“Oi Noel, tudo bem? Lindo dia, não é?”
“Indescritivelmente lindo.”
Scrooge e eu pairávamos ali perto. Eu me inclinei para ele e disse, apontando para o homem magro, “Aquele é o Noel.” Scrooge pareceu incrédulo. “O verdadeiro”, continuei, “o legítimo, o primeiro de todos. Ele nunca deve ter pesado mais de setenta quilos em toda a sua vida.” A conversa entre os dois Noeis continuou.
“Você parece em boa forma.”
“Estou enorme.”
“É uma pena que continuem me colocando cada vez mais gordo nas gravuras e propagandas. Daqui a uns anos pode esquecer essa história de descer pelas chaminés.
“Oi Rafael. Quem é esse aí com você?”
“Alguém precisando da alegria do Natal,” respondi.
“Parece mesmo,” sorriu o Noel magro. “O que posso fazer por vocês?”
O Noel gordo, um pouco encabulado, desenrolou um pergaminho.
“Acho que perrdi a minha lista de alegrria do Natal. E em vez dela tenho um lizta de pedidos para o Papai Noel comprrar no shopping. Zarabatana, boneca carra, monstrro, etc. O único pedido dezente que tenho é de uma garrotinha que quer uma máquina de coztura para fazerr roupas parra os pais.”
“Então você deve pegar a minha lista,” disse o Noel magro, “pois a alegria do Natal precisa ser distribuída para o máximo de pessoas, independentemente das circunstâncias. E acrescente a garotinha que pediu a máquina de costura.”
Muito agradecido, o Noel gordo recebeu a nova lista do Noel magro, e voou a grande velocidade para o apartamento do Scrooge.
Pousamos no telhado, atrelei as renas no trenó e assobiei alegremente para elas, enquanto Noel colocava Scrooge entre nós dois.
“Prrimeirra parrada, ursinho parra o limpador de chaminés!” gritou Noel, e num abrir e fechar de olhos estávamos numa pequena loja de brinquedos. Noel levou Scrooge pelo braço e ambos voaram através da vitrine e entraram na loja bem iluminada.
Noel passou por fileiras e mais fileiras de brinquedos e parou em frente a uma prateleira cheia de bonecas e bichinhos. Sorrindo, agarrou um pequeno urso, colocou a mão no bolso e jogou nele um pouco de pó de ouro, depois o devolveu à prateleira.
“Agorra, veja a magia comezar,” disse Noel para Scrooge.
Scrooge observou com grande expectativa enquanto o dono da loja começava a fechar a loja. Ele varreu o chão, fechou a persiana, e quando se virou para inspecionar a loja pela última vez, parou diante da prateleira onde se encontrava o ursinho. Esfregou o queixo pensativo e o urso começou a brilhar e emitir pequenos raios de luz na sua direção. Ele esfregou o queixo mais rápido e depois agarrou o ursinho e o colocou em um saco cheio com outros brinquedos.
Noel esfregou as mãos e agarrou de novo Scrooge, enquanto seguíamos o homem para fora da loja. Fazia muito frio.
O dono da loja parou na porta de uma pequena capela da qual emanava uma luz calorosa. “Este lugarr também estar cheio com a luzz do Natal!”
Entramos na capela e observamos enquanto as pessoas lá dentro liam a história do mais Precioso Presente e trocavam lembrancinhas e presentes entre si. Não era nada caro, mas presentes de coração, que tinham significado. E ao fazerem isso as pessoas eram inundadas pela luz do Natal.
“Feliz Natal, garoto,” disse o dono da loja para um rapazinho que logo percebemos ser o limpador de chaminés da nossa lista, o qual recebeu um urso com grande alegria.
“Muito obrigado! Deus o abençoe!” exclamou. O fulgor naquele lugar parecia ter se intensificado. No final do culto foi feita uma oração na qual o menino recebeu o Presente Mais Precioso, e outro botão desabrochou cheio de luz e alegria.
“Aquele menino,” disse Noel, flutuando mais uma vez para o céu, “não vai ficarr com o urrsinho.”
“Por que não?” perguntou Scrooge.
“Eu zei do que estou falando. Ele vai dar de presente ao irrmãozinho.”
Scrooge pareceu consternado. “Mas então por que não demos dois ursinhos para o menino?”
“E privá-lo de rezeber uma bênção maior? Não, nunca! O amorr e bênçãos de Deuz são grrandemente multiplicados com cada penzamento e gesto amorosos. Não é uma mágica marravilhosa?”
Scrooge meneou a cabeça lentamente.
O relógio bateu meia noite e Noel deu um pulo. “Minha nossa, que horas zão?!”
Scrooge pareceu alarmado, “Oh! Não diga que já precisa ir!”
“Infelizzmente, quando tratamos com mortais num mundo mortal, ficamos limitados pelo tempo,” respondi.
“Mas, e o resto da lista? E a menina que é minha vizinha? Vocês não podem simplesmente ir embora! Não é certo.
“Dê-me essa lista!” gritou ele, tirando-a da mão de Noel. “Se não vão atender a estes pedidos, eu vou. Levem-me para casa imediatamente! ... quer dizer... por favor.”
“Muito bem,” resmungou Noel, piscando para mim. Nós nos apertamos de novo no trenó e saímos disparados para o apartamento de Scrooge. Noel entrou pela janela junto com ele e eu fiquei esperando do lado de fora cuidando das renas. Não consegui ouvir o que conversaram lá dentro, mas a luz do apartamento foi ficando cada vez mais intensa. Quando Noel finalmente saiu, com certa dificuldade, pela chaminé estreita, o velho prédio radiava calor humano e felicidade. Ouvia-se “Viva!” e “Feliz Natal e Próspero Ano Novo!” ecoando pela chaminé!
Noel e eu sorrimos um para o outro. “Missão cumprida, vamos para casa”.
Enquanto desaparecíamos na noite de inverno, tiramos nossas fantasias e desenrolamos nossas asas. As renas se transformaram em querubins dançantes, e eu me dirigi àquele que tinha se passado por Noel. “Então, Gabriel, isso não foi nada convencional!”
Gabriel sorriu. “Louvado seja o Senhor! O céu inteiro canta louvores nesta época maravilhosa. Venha, Rafael, vamos cantar também!”
Então cantamos juntos o hino “Jubilosos, Te Adoramos."
Autoria e ilustrações de Yoko Matsuoka. Design de Roy Evans.Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2019 por A Família Internacional