Uma Dramatização do Livro de Neemias
Ver “Em Defesa dos Pobres”, outra história da vida de Neemias.
No século cinco A.C., Neemias tinha uma posição de honra como copeiro real, e lhe era confiado servir ao rei Artaxerxes, da Pérsia, bebidas que não contivessem qualquer veneno. Isso aconteceu no período em que o povo escolhido de Deus tinha sido levado cativo como castigo pelos seus pecados e rebelião contra Deus.
Quando eu, sendo judeu, ouvi dizer que Hanai e alguns judeus de Judá haviam chegado de Jerusalém, a mais de mil
quilômetros de distância, fiquei ansioso para saber notícias do meu povo e imediatamente os mandei chamar para que viessem até o palácio real de Susã.
Perguntei como era a vida em Jerusalém e logo Hanai me contou a triste história de aflição e sofrimento dos que haviam regressado do cativeiro. Os muros da cidade, outrora imponentes, ainda estavam em ruínas e as portas queimadas, mas ninguém tinha feito nada para reconstruir a cidade.
Ao ouvir isso, eu chorei, jejuei e orei por vários dias. Percebi que nós, o povo de Israel, tínhamos sido afligidos desse jeito por causa dos nossos pecados. Confessei para o Senhor que eu e o meu povo, assim como a casa do meu pai havíamos agido errado.
—Muitos anos atrás — orei — Você nos avisou através do Seu servo Moisés que éramos uma casa rebelde, e que Você nos espalharia pelas nações e seríamos levados cativos pelos nossos inimigos, que seriam cruéis conosco. Agora tudo isso aconteceu. Mas Você também disse que se nos arrependêssemos e voltássemos para Você e a obedecer-Lhe, Você nos abençoaria e faria retornar para a nossa terra.”1
Meu coração queimava com o desejo de ajudar o meu povo em Jerusalém, mas como conseguiria ter permissão do rei para isso, sendo eu um servo dele? Enquanto orava, me veio o pensamento de que Deus podia muito bem fazer um milagre.
—Ó Senhor — orei — tenha misericórdia de mim aos olhos do rei Artaxerxes, e dê-me o favor dele!
No mês que se seguiu ficou cada vez mais difícil esconder a minha tristeza. Um dia, quando trouxe vinho para o rei (a rainha também estava sentada com ele), ele reparou no meu semblante entristecido, quando geralmente estava alegre na sua presença.
—Você não está doente, então qual é a causa da sua tristeza?
—Ó rei — respondi—como posso não estar triste quando a cidade onde meus pais estão sepultados está em monturos de escombros e o meu povo grandemente afligido?
—Como eu posso ajudá-lo então? — perguntou o rei.
Decidi arriscar e pedi ao rei que me enviasse a reconstruir os muros de Jerusalém. O rei ficou pensativo por alguns segundos. Eu havia sido um servo diligente e fiel, e o rei Artaxerxes quis ser bondoso comigo.
—Por quanto tempo ficará ausente? — perguntou.
Eu marquei um certo tempo e o rei me concedeu o que lhe pedi.
Além de me dar cartas de recomendação e nomear governador de Judá, o rei autorizou que o guarda da floresta real perto de Jerusalém me desse toda a madeira necessária para a construção. O rei também me deu uma escolta militar para a longa e perigosa viagem.
Quando cheguei a Jerusalém, inspecionei a muralha durante a noite, porque havia muitos inimigos que se oporiam a que eu fortificasse as defesas da cidade. Por isso, não falei para ninguém das minhas intenções até ter feito um plano bem formulado.
Quando estava tudo pronto, chamei os magistrados, os sacerdotes e os nobres da cidade e expliquei que a mão de Deus me havia sido favorável para reconstruir Israel e o apoio que havia recebido do rei.
—Vamos então reconstruir! — respondeu o povo.
Minha fé e visão acendeu uma centelha de nova esperança no coração de todos que me ouviram. Antes da minha chegada, eles estavam desencorajados e sem direção, mas agora estavam felizes de se unir e trabalhar para um objetivo comum.
Contudo, nem tudo corria às mil maravilhas. Israel tinha inimigos. Sambalate, o horonita, e Tobias, o amonita, ficaram irados por alguém estar reconstruindo Jerusalém. Logo espalharam rumores maliciosos na tentativa de desacreditar a minha liderança, e acusaram-me de estar me rebelando contra o rei por estar fortificando as defesas de Jerusalém.
Mas eu decidi não ficar intimidado. Em vez disso, respondi que Deus é que nos prosperaria e que nós, Seus servos, íamos reconstruir Jerusalém, mas eles não tinham participação nem o direito de interferir.
Logo organizei a força de trabalho, dando uma parte do muro para cada família reconstruir, confiante de que alcançariam a sua meta. O povo também estava determinado a trabalhar e quando os meus inimigos viram que os muros estavam subindo a cada dia, ficaram irados, e seus ataques verbais aumentaram. Ficaram o tempo todo ali no local da construção zombando dos trabalhadores e de mim.
—O que é que vocês estão fazendo? — gritavam — Vocês acham que vão realmente conseguir construir essa muralha enorme? Sua construção é tão fraca que cairia se uma raposa encostasse nela!
Mas quanto mais nos insultavam, mais eu orava, e mais força Deus me dava para continuar. Finalmente, quando Sambalate e Tobias viram que o muro estava quase terminado, maquinaram parar o trabalho infiltrando-se na cidade e matando os trabalhadores um a um para espalhar medo entre as tropas e destruir seu ânimo.
Quando ficamos sabendo das suas intenções, em vez de temer, eu armei os trabalhadores com espadas, arcos e flechas, e coloquei uma guarda de dia e de noite.
—Não tenham medo deles — gritei — lembrem-se do Senhor, seu Deus! Lutem pelo seu povo, seus filhos, suas filhas, suas esposas e seus lares!
A partir daí, os trabalhadores trabalharam com a espada na cintura e os que pegavam os materiais trabalhavam com uma mão e seguravam a espada com a outra. Estávamos tão vigilantes, que até dormíamos vestidos, de forma a estarmos prontos para irmos em socorro dos outros no caso de algum problema.
Quando chegou aos ouvidos de Sambalate e Tobias que o muro e as portas estavam quase prontas, me mandaram um mensageiro especial, dizendo: “Venha, encontremo-nos numa das aldeias, na planície de Ono.”
Mas eu sabia que aquele convite para falar de paz era uma armadilha maquinada contra mim.
—Estou fazendo uma grande obra, e não posso descer. Por que cessaria a obra, enquanto eu a deixasse para ir falar com vocês?
Então, o inimigo enviou mais quatro mensageiros, mas como eu continuava recusando, eles mandaram uma carta aberta dizendo que haviam sido informados por fontes confiáveis que eu tinha fortificado Jerusalém com intenções de me rebelar contra o rei Artaxerxes. E ameaçando que, se não negociasse com eles, informariam o rei da minha conduta traiçoeira.
Nobres de Judá desleais agiam como espiões para Tobias, informando-o de tudo que eu fazia e ao mesmo tempo tentavam convencer-me das boas intenções do mesmo. Tudo isso na tentativa de me desencorajar e confundir. Mas eu mantive os olhos no Senhor e no trabalho.
—Senhor — orei eu — eles estão tentando me assustar, achando que estamos enfraquecidos de tanto trabalhar. Fortalece, pois, Senhor, as minhas mãos.
É verdade que o povo estava cansado de trabalhar sob aquela barragem constante de informações erradas do inimigo, mas minha fé continuou inabalável, e eu perseverei. O segredo estava, não na minha própria força, mas em buscar a força e a sabedoria do Senhor, e o Senhor me abençoou grandemente por isso.
Em breve, o trabalho aparentemente impossível de reconstruir os muros estava terminado... em apenas cinquenta e dois dias! A cidade encheu-se de alegria, quando os enormes portões de madeira foram assentados e fechados. As mesmas pessoas que, antes da minha chegada, estavam abatidas, desencorajadas e sem esperança, estavam agora cantando de alegria pelas ruas por o trabalho ter finalmente sido terminado!
Quando todas as cidades vizinhas souberam disso — escrevi eu mais tarde — ficaram atemorizadas e perderam sua autoconfiança, ao perceberem que havíamos feito este trabalho com a ajuda do nosso Deus.
Por causa da nossa fé e obediência, Deus derramou o Seu Espírito sobre nós e houve um tremendo reavivamento espiritual. Toda a nação se reuniu enquanto os sacerdotes ensinavam a Palavra do Senhor.
Durante sete dias, o povo veio todas as manhãs escutar a Palavra de Deus, endireitando assim o seu coração com o Senhor. Todo mundo louvou a Deus e contou as bênçãos que o Senhor lhe havia dado, apesar de seus muitos erros e pecados.
E quando a multidão percebeu o que Deus tinha reservado para eles o tempo todo e que Ele os amava apesar dos seus pecados, começaram a se lamentar por causa dos erros passados. Mas eu me levantei diante da grande congregação e encorajei os seus corações entristecidos.
—Não fiquem tristes nem chorem! — disse. — Vão e saboreiem comidas especiais e bebidas doces, e deem uma parte aos pobres que não têm nada. Este dia é consagrado ao Senhor. Não estejam tristes, porque a alegria do Senhor é a sua força!2
Notas ao pé da página:
1 Deuteronômio 4:27–31, 12:5
2 Ver Neemias 8:10.
Ver “Heróis da Bíblia: Neemias” para mais sobre este fascinante personagem da Bíblia.
Adaptado do Good Thots © 1987. Design de Roy Evans.Uma produção My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional.