Uma dramatização de Daniel 4
Nabucodonozor, rei do Império Babilônico, estava com sua rainha nos jardins da cobertura do seu palácio imperial, observando a capital da Babilônia. O sol estava se pondo, e lançava uma luz dourada sobre os telhados dos gloriosos edifícios e templos à distância.
— Que bom estar de volta ao lar! — disse ele com o rosto radiante.
— É maravilhoso tê-lo de volta, meu senhor! — respondeu a rainha. — Você passou tantos meses fora na sua última conquista!
— Sim, e foram conquistas muito grandiosas, minha querida. Você tinha que ter me visto chefiando os meus exércitos enquanto varríamos a Palestina e as nações do Jordão! Nada podia se opor a mim! Nós massacramos totalmente os exércitos deles, derrubamos as muralhas de suas cidades e queimamos seus palácios. Nunca existiu um império tão grandioso como o meu ... ah, nosso, nem um rei conquistador tão glorioso e poderoso quanto eu.
—Você também trouxe muitos bens e riquezas.
—Sim — disse o Rei — e escravos! Vou pôr milhares deles trabalhando para tornar a Babilônia mais bela!
— Que já está linda como está! — disse a rainha. — Nunca existiu uma cidade mais grandiosa nem magnificente no mundo inteiro!
Nabucodonozor respirou fundo e sorriu.
—E tenciono fazer com que se torne ainda mais gloriosa — disse ele. —Com mais escravos, agora posso agilizar ainda mais o trabalho!
Depois de um farto banquete e vários copos de vinho, Nabucodonozor e sua rainha foram se deitar, e o grande monarca, governador da Babilônia e do mundo, caiu no sono. Em outra parte da cidade, homens e mulheres de muitas nacionalidades, tremendo de frio e exaustos depois de um dia de trabalho, adormeceram sobre ásperas esteiras de palha. A noite passou rapidamente para eles. Foram acordados antes de o sol nascer e depois de comerem uma refeição de pão e sopa, foram conduzidos ao trabalho. Com seu sangue, suor e lágrimas, eles estavam construindo a cidade mais magnificente na face da terra!
Naquela manhã, justo antes do sol raiar, um oficial importante de quarenta e tantos anos caminhava pela Rua da Procissão, a avenida principal da cidade. Quando passava pelo Portão de Ishtar, viu uma charrete vindo rapidamente em sua direção, a qual parou bem ao seu lado, ao puxarem abruptamente as rédeas dos cavalos.
—Daniel! Entre! — disse um nobre judeu idoso. — O rei Nabucodonozor quer vê-lo imediatamente.
O nobre Beltessazar, conhecido pelos seus amigos hebraicos como Daniel, entrou rapidamente na charrete ao lado do seu amigo Abedenego, e voltaram rapidamente para o palácio real. Assim que chegaram à escadaria do palácio, uma dúzia de guardas o escoltaram até à sala do trono do rei.
Magos e astrólogos faziam um burburinho ao redor do trono, mas, quando Daniel entrou, o rei Nabucodonozor imediatamente mandou todos embora do salão.
—Venha! Venha aqui, Beltessazar! — disse o rei.
— O que é, ó rei? — perguntou ele, depois de se curvar reverentemente e aproximar-se do trono.
Hoje de manhã cedo, eu tive um sonho incrível, um pesadelo — respondeu o rei, com os olhos arregalados de medo. — Quando estava deitado em minha cama, as visões que me vieram à cabeça me deixaram aterrorizado.
—Mas eu não entendo o significado daquilo. Contei o meu sonho para todos os sábios da Babilônia — todos os magos, encantadores, astrólogos e adivinhadores — mas eles não conseguiram interpretá-lo.
—Mas você, Beltessazar, é o mestre dos mágicos! Eu sei que o espírito do Santo Deus está em você, e não há mistério difícil demais para você. Muitos anos atrás, você me contou o significado do meu sonho da grande estátua reluzente. Talvez possa fazer o mesmo agora. Então ...o meu sonho foi o seguinte:
—Eu vi diante de mim uma árvore bem alta. Ela ficou maior e mais forte! Tão alta que o seu topo atingiu o céu; e podia ser vista de todos os cantos da terra. A sua folhagem era formosa e tinha fruto em abundância que a todos alimentava. Os animais do campo podiam se abrigar debaixo dela, e as aves do céu habitavam nos seus galhos, e todas as criaturas da Terra se alimentavam dela!
Depois Nabucodonozor ficou pálido e o suor escorria pela sua face, à medida que revivia a experiência:
—Então, na minha visão, olhei e havia um vigia diante de mim! Não uma sentinela normal como as que guardam a muralha de uma cidade, mas...
O rei baixou a voz, enquanto dizia atônito:
—Era um vigia divino, um anjo que descia dos céus.
Então o vigia disse em voz alta:
—Derrubem a árvore e cortem os ramos, sacudam as folhas e espalhem o seu fruto! Deixem os animais que estão debaixo dela fugir, e as aves irem embora dos seus ramos! Mas seja o tronco com as suas raízes ligados com ferro e bronze e permaneçam na terra, na grama do campo, e seja molhado com o orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais na erva da terra!
Tremendo, Nabucodonozor parou por um instante, respirou fundo e depois prosseguiu:
—Então o vigia deu ordens para que "a sua mente seja mudada para que não seja mais mente de homem, e seja-lhe dado mente de animal, até que passem sobre ele sete anos! Esta sentença é por decreto dos vigiadores, e esta ordem por mandado dos santos, a fim de que os viventes saibam que o Deus Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer, e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles!”
—Foi este o meu sonho, Beltessazar. Agora diga-me o que significa.
Daniel sentou-se, profundamente absorto pensando e orando, e à medida que lhe veio o significado do sonho do rei, Daniel ficou atônito e muito perturbado. Sabia que o rei não ia gostar da sua resposta, porém sabia que devia lhe dizer a verdade para o próprio bem do rei.
—Beltessazar, não fique preocupado com o sonho nem com a sua interpretação — disse Nabucodonozor ao ver o olhar perturbado de Daniel. — Conte-me o significado do mesmo.
—Meu senhor, se ao menos o sonho fosse contra os seus inimigos e o significado contra os seus adversários — disse Daniel respeitosamente. — A árvore que você viu, a qual cresceu e ficou grande e forte, e que chegava ao céu, visível em toda a terra... é você. O senhor se tornou grande e forte, a sua grandeza cresceu até atingir o céu, e o seu domínio se estende até às partes distantes da terra, da Pérsia à fronteira do Egito.
—Esta é a interpretação das palavras do vigia, ó rei, o que o Deus Altíssimo decretou contra você:
—Você será tirado de entre os homens, e viverá com os animais selvagens; comerá grama como os bois e ficará molhado do orvalho do céu por sete anos, até que reconheça que o Altíssimo Deus tem domínio sobre os reinos dos homens e os dá a quem Ele quer.
—E o que foi dito para deixar o tronco com as raízes da árvore significa que o seu Reino lhe será restituído quando você reconhecer que o céu reina sobre a terra.
Daniel sabia muito bem que essa mensagem havia sido dada ao rei por causa do seu grande orgulho em achar que ele sozinho tinha construído a cidade da Babilônia e o Império Babilônico.
Esperando que o rei Nabucodonozor de alguma forma mudasse ou se arrependesse para que não tivesse que passar por tal provação, Daniel continuou:
— Ó rei, aceite os meus conselhos e desfaça os seus pecados fazendo o que é justo, ponha de lado a sua iniquidade mostrando misericórdia pelos pobres. Talvez então a sua tranquilidade e prosperidade continuem.
Atônito, o rei Nabucodonozor ficou sentado por muito tempo em silêncio, ponderando sobre o que Daniel havia dito. Eram palavras ousadas para qualquer pessoa dizer ao governante do mundo. Até mesmo alguém que ele respeitava tanto quanto Daniel.
Após vários meses, porém, o medo que o sonho lhe havia incutido deve ter se desvanecido, porque ele começou a ser ainda mais soberbo e tirânico.
Passou-se um ano, e uma manhã, quando passeava na cobertura do seu palácio, Nabucodonozor contemplou a grande cidade que ele havia construído. Pensou no grande templo dourado do seu deus, Marduk, e nos cinquenta e três templos e oito altares que ele havia passado tanto tempo construindo e ornamentando. Pensou no seu palácio, o edifício mais magnificente da terra, e como vivia em luxo como nenhum outro rei da terra. E depois pensou: “Nunca existiu, e nunca existirá, uma cidade tão magnificente e gloriosa como a Babilônia.”
Então Nabucodonozor exclamou:
—Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para ser a minha residência real, com a força do meu poder e para a glória da minha majestade?
As palavras ainda estavam nos seus lábios quando uma voz audível ribombou do céu, dizendo:
— Isto é o que foi decretado para você, ó rei Nabucodonozor: O Reino se foi de você, e você será tirado de entre as pessoas e viverá com os animais selvagens. Você comerá grama como os bois, e sete anos passarão até você reconhecer que o Deus Altíssimo governa os reinos do homem e os dá a quem Ele quiser.
Subitamente, Nabucodonozor cambaleou e caiu ao chão. Nessa mesma hora a profecia sobre ele se cumpriu. Nabucodonozor foi tirado dentre os homens e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu o cabelo como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves.
Passaram-se sete longos anos, e um dia parece que algo dentro de sua mente deu um estalo, e sua sanidade foi restaurada. Dando-se conta de tudo que lhe havia acontecido, Nabucodonozor elevou os olhos em direção ao céu, e começou a louvar e glorificar o Deus Altíssimo.
Com lágrimas escorrendo pela face, ele disse:
—O Seu domínio é um domínio eterno; o Seu reino dura de geração em geração. Todos os povos da terra são considerados nada aos Seus olhos. Segundo a Sua vontade Ele opera no exército do céu e nos moradores da terra. Não há quem Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes?
Dentro de um dia, todos os seus conselheiros e nobres tinham ido até ele e, vendo o rei com a mente sã, lhe restituíram o trono. A sua honra e esplendor lhe foram devolvidas e ele se tornou um rei ainda mais grandioso do que antes.
Nabucodonozor mudou tanto que escreveu uma carta para o mundo babilônico inteiro e a mandou traduzir para todas as línguas do seu império, confessando o seu pecado e proclamando sua fé em Deus. Essa carta oficial contendo um pedido público de perdão foi preservada na Bíblia no Capítulo quatro do livro de Daniel.
Ela termina com a seguinte proclamação: "Agora, pois, eu, Nabucodonozor, louvo, exalto e glorifico o Rei dos céus, pois tudo que Ele faz é certo e todos os Seus caminhos são justos: e os que caminham em orgulho Ele pode rebaixar.”1
Nota ao pé da página:
1 Daniel 4:37.
Ver “Héroes de la Biblia: Daniel” para mais sobre este fascinante personagem da Bíblia.
Adaptado do Good Thots © 1987. Design de Roy Evans.Uma produção My Wonder Studio. Copyright © 2021 por A Família Internacional