Meu Estúdio Maravilhoso
Uma Aventura da Bíblia: Em Defesa dos Pobres
Sexta-feira, Janeiro 21, 2022

Uma dramatização de Neemias 5

Ver “O Homem que Construiu um Sonho”, outra história da vida de Neemias.

Foi no ano 444 A.C., durante o reinado do Rei Artaxerxes da Pérsia, que Neemias, o copeiro real, partiu numa missão para reconstruir Jerusalém. Jerusalém era a cidade de seus pais e fora outrora a grande capital de Israel. Devido aos seus pecados e rebelião contra Deus, os Judeus tinham sido conquistados e forçados a servir como escravos da Babilônia por muitos anos. Depois os Medos e os Persas, sob o comando do Rei Ciro, conquistaram a Babilônia, e estabeleceram um vasto império que durou mais de 200 anos. Ciro, que era amigo e defensor dos Judeus, decretou no primeiro ano do seu reinado que os Judeus poderiam começar a voltar para a sua terra natal: Israel.

Cerca de 100 anos depois, havia sido feito pouquíssimo progresso para restaurar Jerusalém. As outrora imponentes muralhas ainda jaziam em monturos de ruínas carbonizadas, e os portões da cidade incendiada continuavam destruídos.

Com o coração consternado pela triste condição de seu povo, Neemias conseguiu persuadir o Rei Artaxerxes a dar-lhe permissão para ir para Jerusalém. Devido ao seu serviço fiel como copeiro do rei, bem como à sua amizade com Artaxerxes, o rei nomeou Neemias governador da província de Judá. Ele também lhe deu cartas oficiais de recomendação, bem como uma considerável quantidade de material e apoio financeiro para reconstruir as muralhas de Jerusalém.

Pouco depois que Neemias voltou para Jerusalém, ele convenceu os nobres e o povo da cidade a unirem-se sob a sua fiel liderança, para reconstruírem a cidade. A princípio o trabalho progrediu rapidamente, e em breve as muralhas da cidade estavam subindo, apesar da oposição inimiga. Havia, porém, outros problemas.

Uma seca começara a assolar a terra. A produção de alimentos tinha diminuído catastroficamente e estava afetando muitos dos Judeus mais pobres que viviam do que produziam. Mas a fome não foi a única causa das dificuldades deles. Alguns nobres e agiotas abastados de Jerusalém começaram a tirar vantagem da condição de pobreza dos seus irmãos, vendo essa época de escassez como uma oportunidade de fazer mais dinheiro.

Pelo fato da produção de alimentos praticamente ter parado, a maioria das famílias que normalmente tinham suas próprias plantações, subitamente foram forçadas a procurar e comprar provisões até a seca melhorar. Então, os agiotas gananciosos ofereceram empréstimos, cobrando juros de modo a lucrarem. Para obter tais empréstimos, muitas das famílias que estavam passando fome, foram forçadas a hipotecar seus próprios campos, vinhedos e lares.

Outros já tinham hipotecado suas propriedades para poderem pagar os impostos para o governo persa, que eram cobrados todos os anos em todas as províncias, e os que já tinham penhorado suas terras e continuavam sem a comida necessária, eram forçados a vender seus próprios filhos como escravos para poderem sobreviver! Pior ainda, devido aos altos juros, em breve ficou impossível eles pagarem seus débitos, e logo os agiotas começaram a pôr limites às hipotecas, e passaram a ser donos das terras. A essa altura, havia pouca esperança de comprarem de volta a liberdade de seus filhos!

Aquela situação cruel tinha finalmente chegado ao ponto em que precisava de um basta. Alguns líderes já haviam reclamado que o trabalho nas muralhas tinha ficado muito difícil.

—A eficácia dos trabalhadores diminuiu — clamavam eles — E há tanto entulho e escombros que jamais terminaremos e, como se isso não fosse suficiente, nossos inimigos estão ameaçando nos atacar a qualquer momento!

Até esse ponto Neemias sempre tinha conseguido inspirar fé nos homens para continuarem construindo as muralhas apesar de todas as adversidades. Sua coragem e perseverança contagiavam todo mundo. Agora, porém, ele reconhecia que um adversário ainda maior ameaçava destruir tudo que ele e seu povo haviam sonhado. Alguns de seus próprios nobres e ricos líderes cívicos estavam praticamente minando os esforços de Neemias com a ganância deles.

Uma tarde, quando Neemias estava inspecionando a cavalo o trabalho nas muralhas, uma multidão de trabalhadores esfarrapados o abordou, protestando contra os agiotas que os haviam ludibriado a uma escravidão financeira.

—Nós somos irmãos desses homens ricos e nossos filhos são como os deles — disseram.

Contudo tivemos que vender nossos filhos como escravos para podermos ter dinheiro suficiente para viver, e não temos esperança de poder comprá-los de volta, pois eles confiscaram nossos campos e terras.

Quando Neemias ficou sabendo da situação da boca deles, ficou furioso. Convocou um julgamento público diante de uma grande assembleia e lidou severamente com os aproveitadores.

— O que vocês estão fazendo? — perguntou ele. — Como ousam pedir que seus irmãos penhorem o que têm como condição para ajudar um irmão da sua própria raça?

Ele então os lembrou que as leis que Deus deu a Moisés proíbem que os Judeus emprestem dinheiro aos seus irmãos de modo a lucrar com isso.1

—O resto de nós estamos fazendo todo o possível para ajudar — vociferou Neemias no decorrer do julgamento. — Até estamos comprando a liberdade de muitos irmãos com o nosso próprio dinheiro, mas vocês os estão forçando a voltarem para a escravidão! Quantas vezes vamos ter que redimi-los?

A multidão toda se calou enquanto Neemias esperava a reação deles, mas os culpados não tinham nada a dizer em defesa própria. Eles sabiam que era contra a lei emprestar dinheiro com juros. E, além disso, o que emprestava sempre era obrigado a levar em consideração a condição financeira do que pedia emprestado e a sua capacidade de pagar o empréstimo, para não ser extorquido dele o pouco que tinha.2

Neemias enfatizou ainda mais o seu ponto de vista diante da assembleia dizendo:

—Vocês estão fazendo algo mau aos olhos de Deus! Como podemos esperar que o Senhor abençoe o nosso país e nosso povo se nós mesmos nos tornamos nossos piores inimigos? Vocês não deveriam andar no temor do nosso Deus? Será que já não temos inimigos suficientes entre as nações ao nosso redor que estão tentando nos destruir, sem termos inimigos entre o nosso próprio povo?

—Eu emprestei dinheiro e milho ao povo, sem juros, e os meus companheiros e os homens que trabalham para mim fizeram o mesmo. Agora, pois, cada um de vocês que emprestou dinheiro com juros, cancele hoje mesmo todas as suas exigências de pagamento e todas as dívidas deles, quer seja dinheiro, milho, vinho ou azeite de oliva, e devolvam para eles os seus campos, vinhas, plantações de azeitona e casas!

Enquanto os acusados estavam diante de Neemias e de toda a assembleia, um a um, envergonhados, começaram a concordar com suas exigências. O egoísmo deles havia sido desmascarado diante de todos. O povo ficou atônito ao ver os homens, que tinham se aproveitado deles de maneira tão cruel, prometerem dar assistência tanto financeira como material aos seus irmãos, sem juros e sem exigirem que penhorassem suas terras ou vendessem seus filhos como escravos.

Parecia ser digno de uma comemoração, mas Neemias não ia se arriscar. Ele imediatamente convocou os sacerdotes e exigiu que os ofensores fizessem um voto oficial de que iam cumprir o prometido. Depois Neemias tirou a faixa que usava na cintura e sacudiu-a diante deles.

—É assim que Deus sacudirá qualquer um de vocês que não cumprir sua promessa — disse ele. — Eu invoco a maldição de Deus sobre os que se recusarem! E que Deus destrua suas casas e meios de sustento se não honrarem sua palavra!

E todo o povo gritou “Amém!” e louvaram o Senhor com grande alegria! E todos os ofensores fizeram o que haviam prometido.

Graças a essa vitória sobre os inimigos mais perigosos que tinham — o avarento inimigo interno — a obra nas muralhas recomeçou com maior velocidade ainda! Quando terminaram a muralha, devido à união que haviam alcançado e à obediência do povo ao Senhor e à Sua liderança escolhida, houve um grande reavivamento espiritual no coração de todo o povo.

Durante os doze anos que Neemias governou Judá, ele recusou aceitar qualquer salário do governo, e no seu diário Neemias escreveu: “Não aceitei salários nem outra assistência do povo de Israel. Eu continuei trabalhando na muralha e nem eu nem os que trabalhavam comigo se aproveitaram da nossa posição para ganho pessoal. Nem adquirimos nenhuma propriedade para nós mesmos.

Eu também exigi que todos os meus oficiais passassem algum tempo trabalhando na muralha, tudo isso apesar do fato de que eu dava de comer regularmente a cento e cinquenta oficiais judeus na minha mesa diariamente, além de visitantes de outras nações, e tudo isso foram grandes despesas para mim. Mesmo assim eu me recusei a cobrar impostos do povo, pois eles já estavam tendo dificuldades demais.”

Teria sido difícil Neemias persuadir outros a dar aos pobres se ele não tivesse sido um exemplo para todos do seu amor a Deus, altruísmo e sacrifício pelos seus irmãos.


Notas ao pé da página:

1 Ver Êxodo 22:25–27 e Deuteronômio 23:19–20.

2 Ver Deuteronômio 15:1–11.

Ver “Heróis da Bíblia: Neemias” para mais sobre este fascinante personagem da Bíblia.
Adaptado do Tesouros © 1987. Design de Roy Evans.
Uma produção My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional.
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