Meu Estúdio Maravilhoso
O Focinho do Camelo
Quarta-feira, Junho 15, 2022

Uma alegoria sobre não transigir

Numa fria noite de inverno no deserto, um condutor de camelos acampou para a noite e se preparava para dormir. Dentro de sua tenda, um montinho de carvão em brasa mantinha o ambiente aquecido.

“Que noite mais fria,” pensou com seus botões. “Que bom que estou dentro da minha tenda quentinha. Antes de dormir vou dar uma remexida nas brasas para me certificar de que estarei aquecido a noite inteira.”

Enquanto isso, os camelos lá fora começaram a reclamar. “Minha nossa! Que frio que está fazendo aqui.

Funga, funga.

“Sente só o meu focinho. Está congelando! E o meu dono está lá no bem bom, na sua tenda quentinha! Se eu pudesse botar nem que fosse a pontinha do meu focinho na tenda, seria tão bom. ...Já sei! Vou rasgar um pedacinho da tenda com meu dente bem aqui, aí poderei colocar o focinho lá dentro.”

Rasga!

“O que foi isso?” perguntou o condutor de camelos. “Parece que a minha tenda está rasgando.

Essa não! Tem um focinho de camelo bem ali do lado!”

O condutor pulou e pegou no seu travesseiro. “Fora!” Começou a gritar enquanto acertava o camelo com o travesseiro. “Cai fora! Seu animal safado!”

“Oh, por favor, por favor, querido mestre!” rogou o camelo. “Buá, buá, buá! Não me bata. Por favor, não me bata! Faz frio aqui fora, e o meu focinho está congelando! Deixa eu esquentar o meu focinho já que ele já está dentro da sua tenda. Um focinho só não deveria incomodá-lo. Por favor?”

Apesar do condutor de camelos estar zangado, e com razão, parou de bater com o travesseiro e disse: “Olha só o que você fez -- rasgou a minha tenda. Agora vai me dar um trabalhão consertá-la. Mas eu entendo que está bem frio lá fora. ...”

Ele então fez uma pausa e pensou um pouco na situação.

“Tudo bem. Pode aquecer o seu focinho, mas só o focinho!”

Com isso resolvido, o homem voltou para a sua cama.

Contudo, o camelo cheio de atitude não parou por aí. Que gostoso. Meu focinho já está quentinho. Mas as minhas orelhas estão frias. Seria melhor eu esquentar a minha cabeça toda.

Rasga! Rasga!

O condutor de camelos se pôs de pé rapidinho com o travesseiro na mão. “Ah, essa não, não dá para acreditar! O camelo botou a cabeça inteira dentro da tenda! Sai daí animal! Fora! Fora! Fora!” Gritou o condutor batendo no camelo com seu travesseiro.

Mas o camelo não saiu. “Não, não, querido mestre! Por favor, não bata em mim! Não me peça para sair,” rogou o camelo. “Você não sabe como está frio aqui fora. Não dá nem para explicar como é horrível sentir esse gelo correndo pelo meu corpo... e as minhas orelhas estavam tão frias! Deixe-me esquentar a minha cabeça, só a cabeça. Será que estou pedindo tanto assim numa noite tão fria?”

O homem olhou para o camelo e cedeu. “Mas só a cabeça, e fica quieto para eu poder dormir!”

E voltou para a cama.

RASGA! RASGA! RASGA!

“Agora deu!” gritou o condutor de camelos pulando mais uma vez para fora de sua cama. “Desta vez esse camelo vai ser expulso! Ele está pedindo!”

“Ai, não!” gritou o condutor ao ver o que o camelo tinha feito à sua tenda desta vez. “O rasgo agora está enorme! E o camelo botou metade do corpo para dentro da minha tenda! Fora! Fora!”

Bate! Bate! Bate!

“Ai, querido mestre!” disse o camelo na sua súplica. “O senhor é um homem tão gentil e generoso. Sua hospitalidade tem sido maravilhosa demais para eu descrever. Está terrivelmente frio aqui fora, e a sua tenda está tão quentinha... Por favor, permita-me aquecer esta metade de meu corpo. Eu só preciso me esquentar um pouquinho e depois vou embora e o deixo em paz.”

Puxa vida, o que vou fazer com um animal destes? Pensou o condutor de camelos. Ora, o estrago já está feito mesmo, então acho que posso deixar ele ficar aqui um pouquinho para se esquentar. Ele prometeu que iria embora logo. Está quase que todo dentro da tenda mesmo, não vai rasgar muito mais do que isso. “Você pode ficar até se aquecer. Mas aí vai ter que ir embora!” E o condutor voltou mais uma vez para a cama.

Este camelo não me deixou dormir metade da noite! Pensou. É melhor eu descansar bem agora. Ele bocejou enquanto puxava as cobertas.

Mas o camelo continuou reclamando consigo mesmo. Coitadinho do meu traseiro! Está congelando.

RASGA! RASGA! RASGA!!

O camelo rasgou a tenda de cima a baixo, e a coisa balançou e quase desmoronou.

“O que é isso?! Como assim?! O que está acontecendo?” esbravejou o condutor pulando de sua cama mais uma vez. “Essa não! O camelo entrou inteiro na minha tenda!”

“Ei, olha só este rasgo na tenda quentinha do nosso dono!” exclamou um dos camelos. De repente, por aquela abertura, entraram também os outros camelos!

“Puxa!” disse outro. “Está bem quentinho aqui.”

“Ei, para de empurrar!”

“Primeiro eu! Não dá para entrar todo o mundo junto!”

“Essa não!” gritou o condutor. “Socorro! Parem! Parem! Fora! Sai fora! “Puxa vida, vou ter que sair senão todos esses camelos vão me pisotear!” E assim foi que o pobre condutor de camelos mal conseguiu escapar daquela tenda. E lá foi ele para fora, encarar a noite fria, de pijama, antes que a tenda ficasse tomada por camelos.

“Ai, está gelado aqui fora!” exclamou. “Se eu tivesse parado aquele camelo quando colocou o focinho para dentro, ainda estaria na minha tenda quentinha.”

A ilustração do camelo entrando na tenda de seu mestre é como quando começamos a adquirir um mau hábito ou abrimos concessão e aceitamos um mau comportamento. Você tem um “camelo” que deveria impedir de entrar na “tenda” da sua vida?
Autor desconhecido, recontado por Paul Williams. Ilustrações de Zeb.
Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional

Veja aqui uma versão animada da história em inglês, muito divertida.

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Tagged: histórias infantis, convicção