Meu Estúdio Maravilhoso
Boas Maneiras
Quarta-feira, Fevereiro 16, 2022

Carol e Lena desceram a escada rindo. Na frente da secretaria, esbarraram em Joel, que estava passando com uma pilha de pastas e papéis. Ele titubeou um pouco e os papéis voaram por todo o lado.

— Ei!! — exclamou, quando as garotas passaram por ele voando.

— Desculpe! Estamos indo pra sala de materiais pegar papel para o projeto que estamos fazendo, — gritou Lena por cima do ombro.

Elas dobraram a esquina e sumiram, mas seus gritinhos animados continuaram ecoando pelo corredor.

—Oh não, o que vamos fazer? — perguntou Carol quando entraram correndo na sala de materiais. — A cartolina laranja está na prateleira de cima, e não tem como a alcançarmos.

— Eu vi o Sr. Marcos quando passamos pela secretaria. Podemos pedir para ele nos ajudar — sugeriu Lena, e saíram de novo correndo porta fora.

— Sr. Marcos! — chamaram juntas alguém que estava de costas sentado à sua mesa. — Sr. Marcos! ... Precisamos que o Senhor pegue uma coisa para nós na sala de materiais. Ei!

O Sr. Marcos virou-se e levou o dedo aos lábios. As garotas viram que ele estava falando ao telefone.

— Não conseguimos alcançar as folhas de cartolina laranja — insistiu Carol, sem dar atenção ao pedido dele. — O senhor pode pegar para nós?

A Srta Tainá estava passando e ouviu a última frase.

— Eu posso pegar pra vocês — disse gentilmente.

— Que bom — respondeu Lena. — Venha, vamos lhe mostrar o que precisamos.

*

Na manhã seguinte, a professora do 3º ano, a Srta Gigi, chegou atrasada. As crianças esperaram mais de 20 minutos até que ela finalmente apareceu. Ela não disse bom dia, não pediu desculpas por ter chegado atrasada e nem deu nenhuma explicação. Em vez disso, começou logo a lição de História sobre o Império Romano.

— Quem sabe me dizer algumas diferenças entre a época da Roma antiga e a presente, — perguntou a certa altura.

Levantaram-se algumas mãos.

— William?

— Uma diferença é que as pessoas tinham que viajar a ...

— Naquele tempo, as pessoas tinham que andar muito mais — disse a Srta Gigi, interrompendo William.

As crianças ficaram surpresas por a Srta Gigi ter interrompido o William como se ele nem estivesse falando, e por ter respondido a pergunta por ele. Ela continuou fazendo isso o resto da aula.

A aula estava chegando ao fim e era quase hora do recreio da manhã, então as crianças começaram a dirigir-se para a porta para saírem. De repente, a Srta Gigi empurrou as crianças para o lado, passou bem no meio e saiu sem nem pedir licença ou lhes agradecer.

Lá fora no pátio, Carol estava contando para Marisa e Lena sobre o parque de diversões onde os pais queriam levá-las no próximo final de semana. A Srta Gigi apareceu de repente bem quando Carol estava explicando sobre alguns brinquedos e interrompeu Carol, mandou Marisa ir imediatamente pegar um casaco para ela no armário, e depois foi embora.

Lena olhou para Carol e comentou:

— Eu nunca vi a Srta Gigi agir assim, e você?

— Também não — respondeu Carol. — É como se ela nem reparasse no resto de nós.

Esse comportamento estranho continuou durante o almoço. A Srta Gigi passou o braço por cima do William para pegar a água, e quase o fez enfiar o garfo boca adentro.

Depois, quando Lena estava pondo sal nos legumes, a Srta Gigi arrancou o sal da mão dela. Sem nem pedir licença, colocou sal na sua comida e depois continuou a comer, fazendo barulho enquanto mastigava a comida com a boca aberta e com os cotovelos na mesa. Enquanto falava sem parar de como estava com tanta fome, as crianças olharam chocadas quando um pedaço de alface caiu de sua boca bem no prato.

A maior parte dos dias, a Srta Gigi dava 20 minutos depois do almoço de leitura pessoal para as crianças lerem uma história que ela lhes dava. Normalmente, durante esse tempo ela estudava em silêncio as aulas que daria para a turma durante a tarde. Mas hoje, a Srta Gigi começou a navegar por algumas músicas no seu computador, tocando partes aqui e ali nos alto-falantes do computador. Começava a tocar uma música, e logo depois parava e mudava para outra. A maioria dos alunos estava tendo dificuldade para se concentrar na leitura, mas ela não parecia se preocupar com isso.

Vinte minutos depois, a Srta Gigi desligou a música, recostou-se na cadeira e olhou para os alunos com um sorriso.

— Por favor, guardem os livros. Tem algo que eu gostaria de explicar — disse às crianças.

— Em primeiro lugar, vocês repararam algo no meu comportamento hoje?

Fez-se um silêncio total.

A Srta Gigi sorriu.

— Gostariam de comentar algo sobre o meu comportamento de hoje?

Mais uma vez foi o maior silêncio.

—Vocês acham que eu agi com educação e fui cortês com vocês?

Essas palavras foram o gatilho para um monte de comentários das crianças.

— Não — respondeu Joel.

— Você me interrompeu quando eu estava tentando responder à sua pergunta — disse William.

— Você passou o braço por cima do William e pegou a jarra d’água em vez de pedir para a passarem para você — disse Marisa.

— Eu não consegui concentrar no nosso projeto de leitura por causa da música — disse Alan.

— Você não explicou por que chegou atrasada hoje de manhã — disse Carol. — Nem pediu desculpas por interromper minha conversa com Marisa e Lena. Na verdade, nem pediu a Marisa para ajudá-la, só pediu para pegar um casaco para você imediatamente.

A Srta Gigi escutou enquanto seus alunos lhe contavam as muitas formas como havia magoado seus sentimentos, os chateado, tratado sem educação, ou sido desagradável.

— Eu fui mal-educada com vocês hoje — disse a Srta Gigi. — Na verdade, conseguem pensar em uma palavra que resume a forma como agi?

— Rude? — perguntou William.

— Isso mesmo. Hoje todos vocês sentiram como é ser afetado pelas ações de alguém rude.

— Nunca esperei que adultos se comportassem assim, e principalmente professores. Eles sabem o que fazer — comentou Marisa.

—Tem razão, Marisa — disse a Srta Gigi. Nós deveríamos saber o que estamos fazendo. Deveríamos ser ensinados enquanto crescemos a nos comportar da maneira correta, e ter uma vida inteira para edificar hábitos corteses e demonstrar consideração pelos outros.

— Mas o meu comportamento de hoje não foi um descuido. Eu estava sendo rude de propósito. Queria ajudá-los a entender como é ser tratado sem educação.

— Ah, entendi — disse Lena. — Você queria nos mostrar como fazemos os outros se sentirem às vezes.

— Isso mesmo — respondeu a Srta Gigi. — Vocês são crianças maravilhosas, mas às vezes bem descuidadas na maneira como afetam os outros.

— De que maneiras cada um de nós poderia ser mais educados e demonstrar mais respeito pelos outros? — perguntou a Srta Gigi. — Podemos fazer uma lista de pontos no quadro branco, para nos lembrarmos de trabalhar neles durante o mês, e depois podemos conversar de novo a este respeito no final do mês para vermos no que melhoramos.

— E se tivermos feito progresso suficiente, podemos planejar algo para comemorar? — perguntou William.

— Claro — respondeu a Srta Gigi. — Você tem algo em mente?

Várias mãos se levantaram, e uma depois da outra, as crianças deram ideias de como poderiam ser mais educadas e como poderiam comemorar seu progresso.

Autor desconhecido. Ilustrado por Catherine. Design de Roy Evans.
Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2022 por A Família Internacional
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