Lucas folheou o seu novo livro de português. Ao ver a quantidade de regras e exercícios de gramática, ficou um pouco assustado.
Querendo pensar em algo mais agradável, olhou pela janela e começou a sonhar acordado com o sapinho que pegara no dia anterior e com o qual havia brincado.
—Na verdade —pensou —acho que um sapo podia nos ensinar muito melhor gramática do que este livro. Imagina como um sapo se divertiria nos ensinando verbos? E um sapo é um verbo vivo!
—Muito bem, crianças —diria a Sra. Rã que acaboua de entrar pela janela aberta —fechem seus livros e vamos estudar o meu assunto favorito: verbos! Só precisam se agachar no chão para a primeira lição... e aprenderem a pular. Então agora pulem, pulem, pulem! Saiam pela porta pulando apoiados nessas quatro coisas que chamam de braços e pernas. Usem os músculos. Pulem mais alto! Vejamos até que altura conseguem pular! Levantem o traseiro e aprendam a pular de verdade!
—Ação, pessoal! Verbos são palavras de ação! Quero que se tornem verbos. Bruno, o que você está fazendo aí no canto parado que nem um substantivo? ... uma rocha, uma pedra, um bloco, um tronco! Não seja uma pessoa, lugar ou objeto! Pulem. Mexam-se. Deem tchau para o Sr. Substantivo. Corram e brinquem. Divirtam-se.
—E você, Frederico, parece um daqueles verbos de ligação aqui sentado falando sobre o que era, é e poderia ser.
—Mexam-se, mexam-se, mexam-se! Exercitem, exercitem, exercitem esses músculos! Sintam todas essas palavras de ação, esses verbos maravilhosos começarem a borbulhar, rolar, se apressar e correr através de vocês. Os verbos são poderosos, quer estejam se movendo ou sendo!
Você está, esteve e continuará a estar feliz, à medida que aprender sobre as maravilhas dos verbos, e à medida que pular, saltar e sair pela porta em direção à piscina onde todos aprendemos a nadar, chapinhar, mergulhar, nos movimentar e divertir em outro ambiente de aprendizado: a água. Só de pensar que alguém fica tanto tempo exposto ao ar desidrata completamente a minha mente. Mas, é claro que eu sou uma rã...
—Esperem um pouco! Parem com toda essa correria, pulos e comoção! — disse a velha árvore lá do lado de fora da porta. —Por que todos vocês não se sentam no chão e nos divertirmos sendo substantivos?
Desnecessário será dizer que a Sra. Rã ficou chateada e continuou pulando mesmo assim.
—Substantivos são chatos; fazem você dormir e roncar! — disse, e num abrir e fechar de olhos, pulou na lagoa e para o fundo se foi.
A Sra. Árvore pigarreou e tentou não se vangloriar.
—Vamos brincar de ‘imaginar’ como eu vou fazer e nos tornarmos tudo o que vemos. Por que todas as muitas coisas que se veem ou contam, e até ideias grandes ou pequenas, todas pertencem ao mundo maravilhoso dos substantivos. Rochas e água, sol e areia, na realidade tudo na terra, por cima e por baixo dela, anéis de diamante, laços, balas, chiclete, papel, carros e casas, ruas e estradas, ideias e pensamentos, o porteiro e a Sra. Rã, gatos e cachorros, e palhaços, pertencem ao mundo maravilhoso dos substantivos. Meninos e meninas, mamães e papais, receitas e histórias, pássaros, nuvens e flores...
A Sra. Árvore estava só começando a esquentar sobre o assunto dos substantivos quando um ouriço marrom, espinhento e redondo, meio rabugento, se aproximou lentamente.
—Minha nossa, a Sra. Árvore está lhes falando de todas as qualidades de cada substantivo? Acho que não, porque não pode fazer isso sem uma palavra descritiva como o adjetivo. E a Sra. Rã pula para cima e para baixo para os verbos. Mas a vida seria muito sem graça e monótona se existissem apenas substantivos e verbos... sem cores nem características. Não, não, eu não quero substantivos nem verbos.
Eu quero descrições, detalhes, informações que me deem uma sensação de ver, ouvir ou sentir. É grande? É alto? Anda rápido ou devagar? É roxo ou é vermelho? Que tipo de chifres tem na cabeça? É gordo? É crespo ou liso? Ela canta alto ou baixo? Quero que pinte uma imagem na minha mente com todos os adjetivos e advérbios que encontrar para descrever as coisas para mim.
—Lucas, você poderia responder a essa pergunta? — Perguntou a Srta. Cláudia. —Lucas?
Lucas olhou para a professora.
—Então, Lucas, você poderia me dizer a classe gramatical das palavras que indicam ação ou estado nas frases?
—Posso sim —respondeu Lucas. —Rãs... quer dizer as rãs pulam por cima de troncos. Bem, quero dizer verbos! Verbos são palavras que indicam ação!
—Muito bem — disse a Srta. Cláudia.
—Não sei exatamente por que você respondeu ‘Rãs’, mas a verdade é que uma rã pulando é um verbo em ação. Muito bem turma, é tudo por hoje. Voltamos amanhã.
—Lucas levantou-se na hora.
—Viva! Um verbo salvou o dia! — exclamou Lucas e saiu da sala pulando e saltando.
Autoria de Paul Williams. Ilustração de Leila Shae. Design de Roy Evans.Publicado pelo My Wonder Studio. Copyright © 2021 por A Família Internacional