— Brilha, brilha estrelinha. Onde é que você está? — cantava Cacá, deitada sobre uma folha, olhando o céu estrelado.

— Lá em cima, lá no céu — Vítor continuou, e cantaram juntos:

— Como um diamante a brilhar!

Os dois terminaram a cantiga de ninar e ficaram quietinhos.

O ar estava tranquilo e tudo estava em silêncio. O riacho corria suavemente e a brisa sussurrava soprando nas folhas da árvore onde estavam. Podia-se também ouvir grilos chiando, corujas piando enquanto procuravam um bom jantar, sapos coaxando melodicamente, e os guaxinins correndo de cá pra lá em busca de comida.

Enquanto escutavam os ruídos da noite, Cacá e Vítor observavam os vaga-lumes acenderem suas luzinhas e dançarem ao redor do lago.

— Quem me dera conseguir compor uma cantiga de ninar — disse Cacá suspirando.

— Por que você não tenta? — perguntou o amigo.

— Acho que não consigo. Nunca compus uma canção.

— Acho que você conseguiria compor uma canção de ninar bem linda.

— Eu podia tentar — disse Cacá — vou pensar nisso.

Desejando uma boa noite um ao outro, os dois amigos aninharam-se em suas folhinhas para dormir. Vítor foi o primeiro a cair no sono. Cacá, porém, continuou acordada, pensando na canção que queria compor.

Será que realmente consigo compor uma canção? pensou.

Ela pensou um pouco mais nisto, até que se juntou ao seu amigo num sono tranquilo.

No dia seguinte, Cacá voou para um local quieto para experimentar compor algo. Encontrou uma folhinha de grama perfeita, sentou-se e logo estava totalmente absorta na sua tarefa.

— Sobre o que devo cantar? Sobre uma estrela? — disse em voz alta, mas depois sacudiu a cabeça. — Sobre os animais da noite? — Balançou a cabeça reprovando a ideia.

— Humm, sobre a escuridão? Os sons da noite? — suspirou desanimada. — Se nem consigo pensar num tema, como vou conseguir compor?

Aflita por se sentir incapaz de realizar o que tanto desejava, exclamou:

— Nunca serei boa em coisa alguma! Eu nem devia ter tentado!

Foi então que ouviu Vítor exclamar atrás dela:

— Finalmente a encontrei!

— Que está acontecendo? — perguntou ao notar o semblante desconsolado da amiga.

— Não está acontecendo nada — respondeu Cacá, sem saber como explicar o problema.

— Parece que você está meio pra baixo — disse Vítor, sentando-se ao seu lado e lhe dando um cutucãozinho.

Vendo que não conseguia esconder o óbvio, Cacá deu de ombros e soltou um suspiro, admitindo:

— Está bem. Tem algo errado, sim. Você se lembra de ontem à noite, quando eu disse que gostaria de compor uma cantiga de ninar?

— Lembro.

— É que, depois de pensar mais sobre o assunto, decidi que hoje tentaria.

— E tenho certeza que vai ser linda.

— Acho que não — disse Cacá, fazendo uma careta. — Porque eu nem consegui pensar no tema. Por mais que tentasse não tive nem uma ideia sequer.

— Sinto muito — consolou o amigo. — Mas você não pode desistir. Às vezes a gente só consegue depois de várias tentativas.

— Mas eu não consigo! — choramingou Cacá. — Nunca vou conseguir compor uma cantiga de ninar!

Vítor pensou um pouco e depois perguntou à sua amiga tão abalada:

— Você pediu a ajuda de Deus?

Cacá abaixou os olhos e sacudiu a cabeça em sinal negativo.

— Pois deveria! Tenho certeza que Ele vai ajudá-la. E depois, se quiser, eu também posso ajudá-la. Nunca compus uma canção de ninar. Vai ser a primeira vez para nós dois, mas podemos fazer juntos, com a ajuda de Deus.

— Gosto dessa ideia — disse Cacá. Você é um amigão, Vítor.

Os dois amiguinhos, então, baixaram a cabeça para orar.

— Querido Deus, por favor, anime a Cacá — orou Vítor. Ajude-nos a compor uma canção de ninar e nos mostre qual deve ser o tema. E também nos ajude a continuar tentando mesmo quando achamos que não está dando certo. Amém.

— Tive uma ideia — exclamou Cacá. — E se falássemos sobre os sons na noite?

— Gostei!

Logo a letra e a melodia começaram a se encaixar. Sempre que Vítor e Cacá ficavam empacados, abaixavam a cabeça e pediam ajuda a Deus, e Ele os ajudava. Não demorou muito e a obra ficou pronta.

Naquela noite, Cacá e Vítor cantaram a sua cantiga de ninar para os amigos.

— Que linda! — exclamou Lulu.

— Também quero aprender a cantá-la! — Concordou Faísca.

Cacá não cabia em si de contente.

— Adorei a história, vovô. O senhor me ajudaria a compor uma canção de ninar também? — perguntou Toninho?

— Com todo o prazer — respondeu o Vovô Juca. — E podemos seguir o exemplo de Cacá e Vítor de não desistir e pedir ajuda a Deus.

Toninho sorriu e depois bocejou.

— Vovô, o senhor pode cantar a cantiga da Cacá para mim, antes de eu dormir?

— Mas é claro. Feche os olhinhos e preste atenção.

Moral: É importante perseverar, por mais difícil que algo pareça, ou mesmo que pareça impossível. Se pedir, Deus o ajudará.