Certa vez, havia um fazendeiro muito rico, que chamaremos de Sr. Riquinho. Ele tinha uma fazenda muito grande. Num determinado ano, teve uma colheita muito grande e seus funcionários colheram uma grande quantidade de grão.

O Sr. Riquinho ficou ali observando para se certificar que guardavam todos os sacos de forma segura em seus celeiros.

Enquanto admirava as pilhas de sacos de grão, um vizinho do Sr. Riquinho passou por ali e disse:

—Você colheu um monte de grão este ano!

—Foi! –- respondeu o sr. Riquinho — Tenho muita terra para cultivar grão. Sou muito abençoado! Sou muito rico!

Enquanto ele se gabava da sua grande riqueza, aproximou-se um pobre trabalhador, e perguntou:

—Senhor, você teve uma colheita tão boa, poderia doar alguns sacos para as nossas famílias?

—O quê? — exclamou o Sr. Riquinho. — Claro que não! Não posso. Tenho que guardar tudo para mim!

O pobre trabalhador olhou para os celeiros e depois para o Sr. Riquinho.

—Mas, senhor, os seus celeiros nem são grandes o suficiente para guardar todo este grão!

—Mas que absurdo! — respondeu o sr. Riquinho. —Vai caber tudo.

—Tenho certeza que nem ia notar a diferença mesmo que desse alguns sacos. Nós trabalhamos muito, e somos muito, muito pobres.

—Não, não! Não posso dar nenhum grão. Preciso de tudo para mim.

E, havendo dito isso, o Sr. Riquinho se afastou.

Mais tarde, nesse mesmo dia, depois dos funcionários terem guardado o máximo possível de sacos de grão nos celeiros, o Sr. Riquinho percebeu que ainda tinha muitos sacos que não cabiam.

—Nossa! — exclamou o Sr. Riquinho. — O trabalhador tinha razão. O grão não vai caber todo. A colheita foi tão grande que não tem espaço nos meus celeiros para guadar tudo! O que vou fazer?

O Sr. Riquinho começou a ficar preocupado.

—Oh não, vou ter que dar uma parte! — exclamou, mas depois teve uma ideia. — Ah! Já sei o que vou fazer. Vou construir celeiros maiores para guardar tudo que tenho, e assim não vou ter que compartilhar com ninguém.

—Que homem egoísta! — disse Davi. — Os funcionários dele eram muito pobres e ele tinha tanto grão, mas mesmo assim não quis compartilhar.

—É mesmo -– concordou o Vovô. — Era um homem muito egoísta. Mas nessa noite, Deus disse para o Sr. Riquinho:

—Seu tolo! Você vai morrer esta noite, e o que você vai fazer com tudo o que guardou?

Então, exatamente como Deus disse, o fazendeiro egoísta morreu enquanto dormia e teve que deixar todas as suas riquezas para trás.

Deus tirou tudo dele por ele ter sido egoísta e avarento — disse Davi.

—Exatamente! — respondeu o Vovô. — Em vez de compartilhar o que tinha com os outros, decidiu construir celeiros maiores para guardar mais para si mesmo. Ser rico e ter todos aqueles celeiros não era ruim, mas você sabe qual foi o erro dele?

—Ele não quis compartilhar — disse Davi. — Nem mesmo um pouco, para ajudar os que precisavam.

—isso mesmo! — exclamou o Vovô.

—Vovô, eu tenho muitos brinquedos — disse Davi. — Mas ninguém quer brincar comigo.

—Você é rico em brinquedos, Davi. Talvez Deus tenha lhe dado tantos brinquedos para você os compartilhar! Lembre-se que “É mais abençoado dar do que receber! E nunca se perde por dar!”

No dia seguinte, Davi viu seu amigo Toninho passando de bicicleta na frente de sua casa.

—Ei Toninho! — chamou Davi. — Você quer vir brincar comigo?

Toninho parecia surpreso.

—Claro! — respondeu todo feliz. — Só vou perguntar para a minha mãe.

Mais tarde, quando Toninho chegou, Davi mostrou para ele a sua caixa de brinquedos.

—Por que você não escolhe os carros que gostaria de brincar e depois podemos construir estradas e brincar juntos com os carros?

—É mesmo? Eu posso escolher primeiro os carros que eu quero? — perguntou Toninho.

—Sim, pode — disse Davi com um grande sorriso.

—Então — respondeu Toninho — eu gostaria de brincar com o carro de polícia e o de bombeiros.

—Tudo bem — disse Davi, apesar de também serem seus preferidos. — Eu brinco como a ambulância e o caminhão. Então, podemos começar a construir as estradas!

Algum tempo depois, a mãe de Davi anunciou que a mãe de Toninho havia ligado para ele ir para casa jantar.

—Vou te ajudar a guardar os brinquedos antes de ir embora — disse Toninho.

—Obrigado! — respondeu Davi, e depois acrescentou. — Amanhã à tarde você pode voltar para brincarmos de novo.

—Maravilha! Obrigado, Davi. Você é um bom amigo. Eu me diverti muito hoje. Amanhã vou trazer meu LEGO e meus carros também. Assim, teremos mais carros para brincar, e até podemos começar a construir uma cidade para os carros andarem em volta.

—Ótima ideia — disse Davi. — Você também é um ótimo amigo, Toninho. Até amanhã!

—Toninho montou na bicicleta e foi pedalando para casa.

No jantar, Davi disse para seus pais:

—Hoje eu entendi o que o vovô disse ontem à noite, que nunca se perde por dar. Eu nunca quis compartilhar meus brinquedos com ninguém, porque achava que, para ser divertido, eu precisava brincar com todos eles. Mas hoje percebi que quando os compartilhei, fiz meu amigo feliz, e também me diverti muito, mesmo não brincando com todos os carros!

—Estou muito orgulhoso de você, meu filho, por ter aprendido essa lição valiosa e decidido compartilhar com os outros. — disse o pai. — O Vovô tem razão, nunca se perde por dar!