Era uma linda manhã. O céu estava azul, e uma ligeira brisa soprava as folhas e a erva. Vagarildo foi caminhando até à beira do Lago dos Juncos.
—Bom dia, Vagarildo! — disseram em coro duas libélulas ao passarem esvoaçando pelo lago.
—Bom dia, Fli! Bom dia, Flu! — respondeu Vagarildo acenando para elas.
—Vagarildo, onde você está? — perguntou alguém.
Era, Ligeirinho, o seu melhor amigo, que vinha correndo em direção à margem do lago onde Vagarildo se encontrava.
—Aqui — respondeu Vagarildo.
Ligerinho desceu a ladeira correndo, mas de repente seu pé ficou preso numa raiz.
BAMP! BONC! BAMP! O pobre Ligeirinho rebolou pelo monte abaixo, e aterrissou todo enrolado, coberto de folhas, erva e terra.
Vagarildo apressou-se para socorrer o amigo, que estava sentado no chão, mas parecia meio atordoado.
Quando Ligeirinho olhou para Vagarildo, perguntou:
—Quem é o seu amigo?
—O meu amigo? — perguntou Vagarildo curioso. — É você.
—Não, aquele que é igualzinho a você.
—Não tem ninguém aqui comigo, Ligeirinho — respondeu Vagarildo. — Você está bem, Ligeirinho?
—Ah, agora só tem um que nem você — disse Ligeirinho, cuspindo erva e terra. — Mas eu tenho certeza que vi dois que nem você. Para onde foi o seu amigo?
—Você deve ter batido a cabeça quando rolou monte abaixo.
—Provavelmente, mas acho que agora estou bem.
Mas quando Ligeirinho tentou ficar de pé, não ficou muito firme. E caiu no chão com um estrondo.
—Por que você estava me procurando? — perguntou Vagarildo, enquanto esperava Ligeirinho recobrar o equilíbrio.
—A minha mãe disse que eu podia convidá-lo para o café da manhã. Você gostaria de vir?
—Seria legal! — disse Vagarildo. — Vou perguntar para a vovó Dirce.
Vagarildo vivia com a vovó Dirce desde pequeno. Ela era amável e atenciosa, e Vagarildo a amava muito.
—É melhor irmos depressa — disse Ligeirinho. — A mamãe vai ficar nos esperando.
—Mas não rápido demais — respondeu Vagarildo, ou podemos acabar rolando ambos encosta abaixo.
Os dois amigos riram.
—Vagarildo — chamou a vovó Dirce — não se esqueça de agradecer à Sra Mabel pelo café da manhã.
—Agradeço sim! — respondeu Vagarildo.
—Posso pegar carona nas suas costas? —perguntou Ligeirinho.
—Pode subir.
Quando Ligeirinho subiu nas costas de Vagarildo, pegou um punhado de flores de madresilva e começou a cantar.
—Localizamos o alvo.
—Você ouviu? — perguntou Ligeirinho.
—Ouvi o quê? — perguntou Vagarildo.
—Preparar. Lá vamos nós!
—Lá está de novo — disse Ligeirinho, olhando em volta sobressaltado. — Estou ouvindo uma abelha!
Ligeirinho morria de medo de abelhas. Ele se abaixou, mesmo estando em cima das costas de Vagarildo, com os olhos esbugalhados de medo.
De repente … BZZZZ! Uma abelha passou raspando pelo focinho de Ligeirinho.
—Ahhh! — gritou Ligeirinho, quase caindo das costas de Vagarildo.
—Erramos o alvo — gritou a voz que parecia um zumbido. — Vamos tentar de novo.
E com isso, a abelha desceu disparada e aterrissou direto numa das flores de madressilva que Ligeirinho estava segurando.
Ligeirinho deu um grito e jogou as madressilvas para o ar.
—Corra, Vagarildo! — gritou ele, escondendo-se atrás de um arbusto. — É uma horrível abelha!
—Eu? Uma horrível abelha? — exclamou a abelha, parecendo magoada. — Por que você diz isso?
Ligeirinho espreitou lá do arbusto e disse:
—Porque você está tentando me picar!
—Por que haveria eu de picar você? —perguntou a abelha.
—P-porque — gaguejou Ligeirinho — você já tentou me atacar duas vezes.
—Atacar você? — disse a abelha rindo. — Eu estava querendo a madressilva, não você!
Ligeirinho ficou perplexo.
—Por que você queria a madressilva?
—Para fazer mel — respondeu Piloto. — As abelhas usam o néctar das flores para fazer mel.
—Ah, disse Ligeirinho, ainda não muito tranquilo em relação à abelha.
—Olha, desculpe ter assustado você — explicou a abelha. — Meu nome é Piloto.
—Eu sou Ligeirinho — disse ele, saindo do arbusto. E este é o meu amigo Vagarildo.
—Oi — disse Vagarildo.
—Desculpe-me também, Piloto — disse Ligeirinho. — Não devia ter chamado você de abelha horrível. Fiquei assustado. Na realidade, você é uma abelha muito amigável.
Piloto riu.
—Esse é um ótimo elogio. Quem diria que eu ia encontrar novos amigos numa viagem de rotina para coletar néctar?
—A mamãe está nos esperando — disse Ligeirinho. — Precisamos nos apressar! Talvez possamos ver você de novo em breve.
—Eu gostaria muito — disse Piloto, voando. — Até à próxima!
—Estava me perguntando quando é que vocês dois iam chegar — disse a Sra. Mabel.
—Oi mãe. Fizemos um novo amigo — explicou Ligeirinho. — É uma abelha.
—É mesmo? Achei que você tinha medo de abelhas.
—No começo eu fiquei com medo de Piloto, mas acho que agora vamos ser amigos. É diferente de mim, mas já gosto dele.
A Sra. Mabel sorriu.
—Que maravilha! Deus nos fez diferentes, mas todos temos algo especial para oferecer aos outros.
Não percam a história de “Vagarildo e Ligeirinho” e sua emocionante aventura no parque de diversões!
Autoria de Katiuscia Giusti. Illustrado por Hugo Westphal. Design de Roy Evans.Apresentado no My Wonder Studio.Copyright © 2004 por Aurora Production AG, Suíça. Todos os direitos reservados. Usado com permissão.