Ding, dong!
—Olá Pedro — cumprimentou o vovô Juca ao abrir a porta da frente. — Você veio ver o Toninho?
—Vim. Queria apresentar para ele a minha amiga Patrícia.
—Por favor, entrem. Vou chamá-lo.
O vovô subiu as escadas, deu uma espiada no quarto de Toninho e o avisou que Pedro estava visitando e levara uma amiga.
—Eles podem vir outra hora? — pergutou Toninho. — Não quero ver ninguém agora.
O vovô Juca entrou no quarto, fechou a porta e sentou-se na cama.
—Aconteceu alguma coisa? Você quer conversar?
—Não — respondeu Toninho. — Mas não quero conhecer novos amigos agora.
—Isso me lembra uma história sobre o velho Baiacu. Quer escutá-la?
—Quero sim, por favor.
—O que você acha de convidarmos Pedro e Patrícia para ouvirem a história — perguntou vovô Juca.
—Toninho concordou.
Biju nadava à frente procurando o velho Baiacu. Estava ansioso para lhe apresentar a sua nova amiga sereia, Camila, já que fora o bom conselho de Baiacu que o ajudara a fazer amizade com ela.
—Velho Baiacu — chamava Biju, enquanto nadava pelo recife de corais. Aposto que sei onde ele está, pensou Biju.
Dito e feito, numa brechinha, fora de vista, estava o velho Baiacu escondido, com o semblante um tanto triste.
—Achei você! — exclamou Biju. —Eu o procurei por toda a parte.
—Ué, por quê? — perguntou ele, mal-humorado.
—Queria lhe apresentar a Camila, — respondeu Biju. — Lembra-se da sereia que conheci?
—Prefiro não ser incomodado — disse o velho Baiacu.
—Há algum problema? — perguntou Biju.
—Não — disse o velho Baiacu. —Como eu ia dizendo…
—Biju! Biju! — chamou Camila. — Onde você está?
O velho Baiacu suspirou.
Logo em seguida, dois olhinhos apareceram no meio dos corais onde Baiacu estava.
—Ah, olá! — exclamou Camila toda animada. — Você está se escondendo?
Baiacu fez uma careta.
—Por que você foi trazer ela aqui?—sussurrou ele para Biju irritado.
Biju pediu desculpas, e disse que ela estava logo atrás dele.
Camila foi e sentou-se ao lado do velho Baiacu.
—Então você é o velho Baiacu? — ela perguntou com um sorriso.
—Eu mesmo — murmurou ele.
—Muito prazer em conhecê-lo! — disse Camila num tom de amizade. — Você gostaria de ter esta linda concha que encontrei?
O velho Baiacu continuou calado.
—Talvez possamos voltar depois — Biju explicou. — Baiacu disse que quer ficar sozinho agora.
Pedindo desculpas, Camila perguntou a Baiacu:
—Aconteceu alguma coisa que o deixou triste?
Por que é que todo mundo acha que estou com algum problema? — perguntou ele todo enfezado. — Só quero que me deixem em paz!
E com uma bufada ficou calado de novo.
—Biju olhou para Camila, que encolheu os ombros. Eles se sentiam mal porque o velho Baiacu não estava contente, de modo que queriam fazer algo para alegrá-lo. O que poderiam fazer?
O velho Baiacu se contorceu um pouco.
—Por favor, perdoem-me. Não quis ser grosseiro. A verdade é que não estou tendo um dia muito bom, então fiquei bastante mal-humorado.
—Às vezes eu também fico assim — confortou-o Camila.
—O que você faz para se sentir melhor? — perguntou Baiacu.
—Meu pai uma vez me ensinou um poeminha. Ele disse que deveria recitá-lo sempre que o eu não estivesse tendo um dia muito bom, e que ajudaria a me alegrar.
Camila recitou:
—É um lindo poema, — elogiou Biju.
—E funciona? — perguntou o velho Baiacu.
—Funciona. A ideia é pensar nas coisas boas que você tem — explicou Camila. — Por que não experimentamos?
—Está bem. Como a gente começa?
—Eu começo. Estou muito agradecida pela água refrescante do oceano — disse Camila. — Sua vez, Biju.
—Estou feliz pelo lindo recife onde vivemos — disse Biju.
—Vejamos… Estou feliz pelo meu lugarzinho predileto, escondido no meio dos corais.
Novamente era a vez de Camila:
—Fico muito feliz quando penso nas pessoas que me amam.
—E eu estou feliz por amigos que têm um jeito de fazer tudo melhorar — Biju continuou.
—Estou feliz por esta oportunidade de fazer novas amizades — disse o velho Baiacu um pouco tímido. E acrescentou:
—Obrigado por me ajudarem a me alegrar. Eu estava tendo um dia péssimo, mas depois de pensar em algumas das coisas boas que tenho, sinto-me muito melhor.
—Eu também — concordou Biju.
Camila sorriu.
—Estou muito feliz por ter ajudado a alegrá-lo. Gosto de alegrar as pessoas!
—Tenho uma ideia — disse o velho Baiacu. — Há um velho navio naufragado aqui perto. Gostariam de ir lá dar uma olhada?
—Acho que seria divertido — disse Camila.
E lá se foram os três, nadando felizes a caminho da sua aventura; mas, acima de tudo, felizes pela chance de se tornarem amigos.
—Eu gosto de histórias de sereias — disse Patrícia, quando o vovô Juca fechou o livro.
—O vovô Juca tem um monte de histórias divertidas — completou Pedro.
—A minha mãe diz que elas são histórias especiais — acrescentou Toninho.
—E sabem por que elas são especiais? — perguntou o vovô Juca.
As três crianças balançaram a cabeça negativamente.
Porque nos ajudam a aprender lições importantes. O que foi que o velho Baiacu aprendeu nesta história?
—Acho que ele aprendeu que deveria ser mais feliz e contente — disse Patricia.
—E você, Pedro? O que acha que o velho Baiacu aprendeu? — perguntou o vovô Juca.
—Que ele não deveria ser tão rabugento — respondeu Pedro.
—E você, Toninho?
—Bem, quando Baiacu começou a ter pensamentos alegres, ele se esqueceu da razão por que estava chateado. Aí ele conseguiu fazer uma nova amizade.
—Ótimas respostas — elogiou o vovô.
—Vocês me perdoam por eu ter sido rabugento? Estou feliz em conhecer você, Patricia. E feliz que você já é meu amigo, Pedro.
Moral: Veja o lado positivo das coisas! Anime-se e lembre-se de tudo que tem e das pessoas que o amam. Se fizer isso, ficará mais feliz.
Autoria de Katiuscia Giusti. Illustrado por Agnes Lemaire. Colorido por Doug Calder. Design de Roy Evans.Apresentado no My Wonder Studio. Copyright © 2007 por Aurora Produções AG, Suíça. Todos os direitos reservados.