Meu Estúdio Maravilhoso
Histórias do Vovô Juca: Tesouros Oceânicos: O Corajoso Clipe
Segunda-feira, Março 28, 2022

— Pronto, Toninho? — perguntou o vovô Juca vestindo o casaco e colocando o chapéu.

— Já estou indo! — disse Toninho, descendo as escadas.

— É importante não chegarmos atrasados. Deixe-me lhe dar uma mãozinha para colocar o casaco e o cachecol.

— Obrigado, vovô!

Uma vez por semana, o vovô Juca levava Toninho para a biblioteca da cidade onde ele lia histórias para um clube infantil de leitura.

Ele gostava de ler as histórias para as crianças e assobiava feliz a caminho da biblioteca. Debaixo do braço, levava seu livro especial.

— Que história o senhor vai ler hoje? — perguntou Toninho.

— Ah, isso é segredo! — respondeu o avô com um sorriso.

— Vovô Juca chegou! — disse Tuca lá de dentro da biblioteca.

As crianças foram para os seus lugares e ficaram quietinhas enquanto o vovô Juca entrava.

— Oi criançada! — exclamou o vovô. — Que surpresa mais agradável ver todos tão tranquilos!

As crianças deram umas risadinhas.

— Boa tarde, vovô Juca! — disseram em coro.

— Boa tarde para vocês também! — disse o vovô Juca, pendurando o chapéu e o casaco.

— A história de hoje é sobre um caranguejo muito amigável chamado Clipe — explicou. Vamos começar?

* * *

— Esperem por mim — disse Clipe para seus amigos.

Sou tão lento em comparação com eles, pensou, que nunca consigo acompanhar o passo dos outros.

Voltando rapidamente, Camila se prontificou a ajudá-lo. Pegou com a mão uma das garras de Clipe e o ajudou a alcançar os outros.

— Obrigado — disse Clipe. Mas por dentro sentia-se um pouco triste.

Meus amigos precisam me ajudar para eu conseguir ir mais rápido e andar com eles. Eu devo incomodá-los. Acho que não sirvo para muita coisa como amigo!

Era o dia do desfile de peixes-palhaço. Todo ano um cardume desfilava perto do Reino de Jade. Camila e seus amigos estavam indo para o melhor local de observação, o Recife Amarelo.

Na frente da parada, peixinhos faziam suas acrobacias. Depois vinha a banda. A seguir via-se uma trupe de dança. E lá no final estava o resto do cardume puxando algas e fazendo movimentos graciosos com elas.

— Que lindo! — exclamou Camila. Quem me dera poder desfilar também!

— Eu queria fazer parte da banda. — disse o velho Baiacu.

Já Estrelico sugeriu que participassem das acrobacias.

Xalo então o jogou para trás, por cima de sua cabeça; ele deu uma cambalhota e foi parar na cauda de Xalo.

— E eu poderia aprender a fazer exibições com as algas — disse Biju rodopiando uma alga comprida.

— Podemos fazer nossa própria apresentação — sugeriu Camila. — E desfilar para nossas famílias.

— Vamos ensaiar! — disse Estrelico todo animado.

Puseram-se então a nadar, decididos a ensaiar para a sua apresentação, mas Clipe ficou no recife assistindo aos últimos grupos no desfile.

Eu não posso fazer nada para participar de um desfile assim, pensou ele tristonho.

Foi então que percebeu um peixinho bem pequeno que vinha lá atrás tentando carregar uma longa alga. Estava todo enrolado naquela alga e ela tampava quase que totalmente a sua visão.

Nesse instante o peixinho todo enrolado bateu nos corais e a alga ficou presa nele. Puxou com força, mas não conseguiu se soltar!

Clipe ouviu o pedido de socorro e queria ajudar, mas pensou: Eu provavelmente não vou conseguir ajudá-la, então por que tentar?

Mas mais uma vez ouviu o peixinho implorar por ajuda.

Acho melhor ir ver o que posso fazer, pensou.

— Você poderia me ajudar? — perguntou o peixinho ao ouvir Clipe se aproximar.

— Posso tentar — respondeu Clipe — mas provavelmente não vou conseguir fazer muita coisa. Talvez seja melhor eu ir chamar alguém para te ajudar.

— Como você se chama? — perguntou Clipe.

— Lantejoula — respondeu o peixinho.

— Lantejoula, vou dar uma boa empurrada neste coral e ver se consigo soltar você.

— Está bem — disse Lantejoula mais calma. — Avise quando devo me impulsionar.

Clipe prendeu-se ao coral com suas garras.

— Acho que estou firme. Vamos lá. — Um, dois, três... puxe!

Lantejoula e Clipe puxaram, e depois de algumas tentativas o pedaço de coral cedeu.

— Estou livre! Muito obrigada — agradeceu ela.

Clipe se ofereceu para ajudá-la a se desembaraçar da alga. Segurou uma ponta enquanto Lantejoula saracoteava para se desemaranhar.

Depois que se soltou ela deu um grande abraço em Clipe.

— Você é o meu herói! Você me resgatou! Qual é o seu nome?

Clipe, meio acanhado, respondeu:

— É... é... eu me chamo… Clipe — gaguejou ele. — Estou feliz de ter podido ajudar.

— E o que você está fazendo aqui tão longe?

— Estava vendo o desfile com alguns amigos, mas eles foram embora e eu fiquei. — explicou Clipe.

Depois que se soltou ela deu um

— Puxa, ainda bem, assim você pôde me salvar — concluiu Lantejoula. Muito obrigada.

— Não há de quê.

— Acho melhor eu seguir caminho. Preciso voltar para casa. Obrigada mesmo, Clipe! Tchau!

Clipe saiu nadando ao encontro dos amigos. Sentia-se bem mais feliz. Agora sabia que, mesmo sendo pequeno e incapaz de acompanhar os amigos em tudo, ainda assim podia ajudar outros.

* * *

— Vocês às vezes se sentem pequenos e incapazes como o Clipe? — perguntou o vovô Juca.

— Sentimos! — responderam as crianças.

— Às vezes quero ser como meu irmão mais velho — explicou Pedro. Ele sabe fazer um monte de coisas, mas como sou pequeno acho que não posso ajudar.

— É, demora para aprender as coisas — explicou o Vovô. — Mas há muitas maneiras de ajudar a mamãe e o papai. Conseguem pensar em algumas?

— Eu ajudo minha mãe a cuidar do jardim! — disse Toninho.

— Eu às vezes lavo o carro com o meu pai — afirmou Pedro.

— Minha mãe me deixa ajudá-la na cozinha — disse Patrícia.

— Posso ajudar a arrumar a casa — acrescentou Tuca.

— Não importa se você é pequeno, ou se não sabe uma certa coisa muito bem. Mesmo assim pode ajudar — disse o vovô Juca.

O vovô Juca e Toninho voltaram para casa e as crianças se despediram deles.

— Vovô, para mim o senhor é o melhor avô que existe. Muito obrigado por todas as histórias que nos conta. Elas sempre nos ensinam muitas coisas!

— De nada, Toninho — respondeu o avô sorrindo. — Sabe, você é um neto maravilhoso!

Moral: Não importa se você é pequeno ou grande, se acha que sabe fazer algo bem ou não. Ainda assim pode ajudar as pessoas.
Autoria de Katiuscia Giusti. Ilustrado por Agnes Lemaire. Colorido por Doug Calder. Design de Roy Evans.
Apresentado no My Wonder Studio. Copyright © 2007 por Aurora Production AG, Switzerland. Todos os direitos reservados.
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