Meu Estúdio Maravilhoso
Histórias do Vovô Juca: Um Mundo de Insetos: Doce Como o Mel, Amargo Como Fel
Segunda-feira, Dezembro 27, 2021

— Isso é meu! Pode devolver! — gritou Toninho zangado, agarrando um trenzinho de brinquedo do seu primo, Tuca. — É o meu trenzinho especial e eu quero brincar com ele!

— Mas eu peguei primeiro — respondeu Tuca, já com os olhos cheios de lágrimas. — É feio tirar as coisas dos outros.

— Mas é o brinquedo que eu mais gosto, e não quero que você brinque com ele!

— Você não está sendo educado, Toninho — interrompeu o Vovô Juca, que chegava e escutou a discussão dos meninos.

— É que o Tuca fica pegando os brinquedos que eu mais gosto.

— Mas ele nem estava brincando com eles — retrucou Tuca chorando. — Ele só não quer me deixar brincar.

— É verdade, Toninho? Por que é que o Tuca não pode brincar com os seus brinquedos?

— Porque... — respondeu Toninho, parando por um minuto — se eu quiser brincar com eles depois, não vou poder.

— Isso me faz lembrar de uma história — disse o vovô pensativamente.

— História? Sobre o quê? — perguntou Tuca.

— Se bem me lembro, a Lulu também estava tendo dificuldades em dividir as suas coisas com os outros — disse o Vovô Juca. Vou pegar o livro de histórias. Talvez possamos aprender algo que vai nos ajudar a resolver este problema.

Lulu estava tendo um dia “daqueles”, e estava fazendo as suas tarefas na colmeia com a maior cara feia. Passara a manhã toda triste e zangada. Voando para buscar mais néctar, ouviu alguém chamá-la:

— Lulu! Espere!

Era o Pipão, um amiguinho de uma colmeia ali perto.

* * *

Lulu diminuiu a velocidade por um momento. Estava de mau humor e não queria muito a companhia do Pipão naquele momento.

Ofegante, ele disse sorrindo ao alcançá-la:

— Puxa, você está a toda hoje, Lulu. Se eu, mais velho assim, tiver que ficar correndo atrás de você deste jeito, vou ficar em forma mesmo — disse Pipão com uma risadinha. Lulu ameaçou um sorriso:

— Estou com muita pressa. Preciso recolher mais néctar.

Ela queria voltar logo ao trabalho e não queria papo com ninguém.

— Posso ir com você? — perguntou Pipão.

Lulu concordou seguindo caminho. Voaram ao próximo canteiro de flores repleto de néctar que Lulu ia colher e levar de volta à colmeia.

Pipão não parava de tagarelar, mas Lulu não contribuía muito para a conversa.

— Que dia mais lindo! — exclamou Pipão.

Lulu deu de ombros.

— Ah, eu adoro o verão! — continuou Pipão, e Lulu sem dar um pio.

Finalmente Pipão sentou-se e olhou para a amiga, que recolhia o néctar freneticamente.

— Está tudo bem, Lulu?

— Não é nada não — respondeu ela.

— Puxa, você mal disse algumas palavras hoje. Parece zangada. Você não está com raiva de mim, está?

Lulu finalmente parou.

— De jeito nenhum! — disse ela, de repente sentindo-se muito mal por ignorar o amigo. — Sinto muito, Pipão. Não tem nada a ver com você. É que hoje estou tendo um dia difícil.

— Entendo. Não é nada legal ter um dia difícil — afirmou Pipão, sendo solidário. — Aconteceu alguma coisa?

— Acho que sim — disse Lulu. — Há uns dias, depois que acabamos de produzir um novo estoque do nosso delicioso mel, o fazendeiro foi e levou metade. Passamos dias e mais dias saindo, coletando néctar, e depois ele veio e levou o mel, assim, na maior. E não foi a primeira vez. Ele sempre leva embora o nosso mel.

Eu nunca me importei muito, porque sempre sobra suficiente para nós, mas fico zangada porque damos um duro danado para produzir o mel.

— Sei como se sente. Você fica frustrada. — disse Pipão baixinho. — Já me senti assim lá na minha colmeia.

— É mesmo? — perguntou Lulu surpresa. — E agora, não se importa mais?

— Não, porque descobri algo muito interessante. Sabe por que o fazendeiro leva o mel, Lulu?

— Não — respondeu ela, sacudindo a cabecinha.

— O fazendeiro também usa o mel, assim como nós. Ele gosta tanto de mel que leva um pouco para sua casa para comer com torrada, no pão, ou para fazer doces.

— É mesmo? — perguntou Lulu.

— É. Ele acha uma delícia. E a filhinha dele também — disse Pipão com um sorriso. Lulu ficou pensativa. — Então acho que não é tão ruim assim ele pegar o nosso mel. Nunca imaginei que era porque ele gostava tanto!

— Deus fica feliz quando damos coisas aos outros, mesmo que seja algo que gostamos muito ou que tenhamos trabalhado duro para conseguir — explicou Pipão. — Por mais que dermos, sempre recebemos ainda mais em troca. Deus gosta quando dividimos o que temos com os outros, da mesma forma como Ele nos deixa usar o maravilhoso mundo que criou.

— Muito obrigada pela explicação e desculpe o mau humor — disse Lulu, dando um abraço em Pipão. — Agora me sinto melhor e vejo que não devo ficar ressentida porque o fazendeiro leva o nosso mel.

— Fico feliz de ter conseguido alegrá-la! — disse Pipão, retribuindo o abraço.

Mais tarde, enquanto recolhia mais néctar, Lulu viu a filhinha do fazendeiro brincando no jardim. A garotinha escutou o zumbido da abelha e, sorrindo, disse:

— Graças a Deus por abelhas! Eu adoro mel! Obrigado, Deus, por ensinar as abelhas a produzirem mel e a repartirem-no conosco.

Lulu abriu um sorriso de orelha a orelha, muito contente em ver a menininha tão feliz com o mel.

— O prazer é todo meu — sussurrou Lulu, voando de volta até a colmeia.

* * *

— Pode pegar os meus brinquedos, Tuca — disse Toninho. — Quero fazer igual à Lulu, que ficou feliz em repartir com o fazendeiro e sua família o mel que ela deu duro para produzir.

— Obrigado! Prometo cuidar bem deles — Tuca respondeu.

Vovô Juca saiu da sala sorrindo, deixando os dois garotos brincando juntos e felizes.

Moral: Dar aos outros também o faz feliz, porque agindo assim, Deus pode lhe dar mais.
Autoria de Katiuscia Giusti. Ilustrado por Agnes Lemaire. Colorido de Doug Calder. Design de Roy Evans.
Apresentado no My Wonder Studio. Copyright © 2007 por Aurora Production AG, Switzerland. Todos os direitos reservados.
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