Era um lindo dia de sol. Vovô Juca e Toninho estavam no jardim arrancando as ervas daninhas e plantando flores.
Sábado era o dia em que o vovô cuidava do jardim, e como Toninho não tinha aula, decidiram plantar sementes e bulbos.
Mas depois de plantar apenas três bulbos, Toninho sentou-se na grama.
— Cansei — disse.
O vovô Juca se levantou do canteiro de flores onde estava.
— Sinto muito ouvir isso, mas você não acabou de plantar os bulbos de dália.
— Eu sei, mas agora quero fazer outra coisa.
— Olha, quero lhe contar uma história. Vou contá-la enquanto terminamos de plantar os bulbos.
— Legal.
Estavam montando um circo perto do canteiro de obras da Maquininhas Ltda. A grande tenda amarela e azul ficava no meio de várias outras tendas menores e alguns caminhões, trailers e jaulas de animais. Todos do circo estavam ocupados com os preparativos para a apresentação.
No canteiro de obras, Betoneira conversava com seu irmão, o Cimento Bomba.
— Estou cansada de ficar misturando cimento o tempo todo — desabafou Betoneira. — Eu queria fazer algo diferente... algo mais interessante.
— Sei como é — concordou Cimento Bomba. — Tudo que faço é despejar cimento molhado onde precisam dele. Só faço isso cada dia.
— Vamos fazer algo diferente — sugeriu Betoneira. — Por que não vamos ao circo?
— Será que podemos? — perguntou Cimento Bomba.
— Eu posso ficar misturando cimento enquanto estamos lá, e você ainda tem que esperar até fazer o próximo trabalho.
— É verdade. E nem vamos ficar longe por muito tempo. Vamos lá.
Passaram pelo chefe do circo, com seu fraque e cartola, que rondava toda a área.
— Olá, rapazes — disse o sr. Chefia.
— Vieram ver o circo?
— Sim, senhor — responderam.
— A primeira apresentação de hoje já terminou, mas podem andar por aí se quiserem.
Então Betoneira e Bomba perceberam que já tinha passado uma hora desde que saíram do canteiro de obras.
— Xiii! — disse Bomba. — É melhor a gente voltar ao trabalho. Talvez possamos voltar amanhã para ver o que não deu para ver hoje.
— Tô nessa! — disse Betoneira.
Nos dias que se seguiram, os dois irmãos fizeram várias visitas rápidas ao circo.
— Eu adoraria trabalhar no circo — disse Bomba. — Seria muito mais legal do que o trabalho que tenho agora.
— Olá! Percebi que vocês têm vindo muito aqui nos últimos dias — disse o sr. Chefia que saía de seu trailer. — Estão pensando em montar uma atração para o circo? — perguntou com uma risadinha.
— Quem me dera — disse Betoneira suspirando.
— Tive uma ideia! É algo que você provavelmente sabe fazer bem — disse o sr. Chefia.
— O quê? — perguntou Bomba.
— Em vez de bombear cimento, podemos colocar uma mistura para fazer bolhas no seu tanque e você pode fazer bolhas.
As crianças iam adorar! Eu até já pensei no nome da sua apresentação: “Chuva de Bolhas!”
— Gostei da ideia — disse Bomba todo animado. — E você Betoneira?
— Maravilha! — respondeu. — E eu vou fazer o quê?
— Você pode ajudar a chamar a multidão — disse o sr. Chefia. — Vão formar uma ótima equipe. O que acham?
— Combinado! — exclamaram os dois irmãos.
— Podem começar amanhã se quiserem — disse o sr. Chefia. — Vou avisar o pessoal que estarão aqui.
Na manhã seguinte, Bomba e Betoneira foram direto ao circo ensaiar. Estavam tão empolgados com o novo trabalho que nem avisaram o sr. Supervisor que estariam fora. O sr. Chefia colocou a mistura para fazer bolhas no tanque de Bomba e disse que voltaria mais tarde.
— Qual é a maior bolha que você consegue fazer — perguntou Betoneira a Bomba.
Bomba soprou forte, tentando fazer uma bolha gigante. Mas estava acostumado a trabalhar com cimento grosso e não com a mistura para fazer bolhas tão fina, então soltou milhares de bolhas deixando toda a área coberta com elas.
— Acho que não deu muito certo — disse Bomba rindo. — Vou tentar de novo.
Enquanto isso, no canteiro de obras, o sr. Supervisor perguntava a todos onde estavam os irmãos Bomba e Betoneira.
— Eles nem apareceram para trabalhar hoje de manhã, senhor — respondeu Planador. — E eles têm sumido bastante nesses últimos dias.
— O que será que andam fazendo? — disse o sr. Supervisor. — Precisamos deles agora para começarmos o alicerce desta obra. Todos estão esperando por eles. Planador, me avise assim que encontrá-los.
— Claro, patrão.
Espero que não tenham se metido em alguma encrenca, pensou o sr. Supervisor enquanto caminhava até seu trailer.
— Escavito, o que está acontecendo lá embaixo? — perguntou Escavinha.
— Aonde?
— Lá no circo. Olhe quantas bolhas!
— Puxa, tem mesmo um monte de bolhas. Olha só, algumas barracas e trailers estão completamente cobertos de bolhas.
As coisas não estavam correndo bem para Bomba. Por mais que tentasse não conseguia fazer a coisa direito, e milhares de bolhas saíam do seu bico, cobrindo tudo. No começo, Bomba e Betoneira acharam muito engraçado, mas logo Betoneira começou a ficar chateada com Bomba.
— Deixa de brincadeira e faz a coisa direito — disse Betoneira frustrada.
— Estou tentando, mas não consigo.
— O que está acontecendo aqui? — perguntou o sr. Chefia. — Bomba! Betoneira! Não foi isso que pedi que fizessem.
— Desculpe, sr. Chefia — desculpou-se Betoneira. — Bomba está tendo dificuldade para fazer as bolhas.
— Dá para ver — disse o sr. Chefia, que não estava achando nenhuma graça. — Sinto muito, Bomba, mas vou ter que pedir que desligue a sua bomba. Tem bolhas por toda parte e as pessoas não estão gostando nada disso. Acho que me enganei sobre vocês e provavelmente se sairiam melhor fazendo o seu verdadeiro trabalho. Sinto muito.
Bomba e Betoneira voltaram tristes para o canteiro de obras deixando atrás de si um rastro de bolhas.
— Por que tem bolhas saindo de você? — perguntou Planador quando chegaram.
— Não quero falar disso agora — respondeu Bomba todo tristonho.
— Bomba! Betoneira! Aí estão vocês! — Era o sr. Supervisor. — É bom terem uma boa desculpa por não aparecerem no trabalho.
— É... mais ou menos — respondeu Betoneira baixinho.
Betoneira e Bomba contaram ao sr. Supervisor sobre o circo, o convite do sr. Chefia e a bagunça que fizeram.
— Sentimos muito termos faltado ao nosso trabalho hoje. — disse Bomba. — A gente pensou que trabalhar no circo seria mais divertido. Mas não deu muito certo e não foi nada como esperávamos.
— Tudo bem — respondeu o sr. Supervisor. — Mas como não vieram trabalhar hoje, vão ter que aparecer mais cedo amanhã para se adiantarem um pouco no seu trabalho e a obra não ficar atrasada. Espero que tenham aprendido uma boa lição sobre fazer o seu trabalho até o fim.
— Aprendemos sim, senhor — disse Bomba. — Prometemos que vamos estar aqui amanhã bem cedo.
— Eu quero acabar de plantar os bulbos de dália — disse Toninho quando terminou a história. — É importante fazer o meu trabalho até o fim.
— Assim que acabarmos aqui, podemos fazer outra coisa que você escolher — disse o vovô.
— Obrigado, — disse o Toninho — vou pensar em alguma coisa bem divertida.
Moral: É importante aprender a fazer o seu trabalho até o fim. Mesmo se não for o que mais gosta de fazer. Faça até terminar e ficará feliz com o que fez.
Autoria de Katiuscia Giusti. Ilustrado por Agnes Lemaire. Colorido por Doug Calder. Design de Roy Evans.Apresentado no My Wonder Studio. Copyright © 2008 por Aurora Production AG, Suiça. Todos os direitos reservados.