Patrícia, Pedro e Tuca foram brincar na casa do Toninho. Hoje estavam construindo com os bloquinhos de Duplo.
— Quero construir uma torre! — disse Patrícia. — Meu pai me ensinou como se faz.
— Posso te ajudar? — perguntou Tuca.
Logo Patrícia e Tuca tinham construído uma torre de bloquinhos vermelhos e amarelos, tão alta quanto eles.
— Olhem só nossa torre — anunciou Patrícia.
— Não é incrível?
— Puxa! — disseram Toninho e Pedro ao mesmo tempo.
— E olhem o Corpo de Bombeiros que estamos fazendo — disse Toninho.
Patrícia se abaixou para olhar melhor o Corpo de Bombeiros.
— Gostei muito — disse.
— Estão prontos? — perguntou Tuca.
— Um, dois, três, e...
— Prontos para o quê? — perguntou Patrícia.
De repente, a torre que ela tinha construído com o Tuca se estraçalhou no chão.
— Tuca! Você destruiu a torre! — disse ela, e desatou a chorar.
Quando o vovô Juca entrou no quarto, tinha pecinha de duplo por todo o lado, e Patrícia, sentada no
Chão, não parava de chorar.
Tuca parecia não entender o que estava acontecendo. Usava o cinto de ferramentas de brinquedo do Toninho, com um serrote, uma chave de fenda, e outras ferramentas. Ele segurava o martelo de plástico que tinha usado para derrubar a torre.
Vovô Juca entrou com cuidado para não pisar nas pecinhas e sentou-se na cama do Toninho.
— Tuca, você pode me contar o que aconteceu?
— Ia cair de qualquer jeito — explicou.
— Mas nós tínhamos acabado de construir a torre — disse Patrícia chorando.
— Ela não ia caber na caixa na hora de guardar. A gente ia ter que quebrá-la — continuou Tuca. — Foi por isso que eu derrubei a torre de uma vez.
— Entendo — disse o vovô Juca. — Concordo com você, Tuca. Vocês iam ter que guardar a torre uma hora ou outra. Mas, sabe, quando quiser desmontar algo, precisa lembrar uma coisa.
— O quê? — perguntou Tuca.
— Tem a hora certa de desmontar as coisas. Veja bem, você e Patrícia tinham acabado de construir a torre. Talvez ela quisesse brincar um pouco com ela antes de guardar. Você pensou nisso?
Tuca abanou a cabeça e olhou para o chão.
— Eu não quebrei por mal — disse.
— Eu sei, e não estou chateado com você — disse o vovô. — Você pode aprender com isso, como aprenderam Dentico e Briteco. ...
A empresa Maquininhas Ltda foi contratada para derrubar uma casa velha que não era mais segura para se morar, e depois construir uma casa nova. O velho Demolibol já estava trabalhando por algumas horas. Ele balançava com cuidado a sua grande bola de ferro e acertava as paredes derrubando tudo. Terminada a sua parte, Demolibol foi embora descansar.
Quando Demolibol foi embora, Dentico e Briteco apareceram e o sr. Supervisor explicou o que tinham que fazer.
— Alguns desses pedaços de entulho estão grandes demais para colocar nos caminhões. Preciso que vocês dois os quebrem em pedaços menores. Planador e Cargo logo vão chegar e levá-los para o aterro. Obrigado, rapazes.
— Deixe conosco — disse Dentico, e o sr. Supervisor foi embora.
Dentico usava seus dentes enormes para quebrar os pedaços de concreto, e Briteco furava os pedaços até eles partirem.
— Por que é que nós sempre temos que fazer esses trabalhinhos sem importância, Dentico? — perguntou Briteco. — Eu queria trabalhar de verdade.
— É, eu também — resmungou Dentico.
— Todos os outros podem trabalhar o tempo todo, e nós só ficamos parados, cansados de não fazer nada.
— Já sei. Quando terminarmos este trabalho, talvez possamos procurar outra coisa para derrubar.
— Boa ideia! Mas é melhor terminarmos logo isso aqui. Planador e Cargo já estão chegando.
Dava para ouvir o barulho da furadeira de Briteco e dos dentes do Dentico por toda a obra. Em pouco tempo tinham terminado tudo.
— Podem deixar com a gente agora — disse Cargo para os dois irmãos. — Obrigado pela ajuda.
— Podem deixar com a gente agora — sussurrou Dentico zombando. — Não gosto quando dizem isso. Todas as máquinas de construção pensam que são melhores que nós.
— Vamos mostrar para toda a Maquininhas Ltda que também somos úteis — sugeriu Dentico.
— É isso aí! Somos uma equipe que bota pra quebrar. E daí se não podemos construir.
Os dois irmãos começaram a andar pelo canteiro de obra procurando algo para derrubar.
— Que tal este murinho aqui? — perguntou Briteco a Dentico, apontando para um muro baixinho atrás da casa.
— Boa ideia — concordou Dentico. — Vamos mostrar para todos que somos tão bons quanto eles.
Com alguns furos aqui e ali, e esmagando um pouco, parte do muro caiu. Dentico e Briteco ficaram parados orgulhosos do trabalho que tinham feito.
— Minha nossa! — exclamou Escavinha. — Eu tinha acabado de tirar todo o entulho... Oh, não! O muro quebrou!
— Estamos trabalhando nesse muro. — Disse Dentico.
— Mas não era para quebrar esse muro! — disse Escavinha. — O sr. Supervisor me pediu para tirar todo o entulho de perto porque não era para ninguém quebrar o muro. Agora vamos ter que construir o muro de novo.
Dentico e Briteco olharam tristes para o chão.
— Está tudo bem? — perguntou o Demolibol, que viu o muro quebrado e entendeu o que havia acontecido.
— Pensamos que estávamos ajudando — explicou Briteco.
— Entendo — disse Demolibol. — Mas às vezes é melhor não fazer nada do que fazer a coisa errada. Vocês têm um trabalho específico para fazer, que é derrubar as coisas, como eu faço. Mas não podemos derrubar as coisas erradas, senão destruímos o trabalho dos outros.
— Desculpa. — disse Dentico.
— Eu fiz o mesmo quando era mais novo. — disse Demolibol. — Só que foi muito pior e levou muito mais tempo para consertar.
— Vocês dois são muito importantes. E mesmo se pensarem que não são tão úteis quanto as outras máquinas de construção, ainda assim são parte da equipe. Cada um tem um trabalho importante, inclusive vocês.
— Vamos nos lembrar dessa lição — disse Briteco. — E sentimos muito termos derrubado o muro, Escavinha.
— Tudo bem — disse Escavinha. — Podemos consertar.
— É melhor contarmos ao sr. Supervisor o que aconteceu. — disse Briteco. — Porque aí ele pode nos ajudar a consertar.
— Tenho certeza que ele vai entender — disse Demolibol.
Os dois irmãos foram explicar para o sr. Supervisor o que tinha acontecido. Ele foi compreensivo e ficou feliz por eles terem aprendido uma boa lição.
— Talvez eu possa arrumar mais alguma coisa para vocês fazerem. Assim vão se sentir mais úteis — disse o sr. Supervisor. — Sinto muito não ter arrumado mais coisas para vocês fazerem.
— Tudo bem — disse Dentico. — Adoraríamos ajudar em qualquer coisa que precisar.
— Patrícia, se quiser eu construo a torre para você — ofereceu Tuca. — Sinto muito ter deixado você triste.
— Tudo bem, eu te perdoo — disse ela. — Posso te ajudar a construí-la de novo. Eu gosto de construir torres!
— Vocês resolveram a situação muito bem — disse o vovô Juca. — Estou orgulhoso de vocês.
Tuca e Patrícia juntaram as peças de Duplo e reconstruíram a torre. Mas dessa vez ficou ainda maior e melhor.
Moral: Tem hora para construir e hora para derrubar. Se não tiver certeza do que é o certo a fazer na hora, pergunte aos seus pais ou professores.
Autoria de Katiuscia Giusti. Ilustrado por Agnes Lemaire. Colorido de Doug Calder. Design de Roy Evans.Apresentado por My Wonder Studio. Copyright © 2008 por Aurora Produções AG, Suíça. Todos os direitos reservados.