--Como está o ensaio da apresentação de Natal? – perguntou o Vovô Juca quando Toninho chegou em casa.
--A dona Clara está nos ensinando uma nova canção de Natal – disse Toninho. – Ela disse que eu vou poder cantar parte da música sozinho.
--Que legal!
--É, eu tenho a melhor voz – gabou-se Toninho. – Nenhuma outra criança canta tão bem quanto eu.
--É mesmo? – perguntou o avô, levantando uma sobrancelha.
--Mas é claro. Escute só.
Toninho começou a cantar a canção que dona Clara estava lhes ensinando.
--Muito bem – disse o Vovô Juca. – Você tem mesmo uma linda voz. Mas é melhor tomar cuidado quando começa a se gabar dos dons que Deus lhe deu. Pode magoar os outros ao se gabar, porque faz as pessoas acharem que não são tão boas quanto você.
--Mas, e se eu for mesmo melhor que os outros?
--Ainda assim deveria encorajar as pessoas, porque aí vai incentivá-las a fazer o melhor que puderem. Nem todos têm os mesmos talentos, mas cada pessoa tem algo muito especial para oferecer. Como na história do Natal das Maquininhas Ltda.
A empresa das Maquininhas Ltda foi convidada para trabalhar no cenário de um filme sobre o Natal. Todos estavam animados com o novo trabalho. Todas as máquinas tinham passado por uma manutenção, e algumas foram até pintadas para ficarem em ótimo estado.
--Estou dependendo de cada um de vocês para fazerem um trabalho excelente – disse o sr. Supervisor. Vocês são uma ótima equipe para se trabalhar, e preciso que cada um faça o melhor que pode. Divirtam-se e mãos à obra!
--Eu nunca imaginei que seria chamado para construir um cenário de filmagem – disse Escavito à Escavinha. – Nunca fiz nada assim.
--Nem eu – disse Escavinha – mas sabemos trabalhar bem juntos e formamos uma boa equipe. Acho que é por isso que nos chamaram para fazer esse trabalho. Então não se preocupe. É só fazer o seu trabalho como sempre fez, e vai dar tudo certo.
--Obrigado Escavinha – disse Escavito. – Foi você quem me ensinou a trabalhar. Gostei muito de aprender com você.
--O prazer foi todo meu.
Tudo correu bem nos primeiros dias, e fizeram muito progresso, mas logo começaram os problemas com algumas máquinas.
No intervalo do almoço, Guindaste estava de mau humor.
--Não consigo mais trabalhar com a Natasha – disse. – Ela é mandona e picuinha agora que ganhou uma pintura nova. E cada vez que vou colocar uma carga nela, fica reclamando dizendo que vou arranhar sua pintura nova. Acho melhor eu trabalhar sozinho.
--É, sei como é – disse Planador. – O Escavito fica o dia inteiro dizendo que sabe tudo sobre construção. Vou procurar outra coisa para fazer na obra para não ter que ficar perto dele.
Em outro canto da obra, Escavito dizia e Pinta Faixa e Rolo Compressor que achava que Cargo era muito preguiçoso.
Sem falar nos irmãos Betoneira – acrescentou Escavito. -- Nem sei por que estão trabalhando nessa obra.
--Estou esperando por vocês – disse Cargo de mau humor. Acham que estamos de férias? Preciso trabalhar. Podem vir logo?
E Cargo foi embora.
Cargo “Carrancudo” voltou – observou Escavito. – Não fizeram nenhum concerto nele como na gente, por isso está tão carrancudo.
--Mas é melhor a gente voltar a trabalhar, – sugeriu Rolo Compressor – se não ele vai ficar ainda mais chateado.
--Ora, não acho que a gente precise dele – retrucou Escavito. – Deixem-no reclamando o quanto quiser.
Naquela tarde, o sr. Supervisor veio ver como andavam as coisas na obra.
Algo não está bem – pensou.
Muitas das máquinas que havia mandado trabalhar em equipe, não estavam juntas. Outras pareciam muito infelizes. Todos estavam discutindo e o trabalho não estava sendo feito da maneira certa.
Isso não está bem, pensou. Algo tem que ser feito ou não terminaremos o trabalho a tempo!
--Olá, sr. Supervisor – disse uma voz animada. Era Escavinha.
--Olá Escavinha – respondeu o sr. Supervisor. – Fico feliz de ver que alguém está fazendo o que pedi. Você sabe o que está acontecendo?
--Não sei não. Eu estava ocupado trabalhando.
De repente, ouviram um estrondo muito alto. O sr. Supervisor e Escavinha se viraram para ver o que era.
--Olhe o que você me fez fazer! – gritou Guindaste.
Um enorme tubo de metal que Guindaste carregava tinha caído no chão. Felizmente não estava pendurado muito alto e não acertou em ninguém.
--Não me culpe pelo seu erro – respondeu Natasha berrando. – Esse tubo quase me acertou e imagine o estrago que isso teria feito na minha pintura nova.
Aquela foi a última gota para o sr. Supervisor.
--CALEM-SE TODOS! – disse pelo alto-falante.
Todos na obra ficaram quietos.
Não estou nada feliz com o que está acontecendo hoje – continuou. Estava andando pela obra e só ouvi discussões, brigas, máquinas se gabando e outras conversas horrorosas. Não é assim que se trabalha, é?
Ninguém disse nada.
--Posso dizer uma coisa? – perguntou Escavinha.
--Claro – respondeu o sr. Supervisor. – Escavinha era o único fazendo o seu trabalho como deveria, enquanto o resto de vocês discutiam.
— Oi, pessoal — disse Escavinha. — Essa manhã eu estava pensando no trabalho maravilhoso que temos para fazer aqui. Quero dizer, eu nunca imaginei que ajudaria a construir um cenário de filmagem. Mas o que é mais especial ainda é que vamos construir um cenário para um filme sobre o Natal. Isso é muito legal, se querem saber.
— Sabem, Jesus veio à Terra de um jeito muito simples — continuou Escavinha — Ele era o Rei de todo o universo, mas nasceu num estábulo pequenininho e fedorento.
— Mesmo sendo tão importante e especial, e com tudo o que podia fazer, Jesus não se gabou de quem era, ou do que podia fazer, mesmo tendo feito tantas coisas que ninguém mais sabia fazer. E se todos tentássemos ser assim -- mansos e humildes -- conseguiríamos fazer muito mais.
— Muito bem colocado — disse o sr. Supervisor. — Escavinha entendeu direitinho. Cada um de vocês foi feito para uma função específica, com certas habilidades, mas ainda assim precisam trabalhar juntos. Precisamos de cada um de vocês e é por isso que estão na equipe. Talvez possam pedir desculpas uns aos outros, e depois voltar a trabalhar juntos nas tarefas que receberam.
Depois que todos se desculparam, todas as máquinas de construção voltaram ao trabalho, dessa vez em união, trabalhando em equipe, e o resultado foi um cenário maravilhoso.
— Obrigado por nos lembrar do sentido do Natal, — disse Planador a Escavinha. — E que podemos nos amar e ajudar uns aos outros, como Jesus fazia.
Duas semanas depois, na apresentação de Natal da escola, Toninho subiu ao palco para cantar “O Menino do Tambor” com Pedro e Tuca. Os três cantaram muito bem a sua parte. Depois, as crianças da escola cantaram outras músicas e apresentaram um teatrinho. Todos adoraram a apresentação.
— Muito bem, Toninho! — disse o vovô Juca. — Você se apresentou muito bem.
— Obrigado. Eu contei aos outros a história que o senhor me contou. Trabalhamos em equipe e funcionou.
— É, funcionou mesmo — exclamou o vovô. — Foi uma linda apresentação de Natal. Estou muito orgulhoso de você.
— Feliz Natal, vovô! — disse Toninho, enquanto dava um abraço em seu avô.
— Feliz Natal para você também, Toninho!
Moral: O Natal é uma época de amar, de se importar com os outros e ajudá-los. Quando celebrar o Natal lembre-se de pensar nos outros mais do que em si mesmo. É isso que o fará mais feliz.
Autoria de Katiuscia Giusti. Ilustrado por Agnes Lemaire. Colorido por Doug Calder. Design de Roy Evans.Apresentado no My Wonder Studio. Copyright © 2008 por Aurora Production AG, Suíça. Todos os Direitos Reservados.