O café da manhã estava servido. Toninho comeu suas torradas com ovo frito e tomou um copo de leite. Ele tinha um grande dia pela frente. Hoje era o dia em que o guarda florestal levava as crianças e professores da escola de Toninho para fazer uma trilha numa floresta ali perto. Acontecia uma vez por mês, e ele ensinava coisas sobre a floresta, os animais que habitavam nela e também dicas de sobrevivência.
— Pronto para uma boa caminhada? — perguntou o vovô sentando-se à mesa do café.
Toninho fez que sim com a cabeça.
— O guarda florestal vai nos ensinar sobre os peixes de água doce. Talvez também nos ensine a pescar.
— Vai ser divertido! — disse o vovô — O que mais ele ensina a vocês?
— Ele às vezes divide as crianças em equipes e brincamos sobre as coisas que aprendemos com ele. Não gosto desses jogos, porque geralmente fico num time ruim e perdemos.
— Sei como pode ser frustrante, mas às vezes é preciso trabalhar em equipe ajudando-se uns aos outros.
— Mas como se faz isso? — Toninho perguntou.
— Veja bem, isso me faz lembrar de uma história. Posso contá-la a você a caminho da escola.
A corrida de revezamento beneficente da empresa Maquininhas Ltda acontecia cada ano para arrecadar fundos para um projeto que a empresa patrocinava. Todas as máquinas de construção participavam.
Quase todo mundo da cidade vinha assistir ao evento. O sr. Supervisor sempre dedicava uma boa dose de tempo e atenção para garantir que fosse emocionante e divertido para todos. Tinha apresentações e muita comida e bebida. Mas o ponto alto era sempre a corrida de revezamento.
As máquinas de construção passavam a semana antes da corrida regulando seus motores e consertando qualquer coisa que não funcionasse bem. Na véspera da corrida, lavavam-se bem e abasteciam os tanques com combustível.
Havia quatro equipes com três máquinas em cada.
— Boa tarde, pessoal. Podem me dar sua atenção, por favor? — disse o sr. Supervisor.
A multidão ficou quieta.
— A corrida da Maratona da Caridade vai começar em meia hora — disse o sr. Supervisor. — Mas antes quero lhes apresentar as quatro equipes que estarão competindo na corrida de hoje.
A multidão aplaudiu e deu vivas.
— Equipe “A”: — continuou o sr. Supervisor. — Temos Cimento Bomba, Betoneira e Cargo.
A multidão voltou a aplaudir.
— Equipe “B”: Pinta Faixa, Rolo Compressor e Guindaste.
Mais aplausos da multidão.
— Equipe “C”: Briteco, Dentico e Natasha Despacha.
Mais aplausos.
E por último, equipe “D”, com Demolibol, Escavinha e Escavito.
Mais uma vez a multidão recebeu a equipe com alegria.
— Eles aplaudiram mais para a equipe “A” do que para nós — resmungou Natasha.
— Nós vamos perder.
— Não diga isso — respondeu o Briteco. — Você só tem que tentar correr mais e fazer a sua parte.
— Ora, sinto muito se não sou tão rápida quanto vocês — Natasha disse.
— Pare de reclamar, Natasha, e esquente logo o seu motor — disse Dentico meio zangado.
Natasha saiu roncando o motor e resmungando.
Enquanto isso, Cimento Bomba, Betoneira e Cargo estavam num canto cochichando sobre os seus planos para vencer.
— Se alguém entrar na frente a gente dá um empurrão — disse Betoneira. — Nós somos fortes! Podemos vencer!
— É! — Concordaram Cargo e Cimento Bomba e começaram a gritar juntos. — Já ganhei! Já ganhei!
— Como estou? — perguntou Pinta Faixa se arrumando ao lado de Guindaste e Rolo Compressor.
— Que diferença faz? — perguntou Guindaste. — Estamos numa corrida. Não importa se você está bonita. Você só tem que correr o mais rápido que puder.
— Para mim importa sim! — respondeu Pinta Faixa zangada, e depois saiu toda nervosa.
Demolibol, Escavinha e Escavito também se preparavam para a corrida.
— Vocês só precisam fazer o seu melhor. — Demolibol disse para Escavito e Escavinha. — Não importa quem vence ou perde. O importante é que vamos nos divertir, não é?
— É isso aí. — responderam Escavito e Escavinha. — Acho que não consigo correr muito rápido — disse Escavinha.
— Não se preocupe — respondeu Escavito. — Já vi como você pega velocidade, suas rodas são novas e rápidas. Só não se esqueça de se divertir. Na verdade, é isso que importa.
A equipe “D” estava pronta e ansiosa para começar a corrida, mas as outras equipes estavam com problemas. Natasha estava chorando, Betoneira e Briteco estavam discutindo sobre quem ia ganhar e Rolo Compressor estava zangado com Guindaste porque tinha feito Pinta Faixa chorar.
— O que está acontecendo por aqui? — exclamou o sr. Supervisor. — A corrida vai começar em dez minutos e vocês estão todos brigando. Demolibol, você pode ajudar a resolver o problema?
— Com certeza, sr. Supervisor!
— Obrigado, eu sabia que podia contar com você. — disse o sr. Supervisor e foi então ver se estava tudo pronto para a corrida.
— Não sei se quero correr hoje. — disse Guindaste. Especialmente na mesma equipe que Pinta Faixa.
E logo começaram a discutir de novo, numa briga sobre diferentes coisas.
— Silêncio, todos vocês. — disse Demolibol bem alto. — A corrida vai começar em cinco minutos, as pessoas esperaram a tarde toda por isso. Temos que lembrar que todos temos o mesmo objetivo. Com o dinheiro que angariarmos esse ano vamos poder construir um novo parquinho para a escola. Não podemos ficar brigando e discutindo. Somos todos uma equipe. Precisamos trabalhar juntos. Não faz
diferença quem ganha a corrida. Vamos só nos divertir!
— Tem razão. — disse Dentico — Eu quero participar desta corrida e estou feliz com a minha equipe. Mesmo se a gente não vencer, ainda podemos nos divertir.
As outras máquinas concordaram e pediram perdão umas às outras.
— Maquininhas Ltda, aos seus lugares, — anunciou o sr. Supervisor no alto-falante. — A corrida vai começar.
Cada equipe foi para o seu lugar, pronta para o sinal de partida do sr. Supervisor.
— Um, dois, três e... JÁ!
E começou a corrida.
A multidão deu vivas. Cada equipe torcia por seus membros. O sr. Supervisor dava vivas.
Na última volta, os últimos participantes de cada equipe, Escavinha, Rolo Compressor, Guindaste e Cimento Bomba, correram o mais rápido que conseguiram para completar o percurso.
— Vamos lá! — gritava a multidão.
Os corredores já conseguiam ver a linha de chegada. A multidão gritou mais alto.
— Você consegue, Escavinha! — gritou Demolibol. Escavinha acelerou e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, os outros três vieram logo atrás.
— Muito bem, Maquininhas Ltda — exclamou o sr. Supervisor.
A multidão aplaudia.
— Eu me diverti tanto! — disse Guindaste. — Que bom que não fiquei de fora nessa corrida. Mesmo que a nossa equipe não tenha ganhado, eu me diverti muito.
Todos concordaram com ele.
— Isso merece uma comemoração! — anunciou o sr. Supervisor. — Foi a melhor corrida que já fizemos. Obrigado por sua ajuda e participação.
Naquela noite, sentado à mesa de jantar, Toninho contou todo feliz as aventuras daquele dia para os seus pais e o vovô Juca.
— Tinha três equipes: Trilha das Trutas, Rio das Piabas e Riacho das Traíras. O guarda florestal é tão engraçado, deu nome de peixes às nossas equipes. A minha equipe era o Riacho das Traíras.
— Puxa, parece que você se divertiu muito! — disse o vovô.
— Eu me diverti mesmo. Contei a história que o senhor me contou de manhã para alguns de meus amigos. — disse Toninho. — Eles gostaram muito. Conseguimos trabalhar mesmo em equipe. A gente também aprendeu muito sobre peixes e rios, e fizemos algumas brincadeiras. Minha equipe não ganhou todos os jogos, mas ganhamos alguns, e eu me diverti muito.
Moral: Aprenda a trabalhar em equipe e descobrirá que vai se divertir muito!
Autoria de Katiuscia Giusti. Ilustrado por Agnes Lemaire. Colorido por Doug Calder. Design de Roy Evans.Apresentado no My Wonder Studio. Copyright © 2008 por Aurora Produções AG, Suíça. Todos os direitos reservados.